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A conta de eletricidade vai subir a partir de Outubro. Os custos no fornecimento e outros fatores impõem este agravamento. Se tem um contrato no mercado regulado, esteja atento e descubra os motivos da subida.
Em comunicado da Entidade Reguladora dos Serviços Energético (ERSE), ficamos a saber que o preço da tarifa energética do mercado será atualizado a partir de 1 de outubro de 2021, em 5 euros por MWh. Mas importa perceber o que isto implica e os motivos pelos quais acontece. Explicamos tudo nas cinco respostas a seguir.
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1. Porque vai aumentar?
O motivo é explicado pela ERSE como consequência direta do aumento dos preços de energia no Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL). Ou seja, a subida a aplicar em outubro refletirá o custo de aquisição de energia no mercado grossista. Não sendo a única, esta é uma das principais componentes a pesar no custo da fatura que é paga pelo consumidor final – nomeadamente no mercado regulado.
Segundo a explicação, esta subida corresponde portanto a um mecanismo regulamentado para minimizar desequilíbrios acentuados com o mercado liberalizado.
De acordo com o comunicado, sempre que se verificar um “desvio do custo de aquisição de energia igual ou superior a 10 EUR/MWh, face à evolução trimestral estimada pela ERSE, a tarifa de Energia deve ser revista num valor fixo de 5 EUR/MWh, no mesmo sentido do desvio”. Foi exatamente o que aconteceu agora.
A subida continuada dos preços da energia elétrica no MIBEL deriva do nível de preço do gás natural para as centrais a ciclo combinado a gás natural e da elevada cotação das licenças de dióxido de carbono (CO2). De acordo com a ERSE, “a estimativa atualizada para o ano de 2021 aponta para um custo de aquisição de 73,24 EUR/MWh, o que corresponde a um desvio de 21,21 EUR/MWh, mais 41% que o valor refletido nas tarifas em vigor”.
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2. Quanto vai custar?
Quem tem um contrato de fornecimento de eletricidade no mercado regulado (ver Qual diferença entre mercado regulado e mercado liberalizado) sentirá um aumento de cerca de 3% face aos valores atuais com IVA.
No simulador de preços da ERSE, pode confirmar o impacte desta alteração por perfil de consumo. Ou seja, a partir de Outubro:
- Um casal sem filhos - com uma potência 3,45 kVA e consumo 1900 kWh/ano - passará a pagar 38,17 € mensais. Mais 1,05 €;
- Um casal com dois filhos – com potência 6,9 kVA e consumo 5000 kWh/ano – passará a pagar 95,47 € mensais. Mais 2,86 €
Em termos globais, e no final do ano, a ERSE estima que com a evolução acumulada anual dos preços entre 2021 e 2020 atinja cerca de 1,6%.
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3. Quem vai afetar?
De modo mais imediato, o resultado vai afetar os clientes finais do mercado regulado em Portugal continental e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Ou seja, cerca 933 mil clientes (identificados em junho de 2021), 5% do consumo nacional.
Isto significa que esta medida, a aplicar até ao final deste ano, deixará de fora todas as restantes tarifas. Pelo menos por enquanto. É que muito em breve todos os comercializadores do mercado irão sentir necessidade de acomodar as subidas de custo no fornecimento nos seus rácios de negócio e portanto fazê-las refletir no preço final dos consumidores.
Tudo dependerá de como conseguirem gerir a sua oferta e recursos face às alterações de contexto.
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4. O que acontece aos restantes contratos do mercado liberalizado?
Representa a maior fatia da comercialização de eletricidade, acima de 90% do universo total de consumidores. Atendendo a que os seus operadores têm maior liberdade de gerir o negócio em conformidade com objetivos de mercado e sua conquista, podem também demorar mais tempo em fazer refletir esta tendência.
Mesmo assim, a subida dos preços de custo da eletricidade parece ser incontornável. Pelo menos num contexto onde a recuperação económica impõe uma subida na procura que é acompanhada tanto pela queda do fornecimento de fontes renováveis como pela subida nos custos do gás natural e das licenças de emissão de CO2. Ambos penalizadores.
Como se chega ao preço da eletricidade?
Através da combinação de fatores como os custos de fornecimento; a margem de lucro de cada comercializador; a potência contratada; as tarifas de acesso às redes (definidas pela ERSE e aplicadas de igual modo nos mercados regulado e liberalizado) e as taxas e impostos determinados pelo Estado.
5. Qual a diferença entre mercado regulado e mercado liberalizado?
A principal diferença entre estas duas realidades de mercado é que o universo regulado apresenta as suas condições, oferta e tarifário exclusivamente ao abrigo das determinações da ERSE.
Trata-se de um espaço com menor diversidade de alternativas e portanto menor margem de escolha para o consumidor. Mesmo assim, permite-lhe que se mantenha mais protegido de surpresas contratuais que mercado livre muitas vezes envolve.
Já o mercado liberalizado disponível desde 2006, por permitir várias alternativas, é mais competitivo e oferece sempre maior margem de decisão ao consumidor que, se insatisfeito, pode sempre mudar de fornecedor.
Lembre-se que mesmo estando no mercado liberalizado pode optar pelo tarifário do mercado regulado, caso isso lhe traga vantagem. O conselho do Saldo Positivo é que esteja atento e recorra aos mecanismos que lhe permitem comparar preços e oferta com vista a encontrar a melhor resposta às suas necessidades e perfil de consumo.
Visite o simulador de ERSE para se manter atualizado sobre a melhor oferta de mercado.
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