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Literacia Financeira precisa-se para uma economia sustentável

Casa e Família

É a melhor via para assegurar finanças saudáveis. A literacia financeira deve ser uma aposta cada vez mais precoce. 09-11-2022

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

A literacia financeira é cada vez mais considerada disciplina fundamental nos programas educativos de crianças e jovens. A sua importância ganha dimensão quando olhamos para indicadores recentes que apontam agudas deficiências no conhecimento financeiro da população adulta nacional.

De acordo com o ranking do Banco Central Europeu (BCE), apurado em 2020, os portugueses ocupam a ultima posição no nível de conhecimento quando comparados com os resultados  obtidos junto dos restantes 18 países da zona euro. 
Isto significa que o problema é grave. Daí que os especialistas apontem o caminho para uma  estratégia concertada que envolva escolas, reguladores e todos os agentes do sistema bancário, financeiro e da Economia em geral.

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Hoje em dia porém, o conceito de literacia financeira inclui um conjunto de fatores importantes que a influenciam e podem perturbar. Gerir bem o dinheiro passa por gerir opções de consumo e isso interfere diretamente com mundo digital e bancário mas não só, o Ambiente é também fator crítico de sustentabilidade. Mais uma vez, não só a ambiental mas também a financeira.  

Teste PISA para a literacia financeira
De acordo com a avaliação em literacia financeira do Programme for International Student Assessment (PISA) publicado em 2020 e que apurou o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, Portugal está um pouco acima da média europeia. Resultados ainda assim com grande margem de melhoria. 

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Semana da Educação financeira onde todos contam

É justamente para corrigir este cenário que a Semana da Formação Financeira (SFF) agrega um conjunto de ações – nomeadamente o Concurso Todos Contam que premeia escolas e professores pelo seu esforço na dinamização da literacia financeira junto de alunos e comunidade escolar.  

A SFF integra o Plano Nacional de Formação Financeira (PNFF), em curso há 11 anos. É levada a cabo todos os anos em Outubro, por supervisores financeiros (Banco de Portugal; Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e pelos parceiros do PNFF com o objetivo de sensibilizar a população para a importância da formação financeira.

Concurso Todos Contam premeia escolas e professores

Os prémios foram anunciados na sessão solene da SFF, a 25 de outubro, e destacaram o trabalho de escolas e professores no âmbito da formação financeira. Os prémios incluem ainda uma categoria de Continuidade e o Prémio Professor, distinções de que pode consultar a lista de vencedores aqui.

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O investimento em educação financeira traz retorno no futuro 

No âmbito da avaliação de políticas que contribuem para melhorar indicadores de literacia financeira (nomeadamente junto dos mais jovens), surge o trabalho desenvolvido pela Fundação Cupertino de Miranda.

O ultimo estudo de impacto social ao seu projeto No Poupar é que Está o Ganho, iniciativa a funcionar desde 2010 e alinhada com o Referencial de Educação Financeira (REF) aponta para resultados muito positivos.

Na amostragem, apurada para representar um total de 17 mil alunos, entre os 3º e 6º ano de escolaridade, participantes no projeto No Poupar é que Está o Ganho entre 2017 e 2020, cerca de 23% conseguiu registar melhorias no aproveitamento em matemática e, pelo menos 2/3 da amostra revelou incremento significativo nas competências próprias de literacia financeira. 

Resultados consistentes com outras iniciativas. Por exemplo, num estudo levado a cabo pelo Massachusetts Donahue Institute da universidade de Massachusetts nos Estados Unidos , verificou-se que as crianças que acederam aos conteúdos do curso digital FutureSmart, iniciativa pedagógica de literacia financeira patrocinado pela Fundação MassMutual, conseguiam incremento significativo no seu conhecimento financeiro e portanto nas suas competências para decidir melhor sobre o dinheiro.

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Da literacia financeira à literacia para o consumo e para o digital

Indiscutível que é apostar na sensibilização e na educação, há que avaliar se o atual REF pode já carecer de algum esforço de atualização, dez anos após o seu lançamento. O tema foi abordado no primeiro painel da sessão solene da REF.

De acordo com o diretor-geral de Educação, José Pedroso, aquele referencial “deve ter esta capacidade de se atualizar - com atenção aos novos canais da banca”. Mas não só. A educação financeira deve integrar um conjunto de outras temáticas.

A sustentabilidade da Economia, a que aludiu o presidente do Banco de Portugal Mário Centeno no encerramento daquele encontro, quando concordou que a “literacia financeira é uma competência essencial para alcançar uma plena cidadania financeira", deve incluir agora uma agenda mais transversal e holística.

A palavra foi usada pela presidente da Comissão de Coordenação do Plano Nacional de Formação Financeira, Lúcia Leitão, moderadora do debate de abertura e representante do Banco de Portugal que confrontou os restantes participantes do painel  Revisão do Referencial de Educação Financeira com a necessidade desta atualização.

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A resposta foi unanime. O mundo financeiro está em mudança e enfrenta desafios enormes na área da digitalização, e o mesmo acontece com as opções de consumo que cada vez mais se cruzam e confrontam com a urgência da agenda ambiental.

O caminho passa por partilhar com o cidadãos e com as famílias, informação critica para o pleno exercício da sua cidadania. E para isso, há que falar de literacia financeira não apenas como veículo de responsabilidade na gestão pessoal mas como exercício de responsabilidade pessoal no mundo.  

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O trabalho levado a cabo pela CGD

Lançado em 2008, o portal editorial Saldo Positivo foi pioneiro na divulgação e esclarecimento sobre finanças pessoais. Com o objetivo inicial de combater o excessivo endividamento das famílias, à época em níveis muito altos, o projeto rapidamente evoluiu com o contexto.

Hoje, num contexto de digitalização acelerada, com a agenda ambiental a apontar para o risco de escassez nos recursos energéticos e alimentares, pessoas e empresas são cada vez mais chamadas a um exercício de responsabilidade e de cidadania que apenas se torna efetivo com informação e esclarecimento. É com esta perspetiva didática que o Saldo Positivo passou a assumir uma abordagem mais integrada e transversal - quer nos temas, quer nos segmentos da população a atingir.

Mais recentemente, com o lançamento de uma secção para crianças até aos 10 anos, Os Contos do Sebastião

Saiba mais detalhes sobre como decorreu a Semana da Educação Financeira aqui.

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