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A literacia financeira dos portugueses está em último lugar, entre os 19 países da zona euro, segundo o ranking do Banco Central Europeu (BCE), de 2020.
Para realizar este estudo foram colocadas cinco questões sobre temas como a diversificação do risco; inflação; aritmética e juros compostos. Apenas 25% dos portugueses responderam corretamente a, pelo menos, três destas perguntas, em comparação com 65% dos alemães e holandeses, que ficaram em primeiro lugar do ranking.
Mas será que estamos a conseguir melhorar os nossos conhecimentos? Será que entendemos os produtos financeiros e estamos preparados para tomar decisões eficazes na gestão do nosso dinheiro? Apesar de a literacia financeira dos portugueses ainda deixar muito a desejar, há indicadores positivos que mostram uma tendência para que a situação se comece a inverter.
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Boas atitudes para piores conhecimentos financeiros
Esta conclusão foi, por sua vez, confirmada pelo 3.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, realizado pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, em 2020.
Além do exercício de medição dos níveis de literacia financeira da população portuguesa, o inquérito estabelece uma comparação com os resultados de diferentes países. Na comparação internacional, os portugueses obtiveram o 7.º lugar no indicador global de literacia financeira, entre os 26 países que participaram no estudo.
No que diz respeito aos indicadores de atitudes e comportamentos financeiros, assim como aos de resiliência financeira, o País está acima da média. Muito por causa da pouca tendência para compras por impulso e para comportamentos associados a situações de incumprimento, revelada pelos entrevistados portugueses.
Já no indicador de conhecimentos financeiros, que tem por base o número de respostas corretas a várias questões, Portugal apresenta resultados menos favoráveis. Aliás, como no estudo levado a cabo pelo BCE.
As respostas dadas pelos portugueses neste 3.º Inquérito à Literacia Financeira colocam o país em 17.º lugar, com valores abaixo da média dos países participantes. Também no indicador de bem-estar financeiro, em que ocupa a 16.º posição, os resultados foram menos positivos.
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Portugueses planeiam orçamento familiar
De acordo com o 3.º Inquérito à Literacia Financeira, a maioria dos entrevistados (80,8%) têm comportamentos que denotam preocupação com o planeamento do orçamento familiar. Tomar nota das despesas é habitual para 40,4% dos portugueses e 40,2% não abdica de fazer um plano para gerir o rendimento e as despesas.
Há ainda 35,6% que tomam nota das contas que terão de pagar e 31,2% que separam o dinheiro para pagar contas, do dinheiro para gastos do dia-a-dia. A app do banco ou outras ferramentas de gestão de finanças pessoais para ajudar a controlar despesas são utilizadas por 13,6% dos inquiridos.
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Dois terços diz ter poupado no último ano
No que diz respeito a hábitos de poupança, 65% dos portugueses referem ter poupado, ao longo do último ano. O produto de poupança preferido continua a ser os depósitos a prazo, nos quais um terço dos entrevistados afirma ter aplicado o seu dinheiro.
No entanto, tem havido um aumento dos que investem em ações, obrigações e fundos de investimento (9,4% em 2020, contra 3,9% em 2015). Alguns entrevistados (1%) afirmam ainda ter investido em criptoativos (como moedas virtuais ou criptomoedas).
Ainda assim, mais de metade dos inquiridos (58,5%) deixou o dinheiro na conta de depósito à ordem e 15,6% guardou-o em casa ou na carteira.
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Questionados sobre o modo como vão financiar a reforma, a esmagadora maioria (84,5%) diz que o vai fazer através dos descontos para a segurança social ou outro regime contributivo obrigatório. Quase 24% dos participantes respondeu que vai utilizar o dinheiro que poupa, 17,6% indica que vai continuar a trabalhar e apenas 15,2% irá recorrer a um plano de poupança reforma.
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Maior literacia financeira entre quem tem mais escolaridade
Os homens, as pessoas com idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos, os trabalhadores, os que terminaram o ensino secundário ou superior, e os que vivem em agregados familiares com rendimento líquido mensal superior a mil euros. Segundo o inquérito do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, são estes os portugueses com nível mais elevado de literacia financeira.
Os portugueses com menores níveis de literacia financeira, por sua vez, são os mais idosos (com 70 anos ou mais), sem instrução ou com o 1.º ciclo do ensino básico, e com rendimentos abaixo dos 500 euros líquidos por mês.
Literacia financeira é essencial desde a infância
Tomar decisões financeiras corretas é essencial para poupar, evitar encargos excessivos, planear a reforma ou para proteção contra burlas e práticas abusivas, entre outros. Aumentar a literacia financeira da população é fundamental e deve começar logo no ensino pré-escolar. Para ajudar professores e educadores, o Ministério da Educação, em parceria com o Conselho Nacional de Supervisores, criou o Referencial de Educação Financeira.
O documento estabelece as aprendizagens essenciais no âmbito da Educação Financeira para o Pré-Escolar, o Ensino Básico, o Ensino Secundário e a Educação e Formação de Adultos. Saiba mais sobre o tema neste artigo do Saldo Positivo.
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