Inflação

Sabe qual o impacte da inflação na sua vida financeira?

O Banco e Eu

Tem verdadeira noção dos efeitos da oscilação de preços nas finanças da sua família? Não se trata apenas de pagar mais caro. 25-01-2021

O impacte da inflação não se reflete apenas nos preços que sobem. Saiba como afeta os seus rendimentos e as suas poupanças.

O impacte da inflação na sua vida quotidiana não acontece apenas quando vai ao supermercado e traz menos compras pelo mesmo dinheiro. Ou quando percebe que o aumento salarial, afinal, não permite poupar tanto quanto pensava. A inflação influencia não só a forma como consome, mas também as suas poupanças e investimentos.

Todos sabemos que os preços sobem, mas para que se fale em inflação, não basta que aumente o preço da gasolina ou do pão. É necessário que essa subida seja generalizada e que, na prática, o mesmo valor permita comprar menos.

Tome Nota:

O valor da inflação é importante para avaliar o poder de compra das famílias e, por isso, a inflação é medida com base no preço dos produtos que estas consomem.

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Nesta avaliação nem todos os bens têm o mesmo peso, sendo dado mais valor àqueles em que se gasta mais. Além disso, e como nem todas as pessoas têm os mesmos hábitos de consumo, tem de ser feito um cálculo com base na média das despesas de todas as famílias.

Para medir a inflação são tidos em conta não só bens que se consomem diariamente, como produtos alimentares ou gasolina, mas também artigos duradouros, como vestuário, eletrodomésticos e até serviços, como seguros ou cabeleireiros.

Estes bens e serviços fazem parte de um cabaz cujo preço total é determinado num determinado período. Mais tarde (noutro período de tempo), somam-se novamente os preços dos mesmos produtos e serviços. A diferença entre os dois valores apurados, em termos percentuais representa a taxa de inflação.

 

A inflação na Zona Euro

Já ouviu falar do IHPC? O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor mede a inflação na Zona do Euro. Todos os países seguem a mesma metodologia de cálculo, o que permite a comparação entre países. Todos os meses são recolhidos cerca de 1,8 milhões de preços em 1 600 localidades e em mais de 200 mil estabelecimentos (incluindo online). 

Em cada país, os cálculos são feitos pelo respetivo instituto nacional de estatística e enviados para  Eurostat, que faz as contas finais para calcular o IHPC para a área do euro. 

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O impacte da inflação nas suas poupanças

A inflação começa por influenciar a forma como poupa. Desde logo, influencia o montante de dinheiro que consegue poupar. Se a inflação está alta, as despesas das famílias são maiores e sobra menos margem para poupar.

Da mesma maneira, a inflação faz variar a margem de rendimento que pode tirar de determinado montante aplicado em poupança.

Ou seja, níveis de inflação mais altos desvalorizam o ganho esperado com determinada aplicação. Se este fenómeno acumular com o pagamento de taxas de juro baixas, a depreciação é ainda maior. O montante de dinheiro que aplica não só não cresce (porque não oferece rendibilidade) como acaba por perder muito valor face ao que pode comprar com ele, antes e depois de ter realizado a sua aplicação. Este fenómeno ocorre com poupanças aplicadas exclusivamente em depósitos com baixas taxas de rendibilidade.

Hoje vivemos um fenómeno semelhante. Embora a taxa de inflação se mantenha em níveis controlados, as taxas de juro pagas pelos bancos nos depósitos a prazo conseguem ser ainda mais curtas. Resultado o retorno do seu investimento é substancialmente depreciado.

Conclusão, sempre que as taxas de juro não conseguem acompanhar as taxas de inflação - e isso pode ocorrer com fenómenos de subida descontrolada de preços -, o que vier a ganhar com a sua poupança dilui-se facilmente. O ganho da sua poupança desvaloriza-se porque não lhe permite consumir tanto como no momento em que aforrou o dinheiro. Preços mais altos, desvalorizam o dinheiro.  

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Cuidados a ter

Se não quiser que o impacte da inflação nas suas poupanças seja muito significativo, deve selecionar produtos com uma remuneração superior aos valores da inflação. No entanto, tenha em conta a duração da aplicação.

Isto é, num depósito a prazo a um ano, deve ter em conta não apenas a inflação atual, mas também a que está prevista para os próximos 12 meses. Mesmo sendo impossível de calcular o valor exato, consegue identificar a tendência. No site do INE, por exemplo, encontra estatísticas e dados que podem ajudar a tomar uma decisão.

Importante é que as suas poupanças cresçam, pelo menos, ao ritmo da inflação. Por exemplo, se aplicar mil euros numa poupança a 12 meses com uma taxa de juro de 1%, mas a inflação for de 2%, apesar de ficar mais dinheiro na conta (cerca de 1.010€), este ganho não é suficiente para compensar a inflação. Ou seja, para evitar perder poder de compra, teria de conseguir ter, ao fim de um ano, cerca de 1 020€.

Além disso - e muito importante - deve sempre seguir a cautela básica de diversificar as poupanças e os investimentos que faz. A velha máxima de “não colocar todos os ovos no mesmo cesto” é bastante comum quando se fala de poupança e aplica-se na perfeição neste caso. 

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A importância de uma inflação baixa

Uma das funções do Banco Central Europeu (BCE) é manter a inflação controlada, ou seja, que a médio prazo esta não ultrapasse os dois por cento. Esta meta é importante porque, se uma inflação alta reduz o dinheiro que pessoas e empresas têm disponível, a deflação (uma descida generalizada dos preços) retrai o investimento e por consequência (por via de fenómenos como o desemprego), o consumo.

Além disso, a inflação alta não causa só instabilidade económica, como também poderá causar tensões sociais e políticas.

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Inflação e taxas de juro

As taxas de juro altas são ótimas para quem tem o dinheiro aplicado em poupanças, mas não são boas para a economia.

Por um lado, o incentivo à poupança retrai o consumo. Por outro, dificulta que empresas e privados possam recorrer ao crédito, ou que o próprio Estado consiga financiar-se nas melhores condições.

Tudo isto vai reduzir o investimento e tem consequências em diversas áreas, da habitação às obras públicas, do setor automóvel ao turismo.

Se, por outro lado, a inflação estiver estável, o risco na concessão de empréstimos é menor. Logo, o prémio de risco de inflação aplicado pelos credores é menor ou inexistente, o que significa que vai pagar menos pelo crédito. Ou seja, o valor que paga pelos seus empréstimos penalizam menos o orçamento.

O impacte da inflação na economia é, portanto, bastante maior do que se poderia pensar.

 

O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?

Aforrar e ganhar podem não ser conceitos que se correspondam. Isto é, há que ter um cuidado prévio de escolher a poupança adequada para o seu perfil e objetivos. A Caixa pode ajudar a consegui-lo.  

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A influência da inflação no aumento de rendimentos

Já terá certamente ouvido falar de aumentos salariais ou de pensões acima ou abaixo da taxa de inflação e percebido que esses aumentos geram, geralmente, bastante discussão.

Tal acontece porque, se o aumento for inferior à taxa de inflação, na prática não estará a ganhar mais. Por exemplo, se tiver um aumento de 1% e a taxa de inflação for de 1,5%, isso significa que, apesar do seu salário ter aumentado, os preços aumentaram mais.

Assim, e para ganhar poder de compra, o aumento terá de ser superior ao valor da inflação. Se os preços de produtos e serviços forem atualizados de acordo com a taxa de inflação e os seus rendimentos não aumentarem na mesma proporção, na prática vai ter mais despesas sem que a receita tenha aumentado do mesmo modo. O que significa menos dinheiro no seu bolso.

 

Tome Nota:

O impacte da inflação mede-se também em aumentos de produtos e serviços que usam a taxa de inflação como referência. Por exemplo, o preço das portagens atualizações de pensões, salários ou as rendas das casas.

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Inflação e fiscalidade

Há ainda a questão dos impostos. Por exemplo, se os escalões do IRS forem atualizados de acordo com a inflação e se tiver um aumento salarial acima deste valor, pode subir de escalão e passar a pagar mais imposto. E apesar de nunca ficar a ganhar menos do que no escalão anterior, o aumento real pode não ser tão grande quanto esperava. Ou seja, o que ganha a mais acaba mitigado pelas obrigações fiscais.

Quando negociar um aumento salarial ou ponderar uma mudança de emprego, deve por isso ter em conta o valor da inflação, não só a atual, como a prevista.

 

Tome Nota:

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