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Um fundo de investimento é um produto financeiro coletivo onde o capital de diferentes investidores (pessoas ou empresas) é investido de forma conjunta numa área específica.
A gestão destes fundos é feita por profissionais que aplicam (compram e vendem) esse capital em diversas classes de ativos, como obrigações e ações, e em diferentes setores, moedas ou até mesmo geografias.
Como funcionam os fundos de investimento
Cada fundo tem a sua política específica (conjunto de critérios) que determina quando, quanto e onde os ativos são investidos assim como a diversificação da carteira. A política de investimento está definida na informação prévia do fundo.
Os investidores compram unidades de participação e tornam-se proprietários proporcionais dos ativos que compõem esse fundo.
Nos fundos de investimento, não existe garantia de rentabilidade e as rentabilidades passadas não são garantia de rentabilidades futuras. Por isso, o melhor é mesmo perceber como funciona este tipo de investimento.
Na prática, os investidores são detentores dos ativos do fundo e titulares de quotas-partes iguais, unidades de participação, com as mesmas características mas sem valor nominal.
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Fundos de investimento: colocar os ovos em várias cestas
A diversificação da carteira permitida pelos fundos é um aspeto importante a ter em conta. Ao distribuírem o investimento por diversos ativos, o risco para os investidores acaba por ser mais reduzido.
Como investidor privado, às vezes é difícil entrar em certos mercados ou setores de atividade. Uma questão ultrapassada através da participação num fundo. Por outro lado, os custos de transação são, regra geral, inferiores em comparação com o que o investidor teria de pagar para replicar a carteira desse fundo - mais um ponto positivo.
Tome Nota:
As sociedades gestoras e os fundos de investimento estão sujeitos à supervisão do Banco de Portugal e da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários - CMVM
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Lembre-se que qualquer opção de investimento passa por uma passo básico e essencial que é identificar o seu perfil de investidor. Antes de investir, identifique o seu e tente encontrar soluções à medida. Tente ainda simular antes de contratar.
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Os diferentes tipos de fundos
Existem no mercado diversas categorias de fundos de investimento que se distinguem pelo tipo de ativos que compõem a respetiva carteira. Neste artigo, focamo-nos apenas nos que são referenciados pelo Banco de Portugal e pela CMVM.
Tome Nota:
O capital de um fundo de investimento divide-se em pequenas parcelas, com características iguais, que têm o nome de unidades de participação (UP). É através da subscrição (compra) e do resgate (venda) destas unidades de participação que se investe num fundo de investimento.
Os fundos de investimento imobiliários (FII) investem, sobretudo, em bens imóveis, como escritórios ou propriedades industriais.
Já os fundos de investimento mobiliário (FIM) investem, maioritariamente, em ações, obrigações e outros ativos. Dividem-se em cinco categorias principais:
Fundos de tesouraria
São fundos que investem pelo menos 35% da sua carteira em ativos com baixo risco e elevada liquidez. É um produto interessante para investidores que procuram objetivos financeiros de curto prazo.
O facto de terem vencimentos mais curtos facilita o rápido resgate. O seu potencial de retorno fica muito próximo do das taxas de juro de curto prazo e sem significativos desvios face ao preço de avaliação.
Este tipo de fundo investe em instrumentos financeiros como bilhetes do tesouro, papel comercial, depósitos a prazo ou obrigações com um prazo inferior a um ano e não podem investir em ações, títulos de participação e outros ativos com características semelhantes.
Soluções que integram fundos de tesouraria
- Bilhetes do Tesouro são títulos de dívida pública emitidos pelo Estado português com prazos curtos, normalmente até um ano. São considerados investimentos de baixo risco;
- Depósitos a prazo são produtos bancários que garantem uma taxa de juro fixa durante o prazo acordado.
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Fundos de obrigações
Investem pelo menos 50% da sua carteira em obrigações, em particular de médio e longo prazo. Os fundos desta categoria podem variar muito em termos de risco e rendimento. Por norma, tendem a proporcionar maiores rendimentos do que os fundos de tesouraria, mas têm também um risco mais elevado.
Grande parte dos fundos de obrigações têm risco de crédito associado, o que quer dizer que as empresas emitentes, das quais o fundo possui obrigações, podem vir a não cumprir as suas dívidas. Normalmente, os fundos que investem maioritariamente em obrigações do Estado (português ou de outros países da União Europeia) têm risco de crédito mais baixo.
Já os fundos de obrigações de taxa de juro fixa possuem risco de taxa de juro. Ou seja, se as taxas de juro subirem, o valor de mercado das obrigações detidas pelo fundo tende a baixar, com a possibilidade de se perder dinheiro (mesmo em fundos compostos exclusivamente por obrigações do Estado).
Tome Nota:
Tal como os bilhetes de tesouro, os Certificados de Aforro são títulos de dívida pública com prazos flexíveis de investimento que permitem ao investidor levantar o dinheiro a qualquer momento. A sua taxa de juro pode beneficiar de prémios de permanência.
Fundos de ações
Investem, no mínimo, 2/3 da carteira em ações. Apresentam maiores riscos do que os fundos de obrigações, mas em contrapartida podem oferecer maiores ganhos. No curto prazo, os fundos de ações podem sofrer flutuações no preço, mas a longo prazo podem ser uma melhor opção de investimento.
Uma das vantagens é a possibilidade de aceder ao mercado de ações de forma diversificada. Pode ser uma opção mesmo para investidores com menores conhecimentos financeiros ou capital disponível.
Fundos mistos
Juntam as características dos fundos de ações e de obrigações. Investem simultaneamente em aplicações de rendimento variável (ações num máximo de 2/3) e de rendimento fixo (títulos de dívida). Proporcionam uma carteira diversificada e com diferentes níveis de risco.
Fundos de fundos
Investem, pelo menos 2/3 da carteira noutros fundos. Aqui encontramos ainda duas modalidades. Os que investem em fundos administrados por diversas entidades gestoras e os que investem apenas em fundos de investimento da própria entidade gestora.
Variabilidade do capital
De acordo com a variabilidade do capital, os fundos podem ainda ser classificados como:
- Fundos abertos – têm número de unidades de participação em circulação variável e os investidores podem subscrever, revender ou resgatar as unidades de participação a qualquer altura. Têm, geralmente, uma elevada liquidez;
- Fundos fechados – possuem um número fixo de unidades de participação. Os seus detentores fazem a subscrição do fundo e o resgate ou reembolso, regra geral, é apenas feito no momento da liquidação do fundo, em data pré-definida. A serem transacionados antes do prazo, o intermediário financeiro deve encontrar outro comprador para aquelas unidades de participação;
- Fundos mistos - compostos por duas categorias de unidades de participação: uma fixa e outra variável.
Tome Nota:
Cuide da sua literacia financeira. Adquirir conhecimento sobre como investir e sobre os produtos nos quais quer investir, ajuda-o a tomar decisões informadas e a prevenir o risco de financeiro.
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Riscos da subscrição
Nos Fundos de Investimento não há garantia de retorno, isto é, de rendibilidade positiva. Quanto maior for o nível de risco de um Fundo, maior o potencial de valorização dos ativos desse fundo. Mas lembre-se, maior será o risco de capital.
Além do risco de capital, também existe o risco de mercado. Ou seja, o mercado onde se transacionam os ativos detidos por cada fundo de investimento é suscetível a variações do preço desses mesmos ativos. Estas variações, se positivas, podem gerar ganhos, se negativos podem conduzir a perdas.
No momento em que se subscreve um Fundo também há o risco de remuneração, pois os rendimentos por ele gerados são desconhecidos, uma vez que estão sempre associados à evolução das respetivas cotações e preços.
Benefícios da subscrição
Do lado dos benefícios, importa destacar o facto de ter uma equipa de especialistas sempre atenta às flutuações de mercado e por isso disponível para comprar e vender ativos financeiros no momento certo. Se o processo correr bem, os ganhos para o investidor podem ser muito significativos. Além disso:
1. Subscrever um fundo de investimento permite uma maior diversificação dos investimentos, que é uma das regras de ouro das finanças;
2.Em determinados fundos, existe a possibilidade de obter um regime fiscal mais favorável, nomeadamente os Fundos de Seguradoras e Fundos Imobiliários;
3. Permite que pequenos investidores também possam aceder a mercados e produtos financeiros e fazê-lo de forma simples.
Custos e comissões
Subscrever um fundo implica custos. As comissões são várias e diferentes de fundo para fundo. A título indicativo, aqui ficam as mais comuns:
- Comissão de subscrição: é cobrada pela entidade que comercializa o fundo no momento da subscrição;
- Comissão de resgate: cobrada pela entidade comercializadora no momento em que o investidor recebe o valor do resgate das unidades de participação;
- Comissão de gestão: suportada diretamente pelo fundo, destina-se a remunerar os serviços prestados pela entidade gestora. Esta comissão já está incorporada no valor das unidades de participação.
Tome Nota:
Antes de tomar uma decisão de investimento, leia o regulamento de gestão, o prospeto (ou documento informativo) do fundo em que pretende investir. No site da CMVM encontra um simulador que permite calcular o valor dos custos associados a determinado investimento.
Cuidados do investidor em fundos de investimento
- Consultar o documento constitutivo do fundo onde encontra informação relevante quanto às taxas de administração, prazos de resgate, objetivos e política de investimentos;
- Obter informação mais pormenorizada junto da entidade gestora;
- Acompanhar a evolução do fundo em que pretende investir. Pode fazê-lo através do valor das unidades de participação e da informação que a entidade gestora divulga: relatórios periódicos, contas semestrais e anuais, composição mensal do património, valor global e número de unidades de participação em circulação;
- Definir o seu perfil de investidor;
- Evitar investir por impulso. Tome decisões informadas e ponderadas. Nada de investir no que não compreende;
- Após o investimento, continuar a acompanhar o desempenho do fundo.
As suas opções de investimento devem ter sempre em conta uma estratégia cuidada e esclarecida com base em informação credível, sem urgências e com recurso a entidades credíveis. Solicite toda a informação no seu Banco e procure perceber os detalhes antes de susbscrever
Como decidir onde investir?
Antes de tomar uma decisão de investimento,deve ter em conta um conjunto de critérios relevantes, nomeadamente:
- Os seus objectivos de investimento e prazos a acomodar;
- A liquidez que decorre do prazo e disponibilidade de capital ( nada de se endividar);
- O seu perfil de risco, associado ao perfil de investidor. Pode arriscar muito ou pouco?;
- Os custos e comissões associadas à subscrição e gestão assim como a fiscalidade;
- Desempenho do fundo, assim como a reputação e credibilidade do gestor.
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