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O lixo eletrónico, se não for devidamente tratado, pode provocar danos sérios no ambiente e na saúde humana. Por negligência ou desconhecimento, muitos dos aparelhos que já não usamos acabam por não ser devidamente reciclados. O que fazer para mudar esta realidade?
São artigos essenciais no nosso dia-a-dia, mas quando avariam ou são substituídos por novos, nem sempre têm o fim de vida que deveriam. Dos mais pequenos, como telemóveis, até aos que são mais difíceis de descartar, como frigoríficos, são vários os exemplos de peças de lixo eletrónico com que temos de lidar. Quem nunca teve dúvidas sobre o que fazer quando um aparelho se estraga ou fica obsoleto?
No entanto, como vai descobrir, há sempre uma solução para que estes artigos acabem no local certo e possam dar origem a outros produtos.
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Alguns números a ter em conta
O site Onde Reciclar promovido pelo Electrão - Associação de Gestão de Resíduos regista os seguintes indicadores:
- 72 é a média de equipamentos elétricos existentes numa casa europeia
- 11 destes equipamentos estão avariados ou já não são usados
- 7 390 Torres Eiffel será o peso dos resíduos de equipamentos elétricos em todo o planeta no ano 2030, se não for feita reciclagem
- 130 mil toneladas de equipamentos elétricos chegaram ao mercado português em 2020
- 80% das doenças nos países em desenvolvimento são causadas pela exposição a substâncias tóxicas que existem nos equipamentos elétricos, como mercúrio e cádmio.
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O que é o lixo eletrónico?
Os Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE), aquilo a que chamamos de lixo eletrónico, abrange todos os equipamentos que funcionam através de corrente elétrica, pilhas ou baterias, que os consumidores já não usam e descartam.
Inclui aparelhos tão diversos como ecrãs e monitores, frigoríficos, máquinas de lavar, ferros de engomar, aspiradores, comandos, telemóveis ou lâmpadas, entre outros. A designação abrange também os componentes, subconjuntos e materiais consumíveis que fazem parte do equipamento, como por exemplo os carregadores ou cabos de ligação.
O Decreto-Lei n.º 152-D/2017 define 6 categorias de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (EEE):
- Equipamentos de regulação da temperatura;
- Ecrãs, monitores e equipamentos com ecrãs de superfície superior a 100 cm2;
- Lâmpadas;
- Equipamentos informáticos e de telecomunicações de pequenas dimensões (sem dimensão externa superior a 50 cm);
- Equipamentos de grandes dimensões (dimensão externa superior a 50 cm), que não se incluam nas restantes categorias;
- Equipamentos de pequenas dimensões (sem dimensão externa superior a 50 cm).
Tome Nota:
Os equipamentos comercializados na UE têm um rótulo que indica que não devem ser colocados no lixo comum, mas enviados para reciclagem.
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Onde posso entregar equipamentos avariados?
Existem várias soluções para colocar o lixo eletrónico e todas são gratuitas. Por isso, basta ver qual é a mais adequada à sua situação.
- Pontos de entrega de REEE: existem em todo o país, em locais como centros comerciais, escolas ou empresas. Neste mapa pode descobrir qual é o local mais perto de si;
- Ecocentros: presentes em todos os distritos e Regiões Autónomas, são mais uma opção para deixar o seu lixo eletrónico. Neste documento encontra locais, horários de funcionamento e contactos;
- Lojas EEE: Caso compre um equipamento novo com a mesma função pode entregar o velho em qualquer loja ou estabelecimento que venda este tipo de aparelhos. Além disso, as lojas que tenham áreas superiores a 400 m2 têm de aceitar gratuitamente equipamentos de pequenas dimensões (não superiores a 25 cm), mesmo que não adquira um novo equipamento;
- Recolhas pelas autarquias: No caso de resíduos de maior dimensão e mais difíceis de transportar, pode aproveitar os sistemas de recolha de resíduos que algumas câmaras disponibilizam. Contacte o departamento do ambiente da autarquia para saber o que tem a fazer.
Tome Nota:
Ao comprar online para receber em casa, pode e deve pedir que seja feita, gratuitamente, a recolha do equipamento antigo.
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O que acontece ao lixo eletrónico que entrega para reciclar?
O lixo eletrónico entregue para reciclagem começa uma nova vida com o transporte para centros de receção e tratamento, onde é separado manualmente segundo as seis categorias já referidas. Nesse processo são removidos componentes como pilhas e cabos e é feita a separação de outros materiais que os aparelhos possam ter, como aço, alumínio, plástico ou vidro.
A despoluição é a fase seguinte e consiste na retirada de todas as substâncias perigosas, como os gases dos equipamentos de frio ou o lítio.
Estes resíduos são depois transformados em fragmentos mais pequenos. No caso de lâmpadas e equipamentos de frio este processo é feito de outra forma, para garantir que os materiais perigosos são corretamente tratados.
Faz-se, depois, uma nova separação dos fragmentos diferenciando, por exemplo, os diversos tipos de metais ou plásticos. A partir daqui, são matéria-prima para fabricar outros produtos.
A propósito, sabia que 88 telemóveis podem transformar-se num anel de noivado? Ou que o aço de uma torradeira pode servir para fabricar 25 latas?
O QUE A CAIXA PODE FAZER POR SI?
Contribuir para o equilíbrio das gerações futuras é uma responsabilidade que exige empenho e foco. No âmbito da sua própria estratégia de Sustentabilidade, a Caixa acolhe os temas da defesa ambiental como pilares decisivos deste investimento.
Tome Nota:
Não sabe onde reciclar estes e outros resíduos? Pode pesquisar aqui por tipo de resíduo ou por tipo de local (ecocentro, loja, electrão, entre outros).
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E as pilhas?
As pilhas, se não forem devidamente recicladas, constituem um problema bastante sério para o ambiente. Entre os seus componentes estão elementos como mercúrio, chumbo, cádmio e minerais que, além da poluição, são altamente nocivos para o corpo humano, com consequências ao nível renal, sistema neurológico, nervoso e digestivo.
Caso não sejam recicladas, demoram 100 anos a decompor-se e, ao longo do processo, vão libertando todos esses elementos tóxicos.
As pilhas e baterias devem ser colocadas num Ponto Electrão para serem depois transportadas para locais onde possam ser devidamente tratadas. Nestes centros, são submetidas a processos de separação de vários componentes como vista a obter matérias-primas para novos produtos. Por exemplo, novas pilhas e baterias, mas também para produzir novos metais.
Quais os riscos de não reciclar devidamente o lixo eletrónico?
Os metais e outros componentes tóxicos do lixo eletrónico são altamente nocivos para a saúde humana e para o ambiente. Abandoná-los em locais impróprios fará com que esses materiais se decomponham, contaminando o solo e os lençóis freáticos que abastecem os rios, com consequências graves para o Homem, mas também para a fauna e flora.
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