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Recorrer à recarga de produtos é uma forma de poluir menos, mas também de poupar dinheiro. Saiba como pode usar menos embalagens.
A recarga de produtos é cada vez mais comum. Saiba como pode usar este sistema e quais as vantagens para o ambiente e para a sua carteira.
Quando for às compras, e antes de arrumar tudo nos seus devidos lugares, faça esta experiência. Confira o número de embalagens (incluindo sacos de plástico) que trouxe consigo. Mesmo que, depois de vazios, esses recipientes acabem na reciclagem, o seu impacte no ambiente é enorme.
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Cada embalagem é produzida, depois transportada para ser usada como recipiente de um qualquer produto. Seguem-se armazéns, lojas, as casas dos consumidores, ecopontos e mais um transporte até ao ponto onde será reciclada. E se essa embalagem puder ser usada durante meses ou anos?
É este o objetivo da recarga de produtos. Reutilizar o mesmo recipiente até ao limite. Menos embalagens, menos lixo, menor impacte ambiental.
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Recarga de produtos: as vantagens
Os dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) relativos a 2019 mostram que só em Portugal Continental produziram-se cinco milhões de toneladas de resíduos urbanos. São 511 quilos anuais por habitante. Isto é, 1,4 quilos diários.
Parece pouco? Quantos frascos de champô compra por ano? Quantos pacotes de arroz? E se deixasse de precisar de trazer para casa uma nova embalagem de cada vez que compra um destes produtos? E se todos os portugueses pudessem fazer o mesmo?
A APA diz também que 58% dos resíduos urbanos acabam num aterro. Com menos embalagens a circular, estes números reduziriam drasticamente.
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A embalagem encarece o produto. A reutilização de embalagens poderá ser uma forma de gastar menos nas compras. Mas há ainda outras formas de poupança.
Quantas vezes já comprou fruta ou legumes embalados e, pela quantidade ser excessiva, acabou por estragar uma parte? Ou ficou com muito pão seco, porque no supermercado só vendiam sacos com demasiadas unidades?
Comprar apenas aquilo que precisa reduz o desperdício. Alguns supermercados até já permitem pesar frutos frescos sem ser necessário um saco de plástico para colocar a etiqueta. Ou seja, já é cada vez mais fácil poupar o ambiente e gastar menos.
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Onde comprar de forma sustentável?
As lojas de produtos a granel e as mercearias mais tradicionais são sempre uma boa opção para comprar apenas o que necessita e reutilizar embalagens. Se quer experimentar, mas não sabe onde ir, pode procurar neste site as lojas mais perto de sua casa.
Alguns supermercados também já aderiram a esta tendência. Ali já é possível comprar desde granola e frutos secos, mas também chás e chocolates, a comida para animais. Tudo apenas nas quantidades de que necessita.
A recarga de produtos ainda não chegou a todo o lado. Mas já encontra, por exemplo, champôs ou detergentes com embalagens mais baratas para recarga.
Existem duas opções para a recarga de produtos. Uma é comprar, inicialmente, o produto numa embalagem mais resistente, por exemplo, num frasco de plástico. Depois, quando o produto acabar, não deitar fora. A recarga é vendida numa embalagem mais amiga do ambiente cujo conteúdo pode ser despejado para a primeira embalagem. O invólucro da recarga é depois reciclado. Há champôs e detergentes que usam já este sistema em diferentes cadeias de distribuição.
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Outra forma é reutilizar a embalagem quando fizer a recarga do produto. Pode, por exemplo, comprar uma garrafa de água reutilizável no supermercado. Depois, quando precisar de mais água, basta levá-la, dirigir-se ao local próprio e reabastecer. Junte-a às compras e pague na caixa. Mais uma vez, existem cadeias de distribuição que já o permitem.
Este sistema de reenchimento de garrafas de água está disponível em alguns supermercados. E isto pode ser apenas o princípio de uma tendência para diminuir a utilização única de embalagens.
Além disso, poderá reduzir o consumo de embalagens se levar de casa recipientes para acondicionar produtos frescos. Existem já supermercados que o permitem nas secções de peixaria, talho, padaria, take away e charcutaria. Basta entregar o seu recipiente nos balcões de atendimento das respetivas secções e o seu peso é descontado no preço final do produto.
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Receber para reciclar
Incentivar financeiramente os consumidores para que reciclem as embalagens de bebidas é outra estratégia que pode dar frutos.
Deste modo, as garrafas de vinho ou de águas e as latas de refrigerantes vazias não acabam no lixo (ou em aterros), mas ganham uma nova vida. E os consumidores podem poupar dinheiro ou, até, contribuir para uma boa causa.
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Sistema de Depósito com Retorno
O Sistema de Depósito com Retorno (SDR), que prevê incentivos aos consumidores pela devolução de embalagens de bebidas em plástico, vidro e metal foi aprovado em 2018.
As associações ambientalistas ANP|WWF, Sciaena e ZERO argumentam que o facto de este sistema não estar ainda em vigor levará ao “desperdício de cerca de 1500 milhões de embalagens, o que equivale ao volume de 250 Torres de Belém”.
A Lei 69/2018 prevê também que, a partir de 1 de janeiro de 2022, seja “obrigatória a existência de sistema de depósito de embalagens de bebidas em plástico, vidro, metais ferrosos e alumínio com depósito não reutilizáveis” nas grandes superfícies comerciais.
Esta política de devolução de embalagens de bebidas, quando implementada, será mais uma forma de garantir a adequada reciclagem destes materiais. O consumidor, ao receber um valor pelo depósito, também poupa.
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Do velho se faz novo
Em andamento está já o projeto-piloto Do Velho se Faz Novo. Procura promover a devolução de garrafas de bebidas em plástico PET. O material é reciclado e usado como matéria-prima para produzir novas garrafas.
Está implementado em cerca de duas dezenas de superfícies comerciais em todo o país, que pode encontrar neste mapa. Nestes locais, existem máquinas de recolha automática para garrafas.
Ao colocarem os recipientes vazios nestas máquinas, os clientes recebem dois cêntimos por cada unidade entre 0,1 e 0,5 litros e cinco cêntimos por embalagens entre 0,5 e até 2 litros. Esse valor pode depois ser usado em compras nesse espaço comercial ou doado a instituições de apoio social.
Tome Nota:
O politereftalato de etileno (PET) é utilizadoprincipalmente no fabrico de garrafas de bebida. Este plástico pode ser reciclado para produzir, por exemplo, calçado ou artigos de decoração.
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Plásticos de uso único: exclusão gradual
Estaria previsto que a partir de 1 de julho, os plásticos de utilização única como garrafas de água ou refrigerantes desaparecessem das prateleiras dos supermercados, segundo a Diretiva da União Europeia que proíbe a comercialização destes recipientes fabricados para uso descartável. No entanto, não é bem assim.
As autoridades trabalham numa transposição para a Lei nacional e a aplicação daquela Diretiva em Portugal prevê-se gradual. De acordo com as suas determinações, passam a ser proibidos o uso de artigos que derivem do plástico, como pratos, palhinhas, cotonetes de algodão, agitadores de bebidas, entre outros. Na prática, estes produtos ainda podem ser encontrados nas lojas, pelo menos até esgotarem os stocks.
Na restauração o processo também já começou, mas igualmente gradual. Os estabelecimentos deixarão de servir refeições para consumo no local em copos, pratos e talheres de plástico. No entanto, as embalagens para o take away continuam a ser utilizadas e a partir de 2022 passam a ser taxadas.
Os 3 exemplos que chegam de fora
- No Reino Unido já há vários supermercados que permitem fazer a recarga de produtos como detergente da roupa, gel de banho, água, café ou cereais.
- França implementou legislação que obriga a que ⅕ do espaço das lojas seja ocupado com locais para que os consumidores possam fazer a recarga de produtos como massas e champô.
- Uma cadeia de supermercados australiana reduz os preços aos clientes que levem embalagens. É possível poupar em produtos como azeite, detergente para a loiça ou amaciador para o cabelo.
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