EFC - Oeiras - Balanço

29 jul 2022

Os desafios da Economia e a Importância do Emprego

Encontro Fora da Caixa em Oeiras, na Escola Náutica Infante D. Henrique, a 26 de julho.

Paulo Moita de Macedo, Presidente da Comissão Executiva da CGD, que assegurou a abertura do Encontro, dedicou a sua intervenção ao contexto da economia portuguesa face aos atuais desafios de curto e médio prazo. Relativamente ao aumento das taxas de juro, salientou que “se as taxas de juro subirem até 200 pontos base, a situação será comportável para as famílias e para as empresas, mesmo que seja com muitas dificuldades, desde que o desemprego se mantenha baixo”. Não deixou de sublinhar, no entanto, que "quer as empresas quer as famílias podem proteger os seus custos com taxa de juro fixas", o que pode levar "a um custo maior nos primeiros anos mas um custo menor a seguir".

Salientou ainda o problema da inflação, os preços da energia e dos produtos alimentares, referindo que “as empresas, de um modo geral, têm conseguido salvaguardar a sua margem, com repercussão nos preços”. Este fator “assegura a rentabilidade e o pagamento de salários e a sustentabilidade das empresas. Mas, ao mesmo tempo, contribui para a inflação.”(…) “Para já a inflação que se sente ainda não tem grandes impactos salariais”, mas para o CEO, “é uma questão de tempo.”

Luís Montenegro, entrevistado por Diana Ramos, diretora do Jornal de Negócios, sobre os “Desafios económicos do país”, defendeu que a sua primeira reforma estrutural seria “uma política fiscal mais simplificada e o desagravamento das taxas sobre os rendimentos das famílias e empresas”. “O que temos em Portugal é uma asfixia fiscal transversal, as pessoas estão inundadas em impostos e as empresas estão castigadas com impostos”, reconhece. Sugeriu que as taxas dos impostos deveriam ficar fora do Orçamento do Estado, “que deveria ser o documento das políticas e as estratégias.”

O primeiro painel da tarde, “Fim do emprego para a vida: perspetivas dos mais jovens em relação ao emprego”, foi moderado igualmente por Diana Ramos e contou com a participação de Alexandra Leitão, Margarida Balseiro Lopes (ex-deputada do PSD) e Francisco Assis (presidente do Conselho Económico e Social - CES). Estiveram em destaque as grandes transformações no mundo laboral, tanto no setor privado como no público, como o fim do “emprego para a vida”, os vários mercados de trabalho, as diferenças nas qualificações e nas oportunidades profissionais.

Alexandra Leitão defendeu que “os desafios da administração pública são o seu rejuvenescimento”, destacando a importância de “conseguir atrair os jovens mais qualificados que deixaram de valorizar a ideia de um emprego para a vida”.

Por sua vez, Margarida Balseiro Lopes salientou que o trabalho remoto, acelerado pela crise pandémica, transformou o mercado de trabalho com as maiores qualificações de nacional em global obrigando as empresas nacionais a competir com as multinacionais.

Francisco Assis acentuou que a questão da demografia “é fulcral para o país, e para a qual temos de ter respostas. É um tema central na vida nacional, acho que estamos todos em sintonia, e, pelo menos é consensual no diagnóstico e depois na terapêutica lá haverá as suas diferenças”.
No painel dedicado às empresas, os temas centrais em análise foram a fragilidade dos salários e rendimentos, a produtividade, a “semana dos quatro dias” e a relevância da meritocracia, os efeitos dos problemas demográficos e “como dar uma vida digna às pessoas”.

Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé, referiu que “hoje há um desígnio extraordinário, mas a que ninguém liga, de globalmente melhorar a qualidade de vida das pessoas”, a que António Pires de Lima, presidente executivo da Brisa, deu seguimento considerando “a maioria das pessoas, apesar de trabalhar e trabalhar muito, não têm através do seu trabalho acesso a uma vida digna”.

Para Gonçalo Moura Martins, presidente executivo da Mota-Engil, é nas empresas que está o futuro da economia do país, e “um contexto que não alimente o crescimento dessas empresas, é uma sociedade que não cuida de si própria”. Francisco Cary, administrador da CGD, colocou a nota nas questões do crescimento económico considerando que este deveria ser um dos grandes desígnios nacionais, o que faria com que as empresas “se conseguissem desenvolver e crescer e assim mais e pagar maiores salários”.

O Encontro, como habitualmente, terminou com uma conversa “improvável” e informal entre uma personalidade relevante da vida política, cultural e social portuguesa. No presente caso, Pedro Abrunhosa contracenou com Luís Marques Mendes, consultor e comentador da SIC, tendo como tema “No Princípio era…Portucale”.

Reveja o Encontro Fora da Caixa no Youtube da Caixa.

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