Encontro Fora da Caixa Vila Nova Famalicão

Encontro Fora da Caixa Vila Nova Famalicão - balanço

29 jun 2022

Fundação Cupertino de Miranda | 27 de junho

O Estado da Nação, as suas competências, os efeitos da guerra e da inflação na economia portuguesa estiveram em debate no Encontro Fora da Caixa, que se realizou em Vila Nova de Famalicão, a 27 de junho.

O Presidente da Comissão Executiva da Caixa assegurou uma intervenção sobre o contexto da economia portuguesa face aos desafios de curto e médio prazo, e alertou para a necessidade de acelerar a disponibilização das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para que o dinheiro chegue às empresas, de forma a ajudar a ultrapassar os efeitos da crise.

Aludindo aos efeitos da guerra da Ucrânia na economia portuguesa, Paulo Moita de Macedo destacou o “fator curioso” de o país apresentar um “crescimento significativo”, ao contrário do que acontece na generalidade da Europa e mundo, dando conta de que esse crescimento “deriva, numa parte significativa, do setor do Turismo.”

Em relação às taxas de juro, neste momento, “históricamente baixas”, referiu que “irão inevitavelmente subir“, restando saber até que nível, dependendo da inflação e do crescimento económico. Salientou ainda “a dívida pública muito significativa que o País continua a ter e que a juntar à dívida climática, se traduz num peso muito grande para as gerações futuras”.

Carlos Oliveira, Presidente Executivo da Fundação José Neves, em conversa com Paulo Ferreira, jornalista da Rádio Observador, sobre Educação, Emprego e Competências destacou a importância de aumentar a produtividade do País, aumentar as qualificações dos portugueses, no que possa trazer mais valor à economia, e a importância de continuar o ritmo de aumento de exportações, aplicando mais conhecimento e inovação áquilo que são os negócios e as oportunidades de crescimento. Um estudo da Fundação José Neves, concluiu que: “o aumento da formação dos colaboradores pode aumentar a produtividade das empresas em 5%” tendo, no entanto revelado um sinal preocupante, relativamente a 2021: “os que mais procuraram melhorar as suas qualificações foram aqueles que, atrás, já tinham mais qualificações. Ou seja, os que têm baixas qualificações continuam a não querer melhorar os seus conhecimentos.”

O jornalista Paulo Ferreira debateu com Carlos Guimarães Pinto, economista e deputado da Iniciativa Liberal e Carlos Oliveira, da Fundação José Neves, as perspetivas futuras de desenvolvimento para a economia portuguesa e, com um painel diversificado de empresários, os “Efeitos da Guerra na Indústria”.

Para Manuel Martins, PCA da Campicarn, o aumento dos preços da energia foi uma das principais consequências indiretas, mas não da guerra, uma vez que em setembro de 2021 os custos com energia já tinham aumentado 306%, estando atualmente 160% acima dos valores pré-pandemia. Acrescentou ainda que o “preço da energia corresponde a 2% do volume de negócios, o que levou a uma necessidade de repercutir os impactos, nos parceiros e clientes”. Ricardo Machado, PCA do Grupo RNM, reconheceu que a empresa sofreu o impacto da guerra, principalmente porque a Rússia é um dos principais players mundiais do setor químico. “O preço da energia está a ter impacto das nossas indústrias, e não é com subsídios que resolvemos o problema, têm que ser implementadas medidas de fundo”, sublinhou.

Rogério Lourenço, sócio-gerente da Lourofood, destacou que as dificuldades já vêm de trás e que agora são exponenciadas pela guerra: “O setor onde operamos, ligado aos laticínios, já vem com incrementos de custos há quase um ano, mas após o início da guerra os efeitos sentiram-se bastante”, explicou. Alertou ainda para o facto de a Ucrânia ser um dos maiores produtores mundiais de fertilizantes e, como consequência, o acesso reduzido a fertilizantes limitou o crescimento das culturas. “Temos o enorme desafio dos preços e das margens”, admitindo “passar os custos para os clientes, não os podemos internalizar”. “Temos que consciencializar as pessoas que não vão pagar o mesmo preço pelos produtos que pagavam”.

Francisco Cary, Administrador Executivo da Caixa Geral de Depósitos, explicou que, após análise da instituição, os setores mais impactados são agricultura, produção animal, indústria transformadora e transportes. No entanto, destacou, “a autonomia média das empresas aumentou bastante durante a pandemia. Estas estão razoavelmente capazes de se adaptar aos impactos desta conjuntura mais adversa”, sendo que a sua resiliência se vai mostrar ao longo do tempo que durar a adversidade.

Este Encontro Fora da Caixa encerrou com uma conversa inspiradora“ No princípio era… o território”, entre o músico Pedro Abrunhosa e Luís Valente de Oliveira - ex-ministro de vários Governos sociais-democratas, em particular, na pasta do Planeamento e Administração do Território, a sua área de especialização -, onde a música também esteve presente.

Reveja aqui o Encontro Fora da Caixa no Youtube da Caixa,

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