Homenagem a Eduardo Lourenço

4 dez 2020

Eduardo Lourenço, o maior ensaísta português do século XX

Mensagem de Homenagem.

Têm estes dias sido de um raro e justificado consenso, em torno de um nome. O desaparecimento físico do Prof. Eduardo Lourenço (1923-2020) é a razão de tal consenso. Ensaísta, escritor, filósofo, professor, a sua carreira cruzou a segunda metade do século XX português. Viveu em França a partir de 1960, sem nunca assumir a sobranceria de estrangeirado. Pelo contrário, observou e viveu de perto a realidade portuguesa, que foi objeto das duas reflexões ao longo de décadas. Voa, pensamento, com tuas asas douradas, como no célebre Coro dos Hebreus, da ópera “Nabucco”, de Verdi. Foi esse o princípio, ao longo de décadas.

A carreira de Eduardo Lourenço foi uma lenta e proveitosa decantação. O tempo não o tornou amargo ou distante. Pelo contrário, a bonomia manteve-se e ajudou-nos a enquadrar o nosso modo de ser, a reconhecer as nossas perenes insuficiências, a reconhecer os méritos que temos. O reconhecimento da obra de Eduardo Lourenço fora do círculo estrito de admiradores foi tardio: Prémio D. Dinis aos 72 anos, Prémio Camões aos 73, Medalha de Mérito Cultural aos 85, Prémio Pessoa aos 88. Portugal rende-se-lhe aos poucos, de forma tímida. Ele seguiu, antes e depois dos prémios, sábio, discreto e gentil. Indiferente à mundanidade.

A Caixa Geral de Depósitos esteve, há menos de uma década, presente na atribuição do Prémio Pessoa. Uma distinção que tão bem lhe assentou, se considerarmos a longa abordagem que Eduardo Lourenço dedicou a Fernando Pessoa. Inclinamo-nos agora, neste momento de partida, ante a sua personalidade e ante a sua memória. Estamos imensamente gratos pelo que nos proporcionou e sentimos a responsabilidade, enquanto portugueses, de prosseguir o seu legado, obrigando-nos a repensar um País em permanente construção.

Acesso Caixadirecta

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