As emissões verdes

9 dez 2024

Por Marco Azevedo
Diretor Central da Direção de Mercados Financeiros da Caixa

A sustentabilidade ambiental é hoje um tema incontornável, sendo crescente a consciencialização dos riscos que todos, coletivamente, corremos se ignorarmos os desafios que a esse nível se colocam à sociedade, seja, por exemplo, pela maior incidência de fenómenos climatéricos extremos, pela perda de biodiversidade, pela contaminação dos solos ou dos oceanos ou pela poluição do ar que respiramos.

Todos podemos e devemos desempenhar um papel na mitigação dos riscos ambientais, seja individualmente ou no âmbito das organizações em que nos inserimos, contribuindo para a saúde do planeta e para o futuro das gerações vindouras.

O setor financeiro não ficou alheio às preocupações ambientais e tem vindo a desenvolver produtos que incorporam fatores de sustentabilidade nas suas características, promovendo a transição energética ou o desenvolvimento social, sendo comum a sua relação com a sigla ESG, de Environmental, Social & Governance.

Entre estes produtos contam-se as obrigações verdes, sociais ou sustentáveis, estas últimas, combinando quer a vertente ambiental, quer social. No caso particular das obrigações verdes, os fundos obtidos pelos Bancos, ao emitirem este tipo de dívida nos mercados de capitais, devem ser canalizados para o financiamento de projetos com benefícios de natureza ambiental, de acordo com as tipologias de crédito comunicadas aos investidores aquando da sua colocação.

Este tipo de dívida distingue-se, assim, das obrigações ditas tradicionais, pelo facto do montante obtido com a emissão destas, poder ser utilizado livremente pelos Bancos para finalidades genéricas e não identificadas à partida.

O Banco emitente deve, posteriormente, tornar pública qual a alocação efetuada aos fundos recebidos, e qual o impacto dos projetos financiados para os objetivos ambientais selecionados, de acordo com as métricas definidas para o efeito. Este procedimento assegura a transparência do processo e permite aos investidores obter informação quanto à aplicação dos seus fundos. Tratando-se, frequentemente, de investidores institucionais especializados, tal é fundamental para que possam, por sua vez, assegurar o cumprimento das suas políticas de investimento, da regulamentação aplicável, assim como transmiti-la aos seus clientes.

A Caixa está presente ao longo de toda a cadeia de valor dos produtos que incorporam características associadas às preocupações da sociedade com o ambiente, dando cumprimento a um dos vetores da sua Estratégia de Sustentabilidade, que visa, nomeadamente, apoiar a transição para uma economia de baixo carbono.

Na definição dos objetivos da Estratégia de Sustentabilidade, a Caixa associou-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, elegendo, em termos ambientais, suportar o financiamento de projetos ligados a categorias como a água potável e saneamento, as energias renováveis e a eficiência energética, os edifícios verdes, ou os transportes limpos.

Desde 2021, a Caixa já colocou junto de investidores um total de 1.300 milhões de euros de emissões ESG, das quais 500 milhões de euros foram emitidos no formato sustentável e 800 milhões de euros em obrigações verdes.

As emissões de obrigações verdes da Caixa permitiram financiar 6.742 projetos representativos do ODS 9 – Edifícios Verdes, num total de cerca de 1.177 milhões de euros, com uma estimativa de redução de 2.064 toneladas de emissões de dióxido de carbono por ano, o que equivale a 93.822 árvores.

Ver todos os artigos em Caixa de opinião.

Acesso Caixadirecta

Acesso Caixadirecta