Avaliação do Risco Físico por Geolocalização

27 fev 2025

Por Cecília Gaspar
Diretora Central da Direção de Rating e Controlo Interno

A gestão do risco climático é essencial para priorizar iniciativas de mitigação e adaptação às alterações climáticas. Integrado na dimensão ambiental da avaliação dos critérios Environmental, Social e Governance (ESG), o risco climático divide-se em risco de transição e risco físico. O risco físico refere-se a potenciais perdas para os agentes económicos, associadas à ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos ou a mudanças climáticas graduais. Estes eventos podem causar, diretamente, danos patrimoniais e a diminuição de produtividade ou originar, indiretamente, perturbações nas cadeias de abastecimento, com impactos negativos na competitividade.

A avaliação do risco físico por geolocalização envolve a análise de diversos riscos que podem afetar a segurança e a integridade dos ativos, dependendo da localização geográfica. Portugal demonstra alguma vulnerabilidade ao risco físico, especialmente devido ao calor extremo, à escassez de água e a incêndios florestais. Consoante as regiões, também devem ser avaliados os riscos de inundações fluviais, costeiras e urbanas, deslizamentos de terra, incêndios rurais e urbanos, ventos fortes, quedas de neve, sismos, tsunamis e atividade vulcânica.

Como realizar a avaliação do Risco Físico por Geolocalização em Portugal?

Na Caixa avaliamos, de forma granular e discriminante, o risco físico por geolocalização do território nacional, utilizando os dados do portal InfoRiscos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Efetuamos o mapeamento de dados dos 14 tipos de risco físico anteriormente referidos, ao nível do código postal, para as 2.882 freguesias de Portugal continental. Para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, utilizamos a plataforma do Think Hazard. Este conhecimento pode ser partilhado com os nossos clientes.

Deste modo, a avaliação do risco físico por geolocalização é um serviço informativo baseado em dados disponíveis em plataformas públicas. O nosso objetivo é que este serviço contribua para avaliar os riscos associados à localização dos ativos de clientes particulares e empresas, permitindo a definição de planos de ação resilientes, com medidas eficazes de adaptação às alterações climáticas. Podemos exemplificar, em termos práticos, algumas dessas medidas:

Escassez de água: Implementação de sistemas de controlo de perdas de água, aproveitamento de águas pluviais e residuais e uso de infraestruturas verdes como jardins de chuva;
Ondas de Calor: Adoção de métodos e técnicas de arquitetura bioclimática, como sombrear envidraçados, pintar os telhados de branco e usar toldos retráteis e materiais de construção que combatem o calor, como a argila e a pedra;
Incêndios: Utilização de materiais de construção antifogo, recuperação e reabilitação dos ecossistemas florestais e criação e manutenção de faixas exteriores de proteção;
Inundações: Reforço de defesas circundantes dos edifícios ou nas suas entradas e aberturas e colocação de bombas submersíveis para drenar a água.

Em suma, a avaliação do risco físico por geolocalização é uma ferramenta simples e útil para a gestão do risco climático em Portugal. Ao compreender os riscos associados a diferentes localizações geográficas, as famílias, as empresas, os bancos, as seguradoras e as autoridades públicas podem identificar e analisar, proactivamente e de forma colaborativa, oportunidades de investimento e executar planos de ação de medidas de mitigação e adaptação às alterações climáticas. Cecília Gaspar, Diretora Central da Direção de Rating e Controlo Interno da Caixa

Cecília Gaspar, Diretora Central da Direção de Rating e Controlo Interno

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