Dia Mundial da Poupança

Breve reflexão sobre o Dia Mundial da Poupança

Em Portugal, o Dia Mundial da Poupança só é assinalado de uma forma assídua desde 1969.

Já muito se escreveu sobre a poupança a propósito das comemorações do Dia Mundial da Poupança a 31 de outubro. Esta iniciativa perpetuou-se a partir do ano de 1924, em Milão, por ocasião do Congresso Internacional, do qual fizeram parte vários bancos estrangeiros e onde foi deliberada a criação do Instituto Internacional das Caixas Económicas, onde estavam filiados os bancos de poupança de cerca de uma centena de países, incluindo a Caixa Geral de Depósitos. Em Portugal, só a partir de 1969, é que se passou a assinalar a data de uma forma assídua.

Não é novidade, a grande variedade de iniciativas levadas a cabo nesta data comemorativa, e a liderança da Caixa em relação às mesmas, a nível nacional. São imensos os exemplos que a estas estão associados, desde concursos, emissão de medalhas comemorativas, selos, etc.

Pretende-se aqui, no entanto, refletir um pouco sobre o conceito de poupança e de que modo, ao longo dos tempo, se foi alargando e assumindo outras variantes, consoante, a conjuntura social e económica.

Também as operações da banca foram sofrendo mutações naturalmente, e com elas ampliando o campo de atividade das instituições financeiras, influenciando, não só a economia nacional, mas também a própria mentalidade dos indivíduos enquanto participantes ativos do ciclo financeiro.

Parece-nos incontornável a ideia de retroceder à fundação da Caixa Geral de Depósitos, para que possamos, de uma forma simples, obviamente, estabelecer um pequeno paralelo entre o conceito de poupança da época, e o novo conceito que se desenha atualmente, no panorama mundial.

A análise da atualidade, confunde-se agora, muito mais, com a sociedade para além fronteiras do que propriamente com o país de forma isolada. Numa era de globalização, o processo é muito mais abrangente e por isso, muito mais complexo.

A Caixa foi criada num período conturbado, sobretudo ao nível económico, e resultou de uma solução que o próprio Estado fez nascer para superar a divida e aliviar as finanças públicas. De facto, houve um objetivo muito concreto na criação desta instituição, que desde logo implementou um paradoxo, deixando vislumbrar a aparição de um banco que veiculava uma “campanha de sensibilização”, apelando ao espírito da poupança, semeando nas mentes operárias contrapartidas em forma de benefícios e ainda, por outro lado, enraizada de uma estratégia política adotada pelo Estado, no sentido de utilizar esses depósitos domésticos, se assim os podemos chamar, por forma a estes protagonizarem uma solução imediata para a dívida pública.

Será que a conjuntura da época era assim tão diferente da conjuntura de hoje?
Esta é uma questão à qual não nos cabe aqui responder, no entanto, certo é, que o processo se tornou mais complexo, através da rede de um sistema financeiro que germinou, que assegura a canalização da poupança para o investimento. E esta foi sem dúvida, uma das características que a Caixa desenvolveu desde a sua aparição. Muitas vezes, foi considerada uma instituição vocacionada para o crédito, oferecendo o seu apoio às forças produtivas, indústria, agricultura e comércio e daí a sua ligação simultânea ao setor privado.

Não deixou de lado, ainda assim, a sua vertente social que acalentava a ansiedade dos mais perseverantes, que entregavam à guarda da Caixa, as suas economias sob a forma de depósitos a prazo (curiosamente, criados em novembro de 1924), preconizados pela existência física de cadernetas, sobreviventes ainda hoje!

O conceito de poupança, continuou no entanto a evoluir e a alargar o seu leque de abrangência, nomeadamente no que respeita à sensibilização para a economia de todo o tipo de recursos. E atualmente, a Caixa Geral de Depósitos, é uma importante protagonista destas campanhas, assumindo um papel preponderante na responsabilidade social.
Poupança está ligada a tudo aquilo que não se gasta, não se destrói, começando nas nossas casas! Tudo isto se repercutirá num futuro próximo.

Hoje, vive-se um momento de crise que gera uma série de condicionantes que provavelmente nos impede de gastar a todos os níveis. Se não o é, deveria ser, pois o facto de não gastar, já significa poupar!

Helena Real
Gabinete do Património Histórico
Outubro de 2010

Acesso Caixadirecta

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