Instrumentos de escrita

Uma mostra pedagógica do acervo museológico e do universo do trabalho quotidiano na CGD na 1ª metade do século XX.

A escrita tal como os seus instrumentos são percursores revolucionários do sistema de comunicação, de divulgação das ideias e da informação. De impacto incomensurável, intensificaram o intercâmbio económico, social, político e cultural entre as civilizações, fazendo parte das nossas vidas desde sempre.

Os instrumentos de escrita, aqui apresentados, pretendem ser uma mostra pedagógica do acervo museológico e do universo do trabalho quotidiano na Caixa Geral de Depósitos Na 1ª metade do século XX. Sobre a sua evolução referimos sobretudo, a caneta, o tinteiro e o mata-borrão.

A antiga pena de ganso, de cisne ou de pato que molhava o bico na tinta, e precisava de um afiador para cortar em bico a ponta desgastada, deu lugar à caneta de aparo, também chamada pena por ter de se mergulhar frequentemente, o bico do aparo no tinteiro.

A caneta de aparo constituída por uma haste de madeira, era provida na extremidade por uma peça metálica – o porta-aparo, à qual se fixava o aparo que se substituía, uma vez que era este que determinava a qualidade da escrita e o tipo da letra.

O tinteiro, era o recipiente que continha a tinta. A tinta de escrever remonta à antiguidade, e generalizou-se na Idade Média através de vários processos da produção de cores que eram utilizadas nas iluminuras. Só no século XIX, surgiu a produção industrial de tinta para escrita, fabricada e vendida em frascos a preços compatíveis. O tinteiro, apresentava-se de diversos materiais. Os de porcelana, embutidos nos tampos das secretárias escolares foram usados até aos anos 60 do século XX. Os mais ricos, em prata ou ouro e profusamente decorados, representavam o status como símbolo da cultura e do saber e figuram atualmente como peças de museu ou de coleções particulares.

Inerente a estes instrumentos, surgiu o papel mata-borrão que era usado para absorver o excesso de tinta da superfície do papel de escrita. Em folhas individuais ou agregadas numa peça que se oscilava, absorvia a tinta fresca ou a nódoa que sucedia de um derrame, evitando o alastramento e a inutilização da folha de papel.

A necessidade constante de mergulhar a caneta na tinta, levou à procura de uma solução mais eficaz. Assim, surgiu no final do século XIX, a primeira caneta de tinta permanente ou caneta tinteiro que integrava numa só, as três peças indispensáveis para a escrita: o tinteiro, a tinta e a pena. Produzida pelo americano L. E. Waterman esta caneta mostrou-se realmente funcional, uma vez que possuía um reservatório recarregável de tinta.

No entanto, numa tentativa de criar uma caneta ainda mais eficiente e prática, que deixasse o papel seco, sem borrões e não necessitasse de recarregar o reservatório, surgiu no início do século XX, a caneta esferográfica. Como o nome sugere, possui uma pequena esfera de metal na ponta que humedecida pela tinta, rola e desliza sobre a superfície do papel.

Na Europa, as primeiras canetas esferográficas acessíveis foram produzidas em 1945 por Marcel Bich, que desenvolveu um novo processo de fabricação, capaz de reduzir significativamente os custos de produção e os preços finais destinados aos consumidores. Só em 1949, foram lançadas no mercado com o nome BIC, uma abreviação do seu nome e cujo sucesso foi imediato. Chegou até aos nossos dias, como uma caneta prática, leve, de baixo custo, descartável, que se tornou inesquecível através do anúncio de marketing -“ BIC, BIC, BIC – BIC, BIC, BIC …”.

Célia Moutinho
Gabinete do Património Histórico da CGD
Julho 2015

Acesso Caixadirecta

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Instrumentos de escrita

Uma mostra pedagógica do acervo museológico e do universo do trabalho quotidiano na CGD na 1ª metade do século XX.