Abril 2021

13 mai 2021

Reabertura a gerar suporte aos ativos de risco

No mês de abril os investidores evidenciaram uma maior propensão por ativos de risco, visível nas valorizações das classes de matérias-primas e de ações, com alguns mercados destas a atingirem novos máximos históricos ou de vários anos.

Em abril os investidores evidenciaram uma maior propensão por ativos de risco, visível nas valorizações das classes de matérias-primas e de ações, com alguns mercados a atingirem novos máximos históricos ou de vários anos. Em contraposição, esteve a performance negativa de obrigações dos governos da Área Euro, penalizada não só pela subida das yields da Alemanha mas também pelo aumento dos prémios de risco dos Estados-membros. Já as obrigações do tesouro dos EUA, apesar do seu estatuto de refúgio, apresentaram uma rendibilidade positiva.

Enquadramento: abril 2021

No domínio económico, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou o seu relatório de perspetivas económicas, no qual frisou a desigualdade na retoma entre países e, dentro destes, entre setores, decorrente dos impactos diferenciados das medidas de contenção da pandemia e da divergência de suporte fiscal. A instituição calculou que, na ausência das políticas macroeconómicas implementadas, a contração em 2020 poderia ter sido 3 vezes mais acentuada do que a verificada. Desta forma, o FMI estimou que o PIB real global contraiu 3,3% em 2020 e que poderá crescer 6,0% em 2021 (vs. 5,5% na publicação intercalar de janeiro) e 4,4% em 2022 (vs. 4,2%).

Em termos de indicadores económicos, segundo a primeira estimativa do Eurostat, o PIB real da Área Euro do 1ºT21 contraiu em cadeia 0,6%, perfazendo o segundo trimestre consecutivo de queda (-0,7% no 4ºT20). Importa notar que o período foi marcado pelo prolongamento e endurecimento das medidas de contenção da COVID-19 em alguns Estados-membros. Com efeito, de acordo com a informação já divulgada, o crescimento económico contraiu, em cadeia, 3,3% em Portugal, 1,7% na Alemanha, 0,5% em Espanha e 0,4% em Itália, enquanto cresceu 0,4% em França.

Nos EUA, também se destacou a publicação preliminar do PIB real do 1ºT21, que cresceu, em cadeia, 1,6%. Para este comportamento é de assinalar a aceleração do consumo (de 0,6% no 4ºT20 para 2,6% no 1ºT21) situando-se apenas 0,1% abaixo do nível pré-pandemia, apesar de uma alteração significativa da sua composição, favorável aos bens face aos serviços. De facto, o nível de PIB situa-se 0,9% inferior ao do 4ºT19. A atividade económica norte-americana beneficiou dos pacotes fiscais de dezembro e de março, do avanço significativo no processo de vacinação e da reabertura gradual de alguns setores.

Ao nível dos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE), na reunião de 22 de abril, reiterou que as aquisições ao abrigo do PEPP (Pandemic emergency purchase programme) ao longo do 2ºT21 serão realizadas a um ritmo significativamente superior ao dos primeiros meses do ano. Porém, na conferência de imprensa, a presidente C. Lagarde não clarificou qual era a perspetiva para o ritmo de compras no trimestre seguinte, tendo afirmado que essa questão ainda era prematura. Mesmo assim, frisou que a decisão dependerá da avaliação sobre se as condições de financiamento se situam em níveis favoráveis e do panorama para a inflação. No que respeita à atividade económica, foi salientado que os riscos ainda pendem para o lado negativo no curto prazo, encontrando-se, contudo, mais equilibrados no médio prazo.

Nos EUA, a Reserva Federal americana, na reunião de 27 e 28 de abril manteve as taxas Fed Funds no intervalo de [0,00%-0,25%] e o programa de compra de ativos no montante mensal de 120 mil milhões de dólares. No decorrer da conferência de imprensa, o presidente J. Powell afirmou que ainda é cedo para se iniciarem as conversações sobre a eventual desaceleração da compra de ativos. A orientação atual define a manutenção do programa até que haja um progresso substancial no alcance dos objetivos de máximo emprego e de estabilidade de preços, o que é provável que ainda demore a acontecer.

Mercados Financeiros: abril 2021

Na classe acionista, em abril, foram observados ganhos na maioria dos mercados, os quais foram superiores nos de países desenvolvidos. Este desempenho resultou de uma conjuntura económica favorável, de uma época de divulgação de resultados empresariais positiva, da reiteração da postura acomodatícia por parte dos principais bancos centrais e das propostas de um novo conjunto de medidas de estímulo nos EUA. Neste âmbito, salientou-se pela positiva o dos EUA, que atingiu novos máximos históricos.

Na classe de rendimento fixo, os principais mercados de dívida pública patentearam dinâmicas divergentes, com o dos EUA a apresentar ganhos, decorrentes da descida das yields, o que comparou com a desvalorização da generalidade dos da Área Euro. A evolução do americano ocorreu após este ter registado, desde o início de 2021, uma das piores performances dos últimos 40 anos, enquanto para o comportamento dos Europeus contribuiu a melhoria do enquadramento económico na região. No que respeita às obrigações de dívida privada, a generalidade dos segmentos valorizou no mês, beneficiando do estreitamento de prémios de risco. Nos segmentos de emissões de crédito em euros, as rendibilidades foram mais modestas, penalizados pela subida das taxas sem risco nesta região, que no caso do agregado de melhor qualidade creditícia, absorveram quase totalmente os ganhos promovidos pela redução de spreads.

A classe de matérias-primas valorizou, com quase todos os setores a averbarem ganhos. O compósito de agricultura apresentou a performance mais expressiva, com a generalidade dos bens a valorizar. Da mesma forma, no agregado de metais industriais, os vários constituintes apreciaram, atingido, inclusivamente, máximos de vários anos, impulsionados pelo anúncio de medidas de estímulo sem precedentes. O setor de energia apresentou também uma evolução favorável, com subidas nos preços de todos os componentes, em particular do petróleo, que refletiu o aumento semanal de inventários nos EUA inferior ao esperado, a par com a revisão em alta das projeções da procura global em 2021. Por fim, o segmento de metais preciosos terminou o mês com performances positivas, ao ser influenciado pela depreciação do dólar e pelo contexto de descida de taxas de juro nos EUA.

No mercado cambial, o euro denotou um comportamento misto face às moedas de países desenvolvidos e, na generalidade, de apreciação face às de emergentes. De entre as moedas do G10, de realçar o ganho face ao dólar, à libra e ao iene. Relativamente às moedas de emergentes, salientou-se a depreciação de euro contra o real brasileiro.

Por fim, no mercado monetário da Área Euro, a taxa Euribor a 3 meses manteve-se inalterada a -0,54%, a de 6 meses registou um decréscimo de 1p.b. para -0,52% e a de 12 meses permaneceu a -0,48%.

Nota: dados a 30 de abril de 2021, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Banco Central Europeu, Bureau of Economic Analysis, CME, Comissão Europeia, Eurostat, Fundo Monetário Internacional e Reserva Federal Americana.

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Acesso Caixadirecta

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No mês de abril os investidores evidenciaram uma maior propensão por ativos de risco, visível nas valorizações das classes de matérias-primas e de ações, com alguns mercados destas a atingirem novos máximos históricos ou de vários anos.