Junho 2021

15 jul 2021

Reserva Federal pondera redução das compras de ativos

Num mês em que a Fed anunciou que se irá iniciar a discussão sobre o “tapering”, os mercados acionistas voltaram a atingir máximos de vários anos, suportados pelos avanços nos processos de vacinação e pela redução das medidas de confinamento.

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Os mercados acionistas voltaram a atingir máximos de vários anos, ou em alguns casos até históricos, suportados pelos avanços nos processos de vacinação e pela redução das medidas de confinamento. Apesar do otimismo dos investidores, espelhado não só no comportamento da classe de ações mas também no de outros ativos de risco, as obrigações do tesouro apresentaram também rendibilidades positivas. A reunião de política monetária da Fed, na qual se salientaram a expectativa de subida das taxas diretoras em 2023 e o anúncio de que se irá iniciar a discussão sobre a redução do montante de compra de ativos - “tapering”-, constituiu o evento de maior destaque do mês.

Enquadramento: junho 2021

No domínio económico, o Banco Mundial divulgou o relatório de perspetivas económicas, que aponta para uma retoma da atividade global consideravelmente robusta, embora desigual, com um crescimento previsto de 5,6% em 2021, que a confirmar-se será o mais elevado em 80 anos, e de 4,3% em 2022. Todavia, esta recuperação ocorrerá a ritmos diferentes nas diversas regiões devido, em grande parte, à desigualdade no acesso às vacinas contra a COVID-19, com os países desenvolvidos a destacarem-se, também nesta perspetiva, face aos emergentes. Com efeito, o Banco Mundial estima que cerca de 90% das economias desenvolvidas atingirão os níveis de rendimento per capita de pré-pandemia em 2022, o que compara com somente 33% das emergentes.

Em termos de dados económicos, na Área Euro, os qualitativos continuaram a indicar uma recuperação da atividade da região. Neste âmbito, o Indicador de Sentimento Económico da Comissão Europeia, à semelhança do mês anterior, voltou a destacar-se, ao ter atingido o máximo de 21 anos em junho. De forma similar, os dados avançados do setor industrial e dos serviços, também referentes a junho, encontram-se em níveis bastante favoráveis.

Nos EUA, a atividade económica continuou a denotar robustez. Os dados avançados divulgados em junho, tanto da indústria como dos serviços, permaneceram em níveis historicamente elevados. Em adição, o mercado de trabalho prolongou a tendência de recuperação gradual. Especificamente, a criação líquida de postos laborais acelerou para 559 mil em maio e a taxa de desemprego desceu de 6,1% para 5,8%.

Ao nível dos bancos centrais, o Banco Central Europeu, na reunião de 10 de junho, decidiu que as aquisições de ativos no âmbito do programa PEPP (Pandemic Emergency Purchase Programme) iriam continuar a um ritmo significativamente mais elevado durante o 3ºT de 2021 do que nos primeiros meses do ano. Esta decisão alicerçou-se na necessidade de preservar as condições de financiamento em níveis favoráveis durante o período de pandemia, de forma a reduzir a incerteza ainda existente e a reforçar a confiança dos agentes económicos e, deste modo, apoiar a atividade e salvaguardar a estabilidade de preços a médio prazo.

Nos EUA, na reunião da Reserva Federal Americana (Fed), ocorrida a 16 de junho, destacaram-se vários pontos. Em primeiro lugar, foi anunciado que se iriam iniciar as conversações sobre a redução gradual do programa de compra de ativos (vulgo tapering) nas próximas reuniões. Em segundo, o dot plot (as previsões de cada participante do comité sobre a evolução esperada para as taxas diretoras) passou a indicar duas subidas de 25p.b. das taxas FF em 2023. Em terceiro e último lugar, foi evidenciada uma maior cautela relativamente à evolução da inflação - apesar do seu aumento continuar a ser avaliado como largamente transitório -, devido à incerteza sobre a duração das disrupções na oferta, uma vez que podem originar níveis de inflação mais elevados e persistentes do que o atualmente esperado.

Mercados Financeiros: junho 2021

Na classe acionista em junho, foram observados ganhos em grande parte dos mercados, os quais foram superiores nos de países desenvolvidos, suportados pela melhoria da situação pandémica e pela maior flexibilização de medidas de confinamento num conjunto de economias deste bloco. O agregado de emergentes evidenciou uma performance mais modesta, ao ser condicionado pelo comportamento negativo do mercado da China.

Na classe de rendimento fixo, as obrigações de dívida pública, tanto dos EUA como da Área Euro, apresentaram desempenhos positivos, apesar da divulgação de dados económicos favoráveis e da manutenção de métricas em inflação em valores elevados, comparativamente aos dos últimos anos. No caso específico dos EUA, salientaram-se as expectativas de redução das políticas monetárias acomodatícias da Fed, em resultado do anúncio do início das conversações sobre o tapering. Na Área Euro, destacou-se a primeira emissão obrigacionista da União Europeia para financiar o Plano de Recuperação Europeu, a qual, de acordo com a presidente da Comissão Europeia, representou a maior colocação de sempre na região. No que respeita às obrigações de dívida privada, a generalidade dos segmentos apresentou ganhos, em especial os de emissões em dólares, ao serem beneficiados pela maior queda das taxas de juro sem risco nos EUA e pelo estreitamento superior de spreads de crédito.

Em termos agregados, a classe de matérias-primas valorizou devido ao contributo positivo de energia e apesar dos contributos negativos dos restantes segmentos. Para a evolução de energia foi crucial a forte subida dos preços do petróleo, decorrente da redução dos inventários nos EUA e das expectativas de um aumento de produção por parte da OPEP+, na reunião de julho, inferior ao estipulado nas anteriores. Para a desvalorização dos metais industriais foi de especial relevância a queda da cotação do cobre, influenciada pela diminuição da procura por parte da China. Por fim, os metais preciosos observaram a maior depreciação, impactados pela apreciação do dólar, apesar do contexto de queda de taxas de juro.

No mercado cambial, o euro apresentou uma depreciação generalizada, tanto face às principais moedas dos países desenvolvidos como dos emergentes. No primeiro grupo, de destacar as perdas registadas face ao dólar e ao iene. Relativamente às moedas de emergentes, à semelhança dos dois meses precedentes, voltou a sobressair a valorização do real brasileiro face à moeda única.

Por fim, no mercado monetário da Área Euro, a taxa Euribor a 3 meses manteve-se a -0,54%, a de 6 meses a -0,52% e a de 12 meses a -0,48%.

Nota: dados a 30 de junho de 2021, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Banco Mundial; BCE; BLS; CME; Comissão Europeia; Fed.

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Acesso Caixadirecta

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