Abril 2024

17 mai 2024

Geopolítica e receios com a inflação penalizam mercados

Em abril, o recrudescimento dos riscos geopolíticos e a aceleração da inflação nos EUA, que levou a Fed a admitir considerar apropriado no curto prazo a manutenção do atual nível das taxas de juro diretoras, condicionaram os mercados financeiros.

Em abril, o recrudescimento dos riscos geopolíticos e a aceleração da inflação nos EUA condicionaram os mercados financeiros. A Fed admitiu que considera apropriado, para já, a manutenção do atual nível das taxas de juro diretoras enquanto, em contraste, o BCE reiterou a provável redução das respetivas taxas dado o panorama mais benigno da inflação e a estagnação da economia. Em paralelo, a ofensiva militar do Irão contra Israel reacendeu os receios de escalada do conflito no Médio Oriente e de repercussões no custo das matérias-primas e nas cadeias de fornecimentos globais. Ainda que as cotações do petróleo tenham permanecido estáveis, o ouro destacou-se ao alcançar um máximo histórico.

Enquadramento: abril 2024

Ao nível económico, no mês de abril o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta a estimativa de crescimento da economia global para este ano. A alteração derivou do maior otimismo relativamente ao desempenho dos EUA, enquanto a previsão para a Área Euro voltou a ser reduzida. O crescimento do PIB norte-americano abrandou no 1ºT 2024 devido sobretudo ao contributo negativo das exportações líquidas, enquanto o da procura interna permaneceu positivo. Na Área Euro, depois de um período próximo da estagnação que prevaleceu durante um ano, a economia voltou a registar um crescimento positivo no início de 2024. O PIB cresceu 0,3%, em cadeia e não-anualizado, resultado superior ao estimado (0,1%), e após a região ter sofrido uma recessão técnica durante a segunda metade de 2023. Na Ásia, a economia chinesa acelerou em termos trimestrais no 1ºT deste ano de 0,3% para 0,4%, resultado acima do previsto.

Relativamente à inflação, o FMI reviu em baixa as estimativas globais esperados quer para 2024, quer para 2025, no caso da maioria dos principais blocos e países, o que resultou em valores inferiores aos registados no ano passado. Relativamente à evolução mais recente da inflação, ainda em março a métrica agregada a nível global continuou a diminuir, tendo a variação homóloga correspondido à mais baixa desde agosto de 2021. Nos EUA, enquanto o índice de preços nas despesas do consumo (PCE) registou em março uma aceleração para 2,7% face ao mesmo mês de 2023, o valor mais elevado em quatro meses, a nível subjacente a variação permaneceu em 2,8% pelo segundo mês, prolongando a tendência de desaceleração do processo desinflacionista. Nesse sentido, destaque para o PCE subjacente nos serviços, cuja variação face ao mesmo mês do ano passado inclusive acelerou, de 3,9% para 4,0%, pelo que permanece próximo do registo de 4,1% com que encerrou 2023. Na Área Euro, a estimativa rápida do crescimento homólogo do índice harmonizado de preços no consumidor manteve-se em 2,4%, já em abril, acima do objetivo do BCE. Realce para a manutenção do contributo dos serviços pelo sexto mês, enquanto que pela primeira vez em mais de um ano o da alimentação, bebidas e tabaco não mostrou uma redução.

No que concerne aos Bancos Centrais, como esperado o CG do BCE conservou as taxas de juro, tendo a presidente Christine Lagarde reiterado um provável corte das mesmas na próxima reunião em junho. Salientou, contudo, que tal decisão encontra-se dependente do grau de convicção que a próxima ronda de estimativas económicas proporcionará acerca da eficácia da transmissão da política monetária na promoção de uma convergência sustentada da inflação em direção ao objetivo. Nos EUA, a resiliência económica demonstrada levou novamente diversos responsáveis do CG a sinalizarem a manutenção das taxas de juro diretoras nos níveis atuais durante mais tempo.

O banco central do Japão manteve em abril a taxa de juro diretora em torno de 0,0%-0,1%. Contudo, o presidente Ueda reconheceu que o CG consideraria apropriado novos aumentos caso a trajetória da economia e da inflação evolua de forma consistentes com as projeções. O BoJ apresentou novas projeções económicas destacando-se, para 2024, a revisão em baixa da previsão de crescimento, e em alta da inflação subjacente de 2,4% para 2,8%.

Mercados Financeiros: abril 2024

Após cinco meses de ganhos consecutivos, os mercados acionistas evidenciaram perdas em abril. O sentimento menos positivo decorreu, principalmente, da perspetiva de que os principais bancos centrais, em especial a Fed, possam ter de manter o atual grau restritivo da política monetária durante mais tempo do que o esperado. Em paralelo, as tensões entre o Irão e Israel contribuíram para o aumento do risco geopolítico. Neste enquadramento, os índices de referência dos EUA e do Japão destacaram-se pela negativa, enquanto o da Área Euro beneficiou da trajetória mais benigna da inflação europeia. No entanto, a resiliência dos consumidores continuou a ser espelhada nos fundamentais sólidos das empresas, que foram visíveis na confiança nos resultados corporativos do 1ºT24. Em contraste, o compósito de emergentes registou rendibilidades positivas com os maiores ganhos a advirem da China.

Na classe de rendimento fixo, os índices de referência de dívida pública registaram depreciações, num contexto de subida das taxas de juro ao longo dos diferentes prazos da curva de rendimentos. Nesta envolvência, os agregados de dívida privada também denotaram desempenhos transversalmente negativos. Os segmentos de crédito em dólares averbaram perdas superiores face aos denominados em euros, impactados pela subida mais significativa das taxas de juro norte-americanas comparativamente às suas congéneres europeias.

Já a classe de matérias-primas valorizou com o contributo positivo da maioria dos segmentos, à exceção da agricultura. O compósito de metais industriais registou os maiores ganhos, transversais à generalidade dos seus constituintes, com destaque para os do zinco, do níquel e do cobre. Nos metais preciosos, salientaram-se a prata e o ouro. Este último, impulsionado pelo estatuto de ativo de refúgio e pela escalada das tensões geopolíticas no Médio Oriente, atingiu inclusive o máximo histórico. No energético, a cotação do petróleo permaneceu estável dada a expectativa de desanuviamento das tensões entre o Irão e Israel e a divulgação de dados a refletirem o aumento dos stocks. Já o segmento de agricultura foi pressionado pela queda dos preços do algodão e do açúcar.

No que respeita ao mercado cambial, o euro depreciou em relação às principais moedas globais, ao contrário do dólar, perante o qual a moeda europeia acumula mais de 3% de queda em 2024. Realce para o iene, que depreciou novamente, atingindo em abril mínimos de cerca de 3 décadas face ao dólar, apesar do risco de intervenção das autoridades nipónicas.

No mercado monetário, as taxas Euribor mantiveram a tendência de descida nos prazos dos 3 e 6 meses, em magnitude semelhantes em ambos os casos. Pelo contrário, a taxa de referência dos 12 meses aumentou pela terceira vez no ano.

Nota: dados a 30 de abril de 2024, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Conference Board, BEA, BLS, Fed, Eurostat, BCE, Federal Reserve of New York, BoJ, SNB, Japan ESRI.

Disclaimer:
Esta informação é realizada com um objetivo informativo. Não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros assim como não deve ser considerado a base de qualquer tipo de contrato ou investimento que possa ser realizado.
A Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A. (empresa do Grupo Caixa Geral de Depósitos) defende o princípio da diversificação de investimentos, por diferentes classes de ativos, geografias e setores de atividade e o acompanhamento da evolução dos diferentes mercados financeiros.
A visão apresentada na presente informação reflete apenas o posicionamento da Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A., não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros.
A presente informação incorpora a visão desenvolvida pela Caixa Gestão de Ativos e baseia-se em informação pública disponível e nas condições de mercados à data, proveniente de várias fontes que se creem credíveis, não sendo possível garantir que a mesma esteja completa ou precisa, estando sujeita a revisões, atualizações e alterações futuras sem aviso prévio. Não pode, assim, ser imputada qualquer responsabilidade à Caixa Gestão de Ativos por perdas ou danos causados pelo seu uso.
As rendibilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rendibilidade futura.
Salvo autorização expressa da Caixa Gestão de Ativos, não está autorizada a publicação, duplicação, extração e transmissão destes conteúdos informativos. A Caixa Gestão de Ativos não se responsabiliza por qualquer facto suscetível de alterar a integridade do conteúdo desta mensagem, resultante da sua transmissão eletrónica.

Acesso Caixadirecta

Acesso Caixadirecta

Abril 2024

Geopolítica e receios com a inflação penalizam mercados

Em abril, o recrudescimento dos riscos geopolíticos e a aceleração da inflação nos EUA, que levou a Fed a admitir considerar apropriado no curto prazo a manutenção do atual nível das taxas de juro diretoras, condicionaram os mercados financeiros.