Fevereiro 2023

9 mar 2023

Inflação ainda elevada condiciona os mercados

As principais classes de ativos foram penalizadas pela persistência da inflação em níveis ainda elevados, dada a moderação dos preços ter sido inferior à esperada.

As principais classes de ativos foram penalizadas pela persistência da inflação em níveis ainda elevados, dada a moderação dos preços ter sido inferior à esperada. Neste contexto, a maioria dos mercados acionistas desvalorizou, com os piores desempenhos a serem observados na China e nos EUA. Na classe de rendimento fixo, a envolvente descrita traduziu-se no aumento da trajetória implícita em mercado para as taxas diretoras e na subida das yields. Em consequência, tanto nos EUA como na Área Euro as yields regressaram para valores superiores aos do final de 2022, resultando em perdas nos principais índices de referência.

Enquadramento: fevereiro 2023

No domínio económico, a Comissão Europeia, no seu relatório intercalar de inverno, salientou que a Área Euro deveria conseguir evitar entrar em recessão, ao contrário do que era previsto no outono. Deste modo, reviu em alta o crescimento do PIB real deste ano, de 0,3% para 0,9%. Este maior otimismo resultou do melhor desempenho do 4.º trimestre (T) de 2022 e da ocorrência de vários desenvolvimentos positivos, tais como a descida do preço do gás natural. No que respeita à inflação, esta foi ajustada em baixa de 6,1% para 5,6% em 2023. Desta forma, deveria ocorrer uma desaceleração face ao ano transato (que se fixou a 8,5%), embora continuando em níveis consideravelmente elevados. Este perfil de abrandamento adviria da descida substancial dos preços dos bens energéticos, da valorização do euro e do aperto das condições financeiras.

Ao nível de dados divulgados, na Área Euro (AE), os de confiança continuaram a indiciar resiliência da economia. Com efeito, a leitura preliminar do indicador de atividade dos serviços subiu para o máximo de oito meses, situando-se confortavelmente em território de expansão, enquanto o congénere para a indústria desceu ligeiramente, mantendo-se em território de contração. Já a confiança dos consumidores prolongou a tendência de recuperação, embora ainda se situe em níveis baixos.

Nos EUA, assistiu-se a um reforçar da solidez do mercado laboral e a uma melhoria de vários indicadores, designadamente os do consumo e os de cariz mais prospetivo. De facto, o relatório de emprego demonstrou uma criação significativa de postos de trabalho, de 517 mil, em janeiro e a descida da taxa de desemprego para apenas 3,4%. Adicionalmente, o consumo real foi robusto em janeiro e o indicador de atividade dos serviços entrou em território de expansão.

Relativamente aos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE) aumentou as taxas diretoras em 50 pontos base (p.b.), tendo adiantado que, em resultado das pressões sobre a inflação subjacente, ou seja, que exclui energia, alimentação, álcool e tabaco, tencionava subir novamente em 50p.b. na reunião de março, e que posteriormente avaliaria a trajetória subsequente. No entanto, no decurso do mês, alguns membros do BCE declararam que os aumentos não findariam em março, mencionando mesmo a possibilidade de subidas significativas. Esta postura do BCE encontra-se intrinsecamente ligada ao facto de a inflação continuar bastante elevada. Com efeito, a leitura final de inflação de janeiro ainda se cifrou a 8,6%, em variação homóloga, apesar de ter descido de 9,2%.

Nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) subiu as taxas diretoras em 25p.b. e reiterou que mais aumentos seriam apropriados. Posteriormente, na ata desta reunião, foi observado que alguns membros até apoiariam um aumento de 50p.b.. Esta perspetiva foi reiterada no decurso do mês, em resultado da forte robustez do mercado de trabalho e da firmeza da inflação em patamares elevados. De facto, a variação homóloga do índice de preços no consumidor moderou apenas marginalmente, de 6,5% em dezembro para 6,4% em janeiro. Em adição, o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE), que consiste na métrica de referência da Fed para a estabilidade de preços, para o mesmo período do Índice Preços no Consumidor (IPC), até acelerou de 5,3% para 5,4%.

Mercados Financeiros: fevereiro 2023

Em fevereiro, a maioria dos mercados de ações desvalorizou, após os fortes ganhos registados no primeiro mês do ano. A evolução da classe foi condicionada pelos receios com a persistência da inflação em níveis elevados, dada a moderação dos preços ter sido inferior à esperada. No final do mês, grande parte dos constituintes dos principais índices de referência já tinham publicado os resultados do 4.º T de 2022. Em termos gerais, estes caracterizam-se pela queda homóloga dos lucros, apesar do crescimento das receitas, e com a proporção das empresas que surpreendeu as estimativas dos analistas a ser relativamente baixa.

No que respeita à classe de rendimento fixo, os índices de dívida pública registaram perdas, que resultaram numa forte subida das yields. Esta dinâmica adveio do ajuste em alta das perspetivas para a evolução das taxas diretoras e, principalmente, por ser cada vez mais consensual a expectativa que a política monetária terá de permanecer em níveis restritivos por um período alargado. Os mercados de dívida privada também foram penalizados pelo contexto de forte aumento das taxas de juro sem risco. Deste modo, a maioria dos segmentos de crédito apresentaram desempenhos negativos, com destaque para a perda do de Investment Grade (IG) em dólares, em função, principalmente, da maturidade média superior destes títulos.

A classe de matérias-primas desvalorizou, devido, sobretudo, ao contributo negativo de metais industriais e de metais precisos. Em específico, a desvalorização significativa de metais industriais espelhou as incertezas sobre a procura advinda da China e a recuperação do dólar. O segmento de metais preciosos também foi afetado pela apreciação do dólar face às principais moedas, numa envolvente de subida de taxas de juro. Por fim, salientou-se ainda a queda dos preços do petróleo e dos seus derivados, impactados pelo aumento da produção da OPEP e pelas notícias de tensões entre alguns membros desta organização.

Já no mercado cambial, esteve em destaque o desempenho do dólar. A moeda norte-americana apresentou um perfil generalizado de apreciação tanto face às moedas mais transacionadas globalmente, as do G10, designadamente o euro, como face às principais moedas de países emergentes. Esta dinâmica adveio do mercado ter incorporado que as taxas diretoras se situariam em níveis mais altos e por mais tempo. Já o euro também evidenciou um perfil maioritariamente de apreciação, embora menos vincado do que o do dólar.

No mercado monetário da AE, a taxa Euribor subiu nos principais prazos de referência, a de 3 meses +23p.b. para 2,74%, a de 6 meses +30p.b. para 3,29% e a de 12 meses +31p.b. para 3,73%.

Nota: dados a 28 de fevereiro de 2023, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Comissão Europeia, BEA, BLS, BCE e Fed.

Disclaimer:
Esta informação é realizada com um objetivo informativo. Não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros assim como não deve ser considerado a base de qualquer tipo de contrato ou investimento que possa ser realizado.
A Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A. (empresa do Grupo Caixa Geral de Depósitos) defende o princípio da diversificação de investimentos, por diferentes classes de ativos, geografias e setores de atividade e o acompanhamento da evolução dos diferentes mercados financeiros.
A visão apresentada na presente informação reflete apenas o posicionamento da Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A., não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros.
A presente informação incorpora a visão desenvolvida pela Caixa Gestão de Ativos e baseia-se em informação pública disponível e nas condições de mercados à data, proveniente de várias fontes que se creem credíveis, não sendo possível garantir que a mesma esteja completa ou precisa, estando sujeita a revisões, atualizações e alterações futuras sem aviso prévio. Não pode, assim, ser imputada qualquer responsabilidade à Caixa Gestão de Ativos por perdas ou danos causados pelo seu uso.
As rendibilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rendibilidade futura.
Salvo autorização expressa da Caixa Gestão de Ativos, não está autorizada a publicação, duplicação, extração e transmissão destes conteúdos informativos. A Caixa Gestão de Ativos não se responsabiliza por qualquer facto suscetível de alterar a integridade do conteúdo desta mensagem, resultante da sua transmissão eletrónica.

Acesso Caixadirecta

Acesso Caixadirecta

Fevereiro 2023

Inflação ainda elevada condiciona os mercados

As principais classes de ativos foram penalizadas pela persistência da inflação em níveis ainda elevados, dada a moderação dos preços ter sido inferior à esperada.