Julho 2023

10 ago 2023

Manutenção do pendor positivo nos mercados de ações

Em julho, a continuação da tendência de valorização dos mercados acionistas, com alguns a situarem-se próximo dos máximos históricos, como foi o caso do norte-americano, espelhou uma perspetiva económica mais benigna que a descontada anteriormente.

Em julho, a continuação da tendência de valorização dos mercados acionistas, com alguns a situarem-se próximo dos máximos históricos, como foi o caso do norte-americano, espelhou uma perspetiva económica mais benigna que a descontada anteriormente. Para tal, contribuiu a maior resiliência da atividade e dos resultados empresariais, bem como a moderação observada nos indicadores de inflação, em especial nos EUA. Neste contexto, os investidores aumentaram a exposição à classe de ações, para valores que poderão ser considerados historicamente elevados. O maior otimismo foi também visível no desempenho das obrigações de dívida privada, com destaque para o segmento High Yield.

Enquadramento: julho 2023

No domínio económico, o Fundo Monetário Internacional publicou o seu relatório intercalar de perspetivas, no qual notou que a atividade continuava a demonstrar resiliência, embora enfrentando desafios, nomeadamente o aperto monetário dos bancos centrais para combater a inflação. Neste contexto, o crescimento do PIB real global deveria registar um abrandamento de 3,5%, em 2022, para 3,0%, em 2023 (um ajuste em alta face a 2,8% no relatório de abril) e manter-se nesse registo em 2024 (inalterado). Este crescimento historicamente baixo, de 3,0%, adviria do bloco desenvolvido, para o qual foi projetada uma desaceleração de 2,7%, em 2022, para 1,5%, em 2023 (vs. 1,3% em abril) e para 1,4%, em 2024 (sem revisão).

Ao nível de indicadores divulgados em julho, os da Área Euro (AE) continuaram a refletir alguma fragilidade da atividade. O Eurostat publicou a leitura preliminar do PIB real do 2ºT de 2023 que apontou para um crescimento em cadeia de 0,3%, após a estagnação no 1ºT. Contudo, esta variação deverá ter sido impulsionada pela Irlanda que cresceu 3,3%, uma vez que a Itália contraiu 0,3% e a Alemanha e Portugal estagnaram. Já a França e Espanha cresceram 0,5% e 0,4%, respetivamente.

Nos EUA os dados espelharam maior robustez económica. A primeira leitura do PIB real do 2ºT de 2023 indicou uma aceleração do crescimento em cadeia, de 0,5% no 1ºT para 0,6%, com uma composição favorável, segundo o Bureau of Economic Analysis. Em adição, o consumo permaneceu resiliente, apoiado por um mercado de trabalho sólido. A título de exemplo, a taxa de desemprego permaneceu em níveis historicamente baixos, tendo, inclusivamente, descido de 3,7% em maio para 3,6% em junho.

Relativamente aos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE) decretou o nono incremento consecutivo das taxas diretoras, desta feita de 25 pontos base. Em adição, esta autoridade anunciou que a remuneração das reservas mínimas que os bancos são legalmente obrigados a deter junto do BCE passaria da taxa de depósito para 0%. No que respeita ao futuro, a presidente, C. Lagarde, informou que a partir daquela reunião todas as decisões dependerão da evolução dos dados económicos. Desta forma, clarificou que na reunião de setembro tanto poderiam aumentar as taxas como mantê-las, estando apenas excluídos cortes. Ademais, a inflação continuava muito elevada e por demasiado tempo. Aliás, a leitura preliminar da inflação continuou acima do objetivo, ao ter passado de 5,5% em junho para 5,3% em julho.

Nos EUA, a Reserva Federal norte-americana (Fed) aumentou as Fed Funds em 25p.b. para o intervalo [5,25%-5,50%], após a pausa de junho. O presidente, J. Powell, salientou que se os dados o justificarem poderiam aumentar novamente em setembro, mas que também era possível optarem pela estabilidade. Aliás, indicou que poderiam sempre aumentar numa reunião posterior. Adicionalmente, considerou que a inflação tem descido, mas que a convergência para 2% ainda tem um longo caminho a percorrer. De notar, que o índice de preços PCE, o índice de referência da Fed, desacelerou de 3,8% em maio para 3,0% em junho e excluindo alimentação e energia de 4,6% para 4,1%.

Mercados Financeiros: julho 2023

Em julho os mercados acionistas observaram ganhos, com alguns a situarem-se próximo dos máximos históricos. No bloco desenvolvido, destacaram-se os títulos norte-americanos, que espelharam uma perspetiva económica mais benigna que a descontada anteriormente. Para este padrão de menor aversão ao risco contribuiu o início da época de resultados do 2º trimestre, com várias empresas a divulgarem, tanto nos EUA como na AE, números acima das expectativas dos analistas. O agregado de emergentes, por seu turno, averbou ganhos ainda mais expressivos, impulsionado pela valorização expressiva dos títulos da China que, por sua vez, beneficiaram da expectativa de implementação de medidas de estímulo à economia, incluindo de suporte ao setor imobiliário e de promoção da procura interna.

Na classe de rendimento fixo, os principais índices de dívida pública averbaram perdas, fomentadas pela subida de yields nos prazos mais longos, enquanto as taxas de juro de títulos com menor maturidade denotaram quedas marginais. Para esta dinâmica afigurou-se como relevante o tom ligeiramente menos agressivo das autoridades monetárias, tanto dos EUA como da AE, nas suas orientações futuras. Já a generalidade dos segmentos de dívida privada registou desempenhos positivos, possibilitados pelo estreitamento expressivo dos prémios de risco, mais vincado nos emitentes de grau especulativo de emissões em dólares.

A classe de matérias-primas valorizou, com todos os segmentos a denotarem ganhos. Mais especificamente, salientou-se o contributo positivo de energia, que beneficiou da forte subida das cotações do petróleo e derivados, por seu turno sustentados pela perspetiva de uma oferta global mais restrita. No que concerne ao segmento de metais industriais, todos os constituintes valorizaram num contexto económico mais benigno que anteriormente descontado. Concretamente, realçaram-se os futuros do níquel, cuja tendência foi mais pronunciada atendendo aos inventários reduzidos e às perspetivas de maior procura. Similarmente, a maioria das cotações dos bens agrícolas subiu. Por último, os metais preciosos também denotaram ganhos, numa conjuntura marcada pela depreciação do dólar.

Já no mercado cambial, o euro patenteou um desempenho, na sua maioria, de queda face às moedas do G10 bem como às de emergentes. Aliás, no universo do G10, apenas valorizou contra o dólar, o dólar canadiano e a coroa dinamarquesa. Este movimento de depreciação da moeda única resultou da divulgação de indicadores económicos abaixo do esperado e que apontam para enfraquecimento da atividade a par do banco central ter adotado uma retórica menos agressiva.

No mercado monetário da AE, a Euribor com o prazo de 3 meses subiu 14p.b. para 3,72% e a de 6 meses +3p.b. para 3,93%. Por seu turno, a de 12 meses desceu 7p.b. para 4,06%.

Nota: dados a 31 de julho de 2023, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: FMI, Eurostat, BLS, BEA, BCE e Fed.

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Acesso Caixadirecta

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Manutenção do pendor positivo nos mercados de ações

Em julho, a continuação da tendência de valorização dos mercados acionistas, com alguns a situarem-se próximo dos máximos históricos, como foi o caso do norte-americano, espelhou uma perspetiva económica mais benigna que a descontada anteriormente.