Maio 2023

13 jun 2023

Risco de incumprimento nos EUA influenciou mercados

Em maio, alguns índices de referência de ações valorizaram, salientando-se o do Japão, que alcançou máximos de 30 anos dado o contexto doméstico positivo, e o dos EUA, que beneficiou do desempenho favorável de empresas tecnológicas.

Em maio, verificou-se um incremento da incerteza quanto à capacidade do governo dos EUA cumprir com as suas obrigações financeiras, devido à ausência de acordo para o aumento do teto da dívida federal. Porém, alguns índices de referência de ações valorizaram, nomeadamente o do Japão, que alcançou máximos de 30 anos dado o contexto doméstico positivo, e o dos EUA, que beneficiou do desempenho favorável de empresas tecnológicas. Já na classe obrigacionista, salientaram-se as perdas nos mercados de dólares, dado o aumento das expectativas de novas subidas das taxas, por parte da Reserva Federal. Em consonância, o dólar apreciou de forma generalizada.

Enquadramento: maio 2023

No domínio económico, a Comissão Europeia (CE) realçou, no relatório de perspetivas económicas de primavera, a resiliência que a economia da Área Euro (AE) tem demonstrado num contexto global desafiante. Neste sentido, considerou que os últimos dados de crescimento do 4ºT e do 1ºT foram melhores do que o esperado, o que permitiu ajustamentos em alta da variação anual do PIB real, de 0,9% no relatório de inverno para 1,1%, em 2023 e, de 1,5% para 1,6%, em 2024. Este melhor desempenho foi possibilitado pela descida dos preços de energia, pelo desvanecimento das disrupções nas cadeias de produção, pela melhoria da confiança dos empresários e pela robustez do mercado de trabalho.

Ao nível de indicadores, os referentes à AE, publicados no decurso do mês de maio, demonstraram um arrefecimento da atividade. De facto, a leitura preliminar do indicador de atividade dos serviços, referente a maio, desceu, embora permanecendo em território de expansão. O congénere da indústria caiu para o mínimo de 36 meses, encontrando-se em contração desde julho de 2022. Na mesma linha, o indicador de sentimento económico da CE baixou para o mínimo desde novembro de 2022. A contrastar, esteve o mercado de trabalho que se manteve sólido, com a taxa de desemprego a ter descido para o mínimo da série, de 6,5%.

Nos EUA, os indicadores publicados foram mais favoráveis, nomeadamente os referentes ao consumo e ao mercado de trabalho. Com efeito, o consumo ajustado pela inflação cresceu 0,5%, após a estagnação de março. Já a taxa de desemprego desceu para níveis ainda mais baixos, de 3,5% em março para 3,4% em abril, e a criação de postos de trabalho acelerou de 165 mil para 253 mil, de acordo com o Bureau of Labor Statistics.

Relativamente aos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE) decretou, na reunião de 4 de maio, o aumento das taxas diretoras em 25 pontos base (p.b.). Adicionalmente, informou que as decisões futuras assegurariam que as taxas seriam colocadas em níveis suficientemente restritivos para baixar a inflação e que aí manter-se-iam enquanto fosse necessário. Com este intuito, o BCE guiar-se-ia pela evolução dos dados económicos. Importa notar que, segundo o Eurostat, a inflação total de abril cifrou-se a 7,0%, em variação homóloga (v.h.), e que a subjacente - excluindo energia, alimentação, álcool e tabaco - a 5,6%. Ao longo do mês, os discursos dos governadores do BCE demonstraram alguma divergência sobre quantos mais incrementos serão necessários para baixar a inflação, com alguns a considerarem que o que falta é marginal.

Nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) também aumentou as Fed Funds em 25p.b., tendo tornado mais dúbio se um aperto adicional da política monetária seria necessário. No entanto, as declarações dos membros, no decurso do mês, mostravam um enviesamento para mais uma subida, mas saltando a reunião de junho, de modo a obterem mais informação económico-financeira. Relativamente à inflação, foi mencionado que esta continuava elevada. Aliás, o índice de preços PCE, que consiste na métrica de referência da Fed, acelerou de 4,2% v.h. em março para 4,4% em abril e a vertente que exclui alimentação e energia de 4,6% para 4,7%.

Mercados Financeiros: maio 2023

Em maio, os mercados acionistas evidenciaram ganhos, suportados pelo balanço positivo da época de resultados e pela perceção de que poder-se-á estar a aproximar o fim do ciclo de aumento das taxas diretoras. Este comportamento ocorreu apesar da incerteza resultante dos eventos recentes no setor bancário regional norte-americano e do impasse nas negociações sobre o limite da dívida federal dos EUA, cujo acordo ocorreu apenas no final do mês. No bloco desenvolvido, no qual os ganhos foram mais expressivos, salientaram-se as valorizações do Japão, impulsionado pelo contexto doméstico positivo, e dos EUA. Já nos emergentes, apesar da maioria das geografias ter valorizado, o registo foi mais modesto, em virtude das perdas nos índices de referência da China, penalizado pelas tensões com os EUA.

Na classe de rendimento fixo, os principais índices de dívida pública demonstraram tendências divergentes, com a desvalorização do mercado dos EUA a contrapor-se com os ligeiros ganhos nos da Área Euro. Para tal, demonstrou-se relevante o impasse em torno do teto da dívida nos EUA, com a Secretária do Tesouro, a chegar a alertar que o governo poderia deixar de conseguir satisfazer todas as suas obrigações já em junho. Da mesma forma, na dívida privada, os desempenhos divergiram, com os segmentos de emissões em dólares a registarem perdas, ao serem penalizados pelo contexto de subida das taxas de juro sem risco nos EUA.

A classe de matérias-primas depreciou, com todos os segmentos a denotarem perdas, mais acentuadas no de energia e de metais industriais. O desempenho negativo da componente energética refletiu a queda das cotações tanto do petróleo e derivados como do gás natural para entrega nos EUA, este último, reflexo da forte produção doméstica. Do mesmo modo, todos os componentes do agregado de metais industriais desvalorizaram, penalizados pela redução da procura e pela recuperação da oferta. Este enquadramento afetou particularmente o zinco, que atingiu mínimos de julho de 2020. Também a maioria dos constituintes do agregado de agricultura desvalorizou, perante perspetivas de redução de procura num enquadramento de aumento de inventários.

Já no mercado cambial, o dólar observou, na generalidade, um perfil de apreciação tanto face às moedas mais transacionadas globalmente, as do G10, nomeadamente o euro, bem como face às dos principais países emergentes, designadamente o rand sul-africano. Aliás, o índice dólar, um cabaz que compara a referida moeda contra as de 6 países desenvolvidos, averbou uma valorização em torno de 2,5%. Já o euro depreciou face à maioria das moedas do G10, e às dos países emergentes.

No mercado monetário da AE, a taxa Euribor subiu nos principais prazos de referência, na maturidade de 3 meses +20p.b. para 3,46%, na de 6 meses +10p.b. para 3,75% e na de 12 meses 6p.b. para 3,94%.

Nota: dados a 31 de maio de 2023, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Comissão Europeia, Eurostat, BLS, BEA, BCE e Fed.

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Acesso Caixadirecta

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