Desde os mínimos de março, o otimismo dos investidores contribuiu para a recuperação generalizada dos ativos de maior risco. De entre estes, destacaram-se os mercados acionistas americanos que registaram valorizações expressivas, com a principal referência a atingir novos máximos históricos no início de setembro. A correção que se seguiu, apesar de ter sido numa dimensão semelhante à ocorrida em junho e mais notória no setor tecnológico, não foi acompanhada da mesma forma por outros mercados e classes de ativos.
Enquadramento: setembro 2020 No domínio económico , a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico divulgou o seu relatório intercalar de perspetivas económicas, desta feita intitulado “Coronavírus: viver com a incerteza”. Face ao de junho, que contemplava dois cenários igualmente prováveis - de uma e de duas vagas de COVID-19 - no relatório atual volta a apresentar um cenário central. Assim, o PIB real global deverá contrair 4,5% em 2020 (o que compara com as projeções de junho de -6,0% no cenário de uma vaga e de -7,6% no de duas vagas) e crescer 5,0% em 2021 (versus 5,2% e 2,8% nos dois cenários, respetivamente). Apesar da menor contração esperada em 2020 e de um crescimento significativo no próximo ano, na maioria das economias o nível de PIB no final de 2021 deverá permanecer inferior ao verificado em 2019.
Nos EUA, de acordo com o Bureau of Labor Statistics , a taxa de desemprego desceu de 10,2% em julho para 8,4% em agosto, encontrando-se 4,9 pontos percentuais (p.p.) acima da verificada em fevereiro. Neste âmbito, observou-se um aumento de 1,4 milhões de postos de trabalho no mês, tendo já sido recuperada cerca de metade dos 22 milhões empregos perdidos entre março e abril. Por seu turno, o PIB real do 2ºT de 2020 foi revisto em alta pela segunda vez, ao passar de -9,1%, em cadeia, para -9,0%. Consequentemente, o nível de PIB real dos EUA no final do 2ºT situava-se cerca de 10% abaixo do registado no final de 2019.
Na Área Euro, o Eurostat manteve a estimativa de contração em cadeia de 11,8% do PIB real no 2ºT, a maior desde o início da série em 1995. Deste modo, o PIB da região encontrava-se 15,1% abaixo do nível observado no final de 2019, com este hiato na Alemanha a ser de -11,5%, em França de -18,9%, em Itália de -17,6% e em Portugal de -17,2%. Adicionalmente, segundo a estimativa para setembro do indicador avançado de atividade, os serviços entraram em território de contração.
Ao nível dos bancos centrais, nos EUA salientou-se, na reunião da Reserva Federal americana (Fed) de 16 de setembro, a adoção de um objetivo de inflação média de 2%. Neste sentido, após períodos de evolução dos preços persistentemente abaixo deste valor, a instituição almejará atingir um valor moderadamente superior, de forma a alcançar uma média do mesmo nível ao longo do tempo. Deste modo, comprometeu-se a prosseguir com uma política monetária acomodatícia até que este resultado seja alcançado tal como o pleno emprego. Assim, o comité de política monetária afirmou que pretende manter as Fed Funds (FF) a [0-0,25%] até que o mercado de trabalho se encontre no pleno emprego, que a inflação atinja os 2% e se encontre numa trajetória para exceder moderadamente este nível por algum tempo.
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE), na reunião de 10 de setembro, reafirmou a postura acomodatícia da política monetária. Na declaração introdutória, a retoma económica foi caracterizada como robusta, apesar de ter sido notada uma divergência entre o setor industrial (que continua a recuperar) e o dos serviços (que observou uma moderação). No que respeita ao balanceamento de riscos para o panorama económico, este permaneceu com viés negativo. Importa também assinalar a inclusão no documento da evolução da taxa de câmbio como um fator a ser monitorizado, dadas as implicações para as perspetivas de inflação a médio prazo. No âmbito deste indicador, foi mencionado que, tendo em conta os preços dos futuros sobre o petróleo e a descida temporária do IVA na Alemanha, seria provável a permanência da métrica em níveis negativos nos próximos meses.
Mercados Financeiros: setembro 2020 A maioria dos mercados acionistas apresentou performances negativas, influenciados pela incerteza em torno das eleições presidenciais nos EUA e pelo receio de a aceleração dos casos de COVID-19 a nível global poder gerar uma perda de vigor da retoma económica. Entre os mais penalizados, evidenciaram-se os dos EUA e o da Área Euro, este último refletindo, também, a deterioração das negociações do “Brexit”. Em contraposição, estiveram as rendibilidades positivas do mercado japonês e do bloco emergente.
Na classe de governos o desempenho positivo das obrigações de dívida pública da Área Euro comparou com a relativa estabilidade dos EUA. Para o melhor comportamento dos títulos europeus contribuiu a maior descida das yields da Alemanha, que na maturidade dos 10 anos variaram -13 pontos base (p.b.) face à queda de apenas 2 p.b. das americanas. Para a referida dinâmica das taxas de juro alemãs terá sido relevante os condicionalismos criados ao crescimento europeu pela aceleração de casos de COVID-19 na região, visível no abrandamento de alguns indicadores de atividade. Já as obrigações de dívida privada patentearam perdas em quase todos os segmentos, em virtude do aumento dos prémios de risco de crédito. A exceção acabou por ser o de Investment Grade em euros, com o alargamento dos spreads a ser mais que compensado pelo efeito positivo da queda das taxas de juro sem risco.
No que respeita à classe de matérias-primas , esta apresentou uma evolução negativa pela desvalorização verificada em quase todos os agregados. O compósito de energia foi o maior contribuidor para esta performance, no qual se destacou a queda do contrato para entrega em novembro do gás natural, superior a 13%. Nos metais industriais, as maiores variações negativas foram as dos preços do níquel e do zinco em torno de 5%, pressionadas por aumentos de produção. Na componente de metais preciosos, verificou-se a descida tanto do ouro como da prata, superior a 4% e 17%, respetivamente. A exceção na classe acabou por ser o comportamento positivo do setor de agricultura, em especial pela valorização da soja e do milho.
No mercado cambial , o mês foi marcado pela quebra na tendência de depreciação generalizada da moeda norte-americana. Com efeito, o índice dólar, que compara a referida moeda contra as de 6 países desenvolvidos, registou uma subida de 1,9%. De entre estas, denotou um ganho de 1,8% face ao euro, de 3,4% face à libra e uma depreciação de 0,4% face ao iene.
Por fim, no mercado monetário da Área Euro, a Euribor a 3 meses variou -2p.b., para -0,50% (igualando a taxa de facilidade de depósito do BCE), a de 6 meses -3p.b., para -0,48%,e a de 12 meses -6p.b., para -0,44%.
Nota: Dados a 30 de setembro de 2020, as rendibilidades obtidas constituem performances totais em moeda local ou de referência.
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Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Banco Central Europeu, Bureau of Economic Analysis, Bureau of Labor Statistics, Eurostat, Reserva Federal dos Estados Unidos, CME Group.
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