Abril 2023

11 mai 2023

Resiliência económica e empresarial suporta ações

No mês, assistiu-se ao aumento da propensão dos investidores por ativos de risco mais elevado, o que gerou suporte para a valorização da classe acionista.

Em abril, assistiu-se ao aumento da propensão dos investidores por ativos de risco mais elevado, o que gerou suporte para a valorização da classe acionista. Para este ambiente, de maior otimismo, demonstraram-se relevantes os resultados empresariais, dada a proporção relativamente elevada de empresas com números acima do esperado, e a resiliência económica. Em contraposição, estiveram as obrigações em euros, ao serem condicionadas pelo enviesamento para um maior aperto da política monetária na Área Euro. Neste contexto, voltou a estar descontado em mercado que a taxa de depósito do BCE atinja em 2023 os 3,75%, ou seja, +75p.b. que o nível decretado na reunião de março.

Enquadramento: abril 2023

No domínio económico, o Fundo Monetário Internacional, no seu relatório de perspetivas económicas, salientou que a retoma prevalecia, mas que o panorama era desafiante. Se, por um lado, a atividade beneficiava da reabertura da economia chinesa e a recuperar gradualmente dos impactos da pandemia e do conflito militar na Ucrânia. Por outro, o aperto expressivo e sincronizado da política monetária a nível mundial, de modo a baixar os valores elevados de inflação para o objetivo de estabilidade de preços dos bancos centrais, deveria condicionar o seu desempenho. Deste modo, o PIB real global deveria abrandar de 3,4% em 2022 para 2,8% em 2023, e posteriormente acelerar para 3,0% em 2024.

Ao nível de dados divulgados, na Área Euro (AE), realçou-se, a divulgação das leituras preliminares do PIB real do 1ºT de 2023 que melhoraram face ao trimestre anterior, porém, na sua maioria, não tanto como o antecipado pelos analistas. Mais concretamente e ao nível dos principais Estados-membros, a Alemanha estagnou, após a contração verificada do 4ºT de 2022, França manteve o ritmo de 0,2%, Espanha e Itália aceleraram ambas 0,5% e o da região cresceu 0,1%, segundo os dados do Eurostat. No que respeita a Portugal, observou um crescimento robusto de 1,6%. Relativamente a outros indicadores, observou-se uma melhoria em vários, após o arrefecimento de março.

Nos EUA, também foi conhecida a leitura preliminar do PIB real do 1ºT, que aponta para uma desaceleração, em cadeia, de 0,6% no 4ºT para 0,3%. Todavia, a composição foi favorável, uma vez que se verificou uma aceleração do consumo privado, o qual representa perto de 70% do PIB norte-americano. O mercado de trabalho continuou resiliente, embora haja indícios de alguma moderação.

Relativamente aos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou a ata da reunião de política monetária de março, na qual aumentou as taxas diretoras em 50 pontos base (p.b.). Segundo o documento, esta decisão foi apoiada por uma ampla maioria de governadores, uma vez que consideravam que a inflação continuava demasiada elevada e demonstrava persistência. Deste modo, foi observado que a política monetária ainda tinha algum caminho a percorrer para a reduzir, algo reforçado nos comentários proferidos pelos membros ao longo do mês. Importa enquadrar que a inflação total, em variação homóloga, desacelerou de 8,5% em fevereiro para 6,9% em março, devido à queda dos preços de energia. Contudo, a subjacente - a que exclui energia, alimentação, álcool e tabaco - acelerou de 5,6% para 5,7%.

De forma similar, nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) também divulgou a ata da reunião de março, na qual subiu as Fed Funds (FF) em 25p.b., e ficou patente que os governadores reduziram as expectativas de subidas das FF devido à turbulência no sistema bancário. Algo também relevante foi o facto de estar refletido a perspetiva, da equipa de economistas da Fed, de que iria ocorrer uma ligeira recessão no final do presente ano. No que concerne à inflação, foi considerado que esta ainda permanecia elevada. Neste ponto, o índice de preços PCE, que consiste na métrica de referência da Fed para a estabilidade de preços, desacelerou de 5,1% v.h. em fevereiro para 4,2% em março e a vertente que exclui alimentação e energia de 4,7% para 4,6%.

Mercados Financeiros: abril 2023

Em abril, grande parte dos principais mercados acionistas valorizou, refletindo a época de resultados favorável, a par com a expectativa dos investidores de uma atenuação do viés restritivo dos bancos centrais, apesar de permanecerem os receios sobre a resiliência de alguns bancos regionais norte-americanos. No bloco desenvolvido salientou-se a evolução do mercado nipónico, cujo índice de referência atingiu máximos de vários meses, ao ser beneficiado pela depreciação do iene face às principais moedas. Em contraposição esteve o registo negativo do agregado de emergentes, em função, principalmente, da desvalorização dos mercados de Taiwan e da China, influenciados pela expectativa de contração da atividade industrial chinesa e pelas tensões diplomáticas e comerciais deste último país com os EUA.

Na classe de rendimento fixo, os principais índices de dívida pública denotaram tendências divergentes no mês, com a apreciação nos EUA a contrapor-se à relativa estabilidade do compósito europeu. Esta dicotomia ocorreu em virtude da queda mais vincada dos prémios de risco de inflação nos EUA, contrariamente à Alemanha, onde o prémio de risco da inflação ficou relativamente inalterado. Já os segmentos de dívida privada apresentaram uma evolução positiva, sobretudo os de emissões em dólares, ao serem beneficiados pela diminuição das taxas de juro e pela propensão dos investidores por ativos de risco mais elevado.

A classe de matérias-primas depreciou, com todos os segmentos a registarem contributos negativos, com exceção dos metais preciosos. Neste último, evidenciou-se a subida do preço da prata, suportado pela expectativa de aumento da procura para fins industriais. Pela negativa destacaram-se as perdas em metais industriais, condicionados pelas preocupações com a procura. Já no de agricultura, quase todos os constituintes desvalorizaram, com os preços do açúcar e do café a constituírem uma exceção. Por último, os bens energéticos patentearam dinâmicas divergentes, com os ganhos no petróleo, impulsionados pelos cortes na oferta anunciados pelos países da OPEP, a contraporem-se às quedas dos preços dos derivados do petróleo e do gás natural.

Já no mercado cambial, destacou-se o bom desempenho do euro face à maioria das moedas mais transacionadas globalmente, as do G10, nomeadamente o dólar, bem como face às dos principais países emergentes. Este comportamento adveio da postura do BCE, que reforçou a perspetiva de continuidade do endurecimento monetário. Por seu lado, a moeda norte-americana apresentou um perfil misto contra à maioria do G10, mas, na sua maioria, de apreciação face às de emergentes.

No mercado monetário da AE, a taxa Euribor subiu nos principais prazos de referência, na maturidade de 3 meses +23p.b. para 3,27%, na de 6 meses +30p.b. para 3,65% e na de 12 meses 26p.b. para 3,88%.

Nota: dados a 28 de abril de 2023, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: FMI, Eurostat, BEA, BCE e Fed.

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Acesso Caixadirecta

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No mês, assistiu-se ao aumento da propensão dos investidores por ativos de risco mais elevado, o que gerou suporte para a valorização da classe acionista.