Agosto 2023

22 set 2023

Yields dos EUA atingem máximos de quase 2 décadas

A perspetiva de que as taxas diretoras americanas poderão manter-se em níveis restritivos por mais tempo que o anteriormente esperado resultou no aumento das yields dos EUA, que atingiram os valores mais elevados em quase duas décadas.

A perspetiva de que as taxas diretoras americanas poderão manter-se em níveis restritivos por mais tempo que o anteriormente esperado resultou no aumento das yields, que atingiram os valores mais elevados em quase duas décadas. Para tal demonstrou-se relevante o fórum de política monetária da Fed, onde foram sublinhadas as preocupações com a persistência da inflação em níveis elevados. Em paralelo, na China, a fragilidade do setor imobiliário traduziu-se num incremento dos receios sobre a robustez desta economia. Consequentemente, assistiu-se à desvalorização das classes de rendimento fixo americano e de ações, tendo-se salientado, nesta última, as perdas no agregado de emergentes.

Enquadramento: agosto 2023

No domínio económico, os dados da Área Euro, divulgados no decorrer do mês de agosto, continuaram a demonstrar fragilidade económica. Neste âmbito, salientou-se a leitura preliminar do dado de atividade dos serviços de agosto, que entrou em território de contração, pela primeira vez desde o final do ano transato, algo não antecipado pelos analistas, juntando-se ao congénere da indústria que se situa nesse patamar há catorze meses consecutivos. Adicionalmente, a primeira estimativa do indicador de confiança dos consumidores piorou, após quatro meses de recuperação. Por seu turno, foi publicada a taxa de desemprego de junho, que permaneceu no mínimo histórico, de 6,4%. Ademais, o Eurostat divulgou a segunda estimativa do crescimento real do PIB do 2ºT23, que confirmou o registo em cadeia, de 0,3%, sendo de realçar que a composição ainda não foi divulgada.

Nos EUA, a maioria dos indicadores refletiu resiliência económica. Com efeito, os dados referentes a julho das vendas a retalho e da produção industrial aceleraram face ao mês anterior e foram, inclusivamente, superiores ao esperado pelos analistas. Em adição, o mercado de trabalho continuou sólido, apesar de evidenciar alguns sinais de suavização. Assim, a criação de postos de trabalho de julho cifrou-se em níveis saudáveis, a 187 mil, embora em níveis inferiores aos do início do ano, e a taxa de desemprego desceu, de 3,6% para 3,5%. Todavia, as leituras preliminares de atividade da indústria e dos serviços de agosto evidenciaram uma descida, embora apenas o primeiro se situe em território de contração. Por fim, o BEA reviu em baixa o crescimento real do PIB do 2ºT23, de 0,6% em cadeia para 0,5%.

Relativamente aos bancos centrais, o mês foi marcado pelo fórum de política monetária da Reserva Federal Americana (Fed), em Jackson Hole. No seu discurso, J. Powell, presidente da desta autoridade, salientou que a inflação continuava demasiado elevada e, consequentemente, a Fed encontrava-se preparada para aumentar as taxas, se assim considerasse necessário. Adicionalmente, indicou que tencionando manter a política monetária num nível suficientemente restritivo para que a inflação convirja para 2%. Desta forma, informou que nas próximas reuniões avaliariam a evolução dos dados e decidiriam se deviam aumentar a restritividade ou mantê-la. Neste âmbito, o índice de preços PCE acelerou de uma variação homóloga de 3,0% em junho para 3,3% em julho.

Na Área Euro (AE), o Banco Central Europeu divulgou a ata da reunião de julho, na qual foi reconhecido o enfraquecimento da economia da região e considerado os riscos para a inflação como equilibrados. Em paralelo, foi debatido até que ponto o arrefecimento da atividade já era atribuível à restritividade da política monetária. Neste enquadramento, os membros evitaram qualquer compromisso quanto ao possível aumento das taxas na reunião de setembro. Em especifico, no que respeita à inflação, referiram que os dados estavam a ser divulgados em linha com as projeções, o que foi visto como um sinal de estabilização da inflação. Com efeito, a estimativa preliminar para a variação homóloga do índice de preços em agosto manteve-se a 5,3%.

Mercados Financeiros: agosto 2023

Em agosto grande parte dos mercados acionistas denotou perdas, sendo, contudo, de destacar alguma volatilidade ao longo do mês, com o desempenho positivo das últimas semanas a não ser suficiente para colmatar a desvalorização observada no início do período. Para a evolução do agregado de países desenvolvidos contribuíram as quedas da AE e dos EUA, perante a expectativa de que a política monetária em ambas as regiões possa permanecer restritiva durante algum tempo. O agregado de emergentes, que registou as perdas mais acentuadas, foi penalizado pelo desempenho negativo da China, que refletiu a divulgação de dados que indiciam o abrandamento da atividade, a par com a emergência de novos riscos para o sistema financeiro local, contagiado pelas fragilidades das empresas do setor imobiliário deste país.

Na classe de rendimento fixo, os principais índices de dívida pública evidenciaram tendências distintas, com as valorizações dos europeus a contrastarem com a queda no dos EUA. No caso concreto deste último, o movimento que se traduziu na subida de yields, sobretudo das emissões de maior maturidade, fez com que estas atingissem os níveis mais elevados de vários anos. Já os segmentos de dívida privada registaram desempenhos positivos, com a exceção a ser o de IG em dólares, penalizado pela maturidade média mais elevada dos seus títulos e, por conseguinte, por ser o mais sensível à subida das taxas.

A classe de matérias-primas desvalorizou, penalizada pelas quedas de quase todos os segmentos, com exceção do de energia. Para a evolução deste último foi crucial a subida das cotações do petróleo e derivados, sustentados pela redução de inventários e perspetivas de uma menor oferta global. No que concerne ao agregado de metais industriais, quase todos os constituintes evidenciaram variações negativas, reflexo da divulgação de dados económicos menos benignos sobre a atividade da China. Similarmente, o compósito agrícola desvalorizou, em resultado das quedas dos preços do trigo, milho e café. Por fim, os metais preciosos foram afetados pela envolvente de aumento das taxas de juro nos EUA e de apreciação do dólar.

Já no mercado cambial, o euro patenteou um desempenho, na sua maioria, de apreciação tanto face às moedas do G10 bem como às de emergentes. Aliás, no universo do G10, apenas desvalorizou contra o dólar, tendo permanecido relativamente estável face à libra, ao franco suíço e à coroa dinamarquesa. Este movimento de subida da moeda única ocorreu apesar da divulgação de indicadores económicos abaixo do esperado e que apontam para enfraquecimento da atividade.

No mercado monetário da AE, a Euribor com o prazo de 3 meses subiu 8p.b. para 3,80%, a de 6 meses +6p.b. para 3,99% e a de 12 meses 12 meses +4p.b. para 4,10%.

Nota: dados a 31 de agosto de 2023, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: BCE, BEA, BLS, Eurostat, Fed e U.S. Census Bureau.

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Acesso Caixadirecta

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Yields dos EUA atingem máximos de quase 2 décadas

A perspetiva de que as taxas diretoras americanas poderão manter-se em níveis restritivos por mais tempo que o anteriormente esperado resultou no aumento das yields dos EUA, que atingiram os valores mais elevados em quase duas décadas.