Fevereiro 2024

14 mar 2024

Tecnologia impulsiona mercados acionistas

Em fevereiro, os mercados acionistas mantiveram a tendência de valorização, com os principais índices a alcançarem novos máximos históricos ou níveis mais elevados em várias décadas.

Em fevereiro, os mercados acionistas mantiveram a tendência de valorização, com os principais índices a alcançarem novos máximos históricos ou níveis mais elevados em várias décadas. Este ambiente otimista refletiu uma perspetiva económica benigna e resultados empresariais positivos, em especial nos segmentos de inteligência artificial e semicondutores. Em contraposição, as obrigações foram penalizadas pela subida das yields, dada a diminuição das expectativas de mercado quanto ao número de eventuais cortes de taxas diretoras. A Fed e o BCE salientaram que a diminuição da restritividade monetária é prematura, mas admitem maior flexibilidade no 2º semestre do ano, caso a inflação diminua consistentemente para 2%.

Enquadramento: fevereiro 2024

Ao nível económico, destaque em fevereiro para a divulgação das Previsões do inverno de 2024 da Comissão Europeia (CE), nas quais as projeções de crescimento para a UE em 2024 e 2025 foram reduzidas. A Comissão estima agora que a atividade cresça este ano apenas 0,9%, abaixo da previsão de 1,3% do outono, e após 0,5% em 2023. Na AE, a alteração da estimativa foi na mesma magnitude, neste caso para 0,8%. Em 2025 o PIB deverá crescer 1,7% e 1,5%, na UE e AE, respetivamente. A CE assume ainda que o contexto económico no início de 2024 é mais fraco do que o esperado em outubro. Esta entidade deu destaque, no entanto, aos desenvolvimentos favoráveis que sucederam desde as previsões anteriores, quer ao nível dos salários reais, devido à redução da inflação, quer do mercado de trabalho, com consequências benéficas para o consumo. Como tal, considerou que continuam reunidas condições para uma aceleração gradual da atividade. Ainda na AE, os indicadores de fevereiro respeitantes à atividade das empresas reforçaram o contexto de recuperação a duas velocidades, com o indicador dos serviços, ao contrário do da indústria, a abandonar terreno de contração, enquanto a confiança dos consumidores permaneceu num nível muito baixo. Nos EUA, realce para os primeiros números do ano referentes à atividade real, os quais desapontaram, com as quedas mensais do consumo real, da produção na indústria e das remessas de bens de capital a apontarem para uma moderação do crescimento económico durante o presente trimestre.

Relativamente ao crescimento dos preços, no que concerne às referidas previsões, a CE reiterou a previsão de um contexto desinflacionista na AE. Após um ligeiro aumento no primeiro trimestre deste ano, a inflação homóloga deverá arrefecer marginalmente no segundo semestre, perspetivando-se que possa diminuir de forma mais considerável no próximo ano. Já o crescimento anual de preços deverá cifrar-se em 2,7% em 2024, após 5,4% em 2023, estimativa revista em baixa face aos 3,2% anteriores. Quanto aos relatórios de inflação divulgados, quer para os EUA, quer para a AE, os mesmos demonstraram reduções marginais ao nível do crescimento do índice subjacente devido ao contributo ainda elevado da componente dos serviços.

No que respeita aos Bancos Centrais, na ausência de qualquer comité de política monetária, no último mês a atenção de investidores e de analistas esteve concentrada não só nas intervenções públicas de membros dos Conselhos de Governadores (CG), como também, e sobretudo, nas conclusões das atas dos conselhos que decorreram em janeiro. De forma transversal, foi sinalizada a intenção de não decretar qualquer redução das taxas de juro de referência até que subsista um maior grau de confiança em torno da sustentabilidade do processo desinflacionista em curso.

Concordante com as intervenções públicas, assistiu-se no mês a uma retração das expetativas dos investidores relativamente aos níveis de taxa de juro diretora que deverão prevalecer no final do corrente ano, quer nos EUA, quer na AE. Destaque ainda para a decisão por parte do Banco Central da China de redução, em 25 p.b. da taxa de juro de referência para o crédito hipotecário, para 3,95%, um decréscimo superior ao estimado e que correspondeu ao maior desde a implementação em 2019 da respetiva taxa.

Mercados Financeiros: fevereiro 2024

Em fevereiro, a maioria dos mercados acionistas apreciou, com destaque para os do bloco desenvolvido, atendendo à época de resultados favoráveis, pese embora o tom cauteloso dos representantes das empresas. Neste agregado, destacou-se o Japão, que atingiu máximos de mais de três décadas, impulsionado pela subida dos títulos de tecnologia, em consonância com o congénere americano, beneficiando ainda da depreciação do iene. De salientar ainda o índice de referência norte-americano, que atingiu um novo máximo histórico. No que respeita ao compósito de emergentes, que também valorizou, os ganhos mais expressivos advieram da China, pese embora alguma volatilidade durante no mês decorrente da persistência de indícios de dificuldades financeiras no setor imobiliário.

Na classe de rendimento fixo, os índices de referência de dívida pública registaram perdas, reflexo, por um lado, de dados económicos resilientes, e por outro, da relutância dos bancos centrais em sinalizar uma política monetária mais flexível. Neste âmbito, de destacar a reduzida visibilidade sobre o próximo ciclo de flexibilização em termos de início, ritmo e duração do mesmo. Já os agregados de dívida privada patentearam dinâmicas distintas, embora globalmente penalizados pelo contexto de subida de yields. Assim, os de Investment Grade (IG) apresentaram perdas, em contraposição aos de High Yield (HY), que beneficiaram do estreitamento de prémios de risco.

A classe de matérias-primas desvalorizou, em virtude do contributo negativo de todos os segmentos. O de agricultura registou as maiores perdas, transversais à maioria dos seus constituintes, face a aumentos dos inventários e expectativas de melhores colheitas. No energético salientou-se pela negativa a queda expressiva dos preços do gás natural, perante um excedente de oferta e níveis elevados de armazenamento. Contudo, de notar que a cotação do petróleo patenteou subidas, impulsionada por uma perspetiva de forte recuperação da procura a curto prazo por parte de várias instituições internacionais, a par com uma série de interrupções de atividade nas refinarias dos EUA que impediram o fornecimento. No caso dos metais industriais, quase todos os constituintes depreciaram, em particular o zinco e o cobre. Da mesma forma, os preços de metais preciosos caíram no mês, sobretudo o da prata, em virtude da procura mais reduzida para fins industriais.

Já no mercado cambial, o euro apreciou face a grande parte das moedas, um comportamento influenciado pela retórica mais cautelosa por parte dos membros do BCE. De forma semelhante, o dólar teve um desempenho favorável no mês e apreciou comparativamente às principais moedas.

No mercado monetário, a taxa Euribor aumentou para os prazos dos 3, 6 e 12 meses, o primeiro incremento sequencial dos três desde os meses de agosto e setembro do ano passado. No caso dos 12 meses, o incremento correspondeu ao maior em 7 meses.

Nota: dados a 29 de fevereiro de 2024, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Conference Board, BEA, BLS, Fed, Eurostat, BCE.

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Acesso Caixadirecta

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Tecnologia impulsiona mercados acionistas

Em fevereiro, os mercados acionistas mantiveram a tendência de valorização, com os principais índices a alcançarem novos máximos históricos ou níveis mais elevados em várias décadas.