Janeiro 2024

20 fev 2024

Mercados acionistas atingem novos máximos

O início do ano foi caracterizado pela continuação do desempenho positivo dos mercados acionistas, salientando-se o nipónico e o norte-americano, com o índice de referência para os EUA a alcançar um novo máximo histórico.

O início do ano foi caracterizado pela continuação do desempenho positivo dos mercados acionistas, salientando-se o nipónico e o norte-americano, com o índice de referência para os EUA a alcançar um novo máximo histórico. Para tal contribuiu a maior confiança dos investidores no processo desinflacionista em curso e o facto de a moderação nos preços estar a ser conseguida num contexto de relativa resiliência económica. Em contraste, as obrigações de governos evidenciaram perdas, penalizadas pelos comentários proferidos por membros da Fed e do BCE, de que a restritividade das políticas monetárias, por enquanto, será para manter, sendo prematuro esperar no curto prazo cortes de taxas diretoras.

Enquadramento: janeiro 2024

Ao nível económico, as estimativas preliminares divulgadas pelas entidades responsáveis voltaram a demonstrar um quadro de maior crescimento da economia norte-americana, durante o último trimestre de 2023, em comparação com a da Área Euro. Nos EUA, o ritmo de expansão de 0,8%, em cadeia, do PIB real, para o qual se salientou em larga medida o contributo do consumo privado, contrastou fortemente com a estagnação na região europeia, onde inclusive a economia alemã registou uma contração no trimestre de 0,3%.

Comum às duas regiões, os respetivos indicadores conhecidos continuaram a evidenciar um contexto de robustez do mercado de trabalho, com as taxas de desemprego em ambos os casos próximas dos mínimos históricos, o qual, a par da desaceleração da inflação, tem permitido uma melhoria do rendimento disponível das famílias, em termos reais.

Apesar disso, em janeiro, as tendências demonstradas pelos dados de sentimento das famílias permaneceram contrárias. Se no caso dos EUA os níveis de confiança dos consumidores voltaram a aumentar mais do que o esperado, no caso da Área Euro surpreendeu em baixa, regressando ao nível mais baixo de cinco meses. De igual modo, o grau de atividade empresarial revelou um contraste entre os EUA e a Europa. Enquanto no primeiro caso se cifrou num máximo de sete meses, no segundo, apesar da estabilização, permaneceu em terreno associado a contração, à imagem, aliás, do sucedido durante a segunda metade de 2023.

Relativamente ao crescimento dos preços, os relatórios divulgados, respeitantes ainda ao mês de dezembro, mostraram uma aceleração em termos homólogos. Este efeito, que era já antecipado, teve como explicação a menor queda dos preços da componente energética, associada a efeitos de base desfavoráveis. Em termos das medidas subjacentes, o crescimento homólogo dos preços conservou a tendência de moderação gradual, que tem vindo a evidenciar no decurso dos últimos meses.

No que respeita aos Bancos Centrais, como esperado, quer a Fed, quer o BCE, à semelhança de outras instituições, nas reuniões de política monetária ocorridas durante o mês, mantiveram as taxas de juro diretoras inalteradas. No bloco europeu, a presidente Christine Lagarde referiu que qualquer discussão acerca de cortes de taxas diretoras foi consensualmente considerada pelo Conselho de Governado como “prematura”. Os sinais de firmeza ao nível do mercado de trabalho foram também citados por ambas as autoridades, assim como o crescimento da atividade, no caso norte-americano, como indutores de riscos em alta para a inflação, contribuindo para a postura ainda cautelosa destas autoridades.

Ainda assim, enalteceram a descida da inflação, considerando os respetivos níveis das taxas de juro como restritivos o suficiente para conduzir o crescimento dos preços no consumidor em direção ao objetivo de médio prazo. Nesse sentido, alteraram o enviesamento anterior, em que estariam a considerar uma maior restritividade à política monetária para uma orientação mais neutra e dependente dos dados económicos.

Mercados Financeiros: janeiro 2024

Em janeiro, grande parte dos mercados acionistas valorizou, sobretudo no bloco desenvolvido, beneficiando da época favorável de resultados, pese embora o tom cauteloso relativamente às perspetivas dos representantes das empresas. Em destaque esteve o desempenho positivo do Japão, suportado pela depreciação do iene para mínimos de várias semanas. Esta conjuntura permitiu, inclusivamente, que o mercado nipónico registasse o melhor desempenho de um mês de janeiro em 26 anos. De salientar ainda o facto de o índice de referência norte-americano ter atingido um novo máximo histórico. No que respeita ao agregado de mercados emergentes, a dinâmica foi distinta, em função das quedas do índice de referência chinês, ao ser penalizado pelas preocupações com o setor imobiliário do país e pela manutenção das tensões com os países ocidentais.

Na classe de rendimento fixo, os índices de referência de dívida pública desvalorizaram, após os fortes ganhos observados nos últimos dois meses do ano transato. Contudo, nos últimos dias de janeiro, assistiu-se a alguma recuperação destes mercados, perante a maior convicção quanto ao aproximar dos cortes nas taxas diretoras e à sua dimensão. Já os segmentos de dívida privada divergiram, com o de IG em dólares a registar perdas, penalizado pelo referido contexto em virtude da maior maturidade média dos títulos que o compõem, enquanto os de emissões em euros apreciaram, beneficiados pelo estreitamento de spreads.

A classe de matérias-primas valorizou marginalmente, suportada pelo contributo positivo do segmento de energia, por seu turno impulsionado pela subida do preço do petróleo e seus derivados, em função do risco de um conflito geopolítico mais vasto no Médio Oriente. A valorização deste colmatou, inclusivamente, a queda nos preços do gás natural nos EUA, que refletiram níveis de reservas acima da média de longo prazo e o aumento da produção. Em oposição, os metais industriais denotaram perdas, penalizados pela prolongada crise do sector imobiliário na China, o principal consumidor mundial de matérias-primas. De notar que, nos metais preciosos, cujo registo também foi negativo, as perdas mais acentuadas foram na prata, impactada pela menor procura para fins industriais. Realce ainda para a queda do segmento de agricultura, afetado sobretudo pelas descidas nos preços do milho, do trigo e da soja.

Já no mercado cambial, face ao euro, o dólar apreciou enquanto o iene depreciou, com a moeda nipónica a situar-se próximo do seu nível mais baixo de muitos anos.

No mercado monetário, a taxa Euribor para o prazo dos 3 meses manteve-se estável, enquanto para o dos 12 meses foi observado um acréscimo, o primeiro aumento mensal desde setembro do ano transato.

Nota: dados a 31 de janeiro de 2024, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Conference Board, BEA, BLS, Fed, Eurostat, BCE.

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Acesso Caixadirecta

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Mercados acionistas atingem novos máximos

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