Junho 2024

13 jul 2024

BCE antecipa-se à Fed e corta as taxas em junho

A apreciação das ações europeias foi suspensa pelos resultados das eleições na UE, ao contrário das norte-americanas que beneficiaram de sinais de desinflação. Reforçámos, a exposição a obrigações soberanas, em específico as norte-americanas.

No início de junho, o BCE, perante a perspetiva da inflação convergir para o seu objetivo e o crescimento anémico da atividade europeia, anunciou o corte das taxas diretoras, em 0,25 p.p., o primeiro em cerca de 5 anos. Esta decisão contribuiu para dar suporte aos ativos de risco até meados do mês, porém, os resultados das eleições para o Parlamento Europeu penalizaram o mercado acionista na região, enquanto que o dos EUA manteve a tendência ascendente. Em paralelo, nos EUA, evidências recentes sobre a evolução dos preços reforçam a confiança sobre o processo desinflacionista. Neste contexto, reforçámos a exposição à classe de obrigações, em específico aos títulos de governos dos EUA.

Enquadramento: junho 2024

Ao nível económico, os indicadores norte-americanos divulgados em junho continuaram a apontar para uma desaceleração do consumo e do mercado de trabalho. Apesar da recuperação em maio, após a contração em abril, as despesas das famílias estiveram concentradas em bens e serviços não discricionários e menos sensíveis ao contexto de taxas de juro muito elevadas. A nível laboral, embora a criação de postos de trabalho tenha sido superior ao esperado, a taxa de desemprego registou o segundo incremento mensal consecutivo, para 4,0%, a percentagem mais elevada desde o início de 2022. Outro segmento que refletiu os efeitos dos níveis elevados das taxas de juro foi o imobiliário onde perante a forte redução dos pedidos de hipoteca, a construção de novas habitações caiu para o nível mais baixo em quatro anos, e a venda de habitações novas e usadas sofreu quedas. Na Área Euro (AE), onde o Eurostat confirmou a aceleração do crescimento no 1ºT 2024, os indicadores de atividade das empresas e de sentimento económico revelaram decréscimos em junho, sugerindo uma perda de robustez da economia no final do 2ºT 2024.

Relativamente à inflação, a métrica agregada a nível global voltou a diminuir em maio, mantendo a redução ininterrupta a que se assiste desde outubro de 2022. Apesar disso, nos principais blocos as leituras homólogas permanecem acima dos objetivos de médio prazo dos respetivos bancos centrais. No caso da AE, realce de novo para o papel das componentes dos serviços, o qual permaneceu predominante, ao contribuir de forma decisiva para a manutenção da variação homóloga do índice subjacente em 2,9%, contrariando a expetativa de descida para 2,8%. Nos EUA, a variação do índice de referência da Fed para a avaliação as pressões inflacionistas, o PCE subjacente, manteve-se pelo quarto mês em 2,8%, acima do objetivo designado de 2 p.p..

No que concerne aos Bancos Centrais, o Conselho de Governadores (CG) do BCE decretou em junho uma redução de 25 p.b. das taxas diretoras, como esperado, fixando a de depósito em 3,75% e justificando a decisão com a intenção de aliviar o grau de restritividade da política monetária, e como consequência do pré-comprometimento assumido em abril. Tendo admitido que as pressões internas sobre os preços e o crescimento dos salários permanecem “elevados”, absteve-se de transmitir sinais claros acerca da trajetória futura das taxas diretoras, ao declarar que o corte não representou necessariamente o início de uma série de descidas sequenciais das referidas taxas de juro. Para além disso, reafirmou a dependência das futuras decisões em função da evolução dos indicadores. Os especialistas do BCE incrementaram ligeiramente, e como esperado, as percentagens estimadas de crescimento do PIB e da inflação para 2024, de 0,6% para 0,9%, e de 2,3% para 2,5%. Para o próximo ano, os valores projetados para o crescimento da atividade e dos preços sofreram alterações distintas, com uma redução no primeiro caso e um aumento no outro, a nível agregado e subjacente.

No Japão, no Reino Unido e nos EUA, os bancos centrais mantiveram as taxas de juro sem alteração. Destaque no caso da Fed para a projeção por parte dos membros do CG de apenas uma redução este ano, menos duas do que em março. Pelo contrário, o banco nacional da Suíça voltou a reduzir a taxa de referência em 25 p.b., à semelhança de março, enquanto o do Canadá determinou a primeira diminuição (25 p.b.) do atual ciclo.

Mercados Financeiros: junho 2024

Os mercados acionistas registaram, em grande parte, ganhos em junho, tendo vários atingido, novamente, máximos históricos. Neste contexto, no bloco desenvolvido destacou-se o norte-americano que foi impulsionado pelos títulos do setor de tecnologia. Também o nipónico encerrou o mês num registo positivo, com o índice de referência a atingir o nível mais elevado em várias décadas, suportado pela desvalorização do iene, pelo maior otimismo da confiança empresarial no Japão e pela publicação de dados económicos benignos. O compósito de emergentes, por seu turno, teve um desempenho superior ao de desenvolvidos, beneficiando das valorizações significativas dos mercados acionistas de Taiwan e da Coreia do Sul, refletindo os ganhos nas ações de tecnologia numa conjuntura positiva para as empresas com atividade no segmento da inteligência artificial.

Na classe de rendimento fixo, os índices de referência de dívida pública dos EUA e da Alemanha denotaram ganhos decorrentes da queda das taxas de juro. Esta trajetória foi mais saliente na curva de rendimentos germânica, num mês em que o BCE cortou a taxa de depósito pela primeira vez em cinco anos. Também os agregados de dívida privada denotaram ganhos, em virtude da queda das yields, que minorou o impacto negativo do alargamento dos prémios de risco creditício.

Em junho, a classe de matérias-primas registou perdas em função da desvalorização dos segmentos de metais industriais e de agricultura. Neste último a maioria dos componentes registou depreciações, devido às expectativas de aumento da oferta. Similarmente, a cotação de vários metais industriais patenteou quedas, num contexto de existências robustas e incertezas do lado da procura. Uma nota para o agregado de metais preciosos que, pese embora a apreciação marginal do ouro, desvalorizou pressionado pela descida do preço da prata. Em contraposição estiveram os ganhos do compósito de energia, impulsionados pela subida da cotação do petróleo e derivados. A queda das existências de petróleo bruto nos EUA e os sinais de um aumento da procura, bem como a persistência das tensões geopolíticas no Médio Oriente fomentaram esta tendência.

Já no mercado cambial, o euro depreciou face ao dólar perante a expectativa, que se veio a concretizar, do BCE decretar o corte das taxas diretoras. Porém, em relação ao iene, a divisa europeia registou ganhos, alcançando o máximo de várias décadas.

No mercado monetário, as taxas Euribor denotaram o quarto mês consecutivo de queda nos prazos dos 3 e 6 meses. O referencial dos 12 meses diminuiu pela primeira vez desde março, fixando a taxa no nível mínimo dos últimos 5 meses.

Nota: dados a 30 de junho de 2024, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: BEA, BLS, US Census Bureau, MBA, NAR, Fed, Eurostat, BCE, BoJ, SNB, BoC.

Disclaimer:
Esta informação é realizada com um objetivo informativo. Não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros assim como não deve ser considerado a base de qualquer tipo de contrato ou investimento que possa ser realizado.
A Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A. (empresa do Grupo Caixa Geral de Depósitos) defende o princípio da diversificação de investimentos, por diferentes classes de ativos, geografias e setores de atividade e o acompanhamento da evolução dos diferentes mercados financeiros.
A visão apresentada na presente informação reflete apenas o posicionamento da Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A., não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros.
A presente informação incorpora a visão desenvolvida pela Caixa Gestão de Ativos e baseia-se em informação pública disponível e nas condições de mercados à data, proveniente de várias fontes que se creem credíveis, não sendo possível garantir que a mesma esteja completa ou precisa, estando sujeita a revisões, atualizações e alterações futuras sem aviso prévio. Não pode, assim, ser imputada qualquer responsabilidade à Caixa Gestão de Ativos por perdas ou danos causados pelo seu uso.
As rendibilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rendibilidade futura.
Salvo autorização expressa da Caixa Gestão de Ativos, não está autorizada a publicação, duplicação, extração e transmissão destes conteúdos informativos. A Caixa Gestão de Ativos não se responsabiliza por qualquer facto suscetível de alterar a integridade do conteúdo desta mensagem, resultante da sua transmissão eletrónica.

Acesso Caixadirecta

Acesso Caixadirecta

Junho 2024

BCE antecipa-se à Fed e corta as taxas em junho

A apreciação das ações europeias foi suspensa pelos resultados das eleições na UE, ao contrário das norte-americanas que beneficiaram de sinais de desinflação. Reforçámos, a exposição a obrigações soberanas, em específico as norte-americanas.