Maio 2024

12 jun 2024

Economia e resultados conduzem ações a máximos

Em maio, as ações valorizaram, tendo os índices dos EUA e da Europa atingido máximos, suportados por consumo e lucros empresariais sólidos. Contudo, o dinamismo da procura pode afetar o processo de desinflação e limitar a margem de atuação do BCE e da Fed

Em maio, os principais mercados acionistas valorizaram, recuperando das perdas de abril, tendo alguns alcançado novos máximos, em concreto os índices de referência dos EUA e da Europa. Embora o crescimento global esteja a desacelerar, o consumo sólido, dada a robustez do mercado de trabalho, suportou os lucros empresariais, algo visível na época de resultados, com uma elevada proporção dos reportes acima das expectativas. Tal dinamismo da procura, ao dificultar o processo de desinflação, poderá reduzir a margem de atuação do BCE e da Fed para cortarem as taxas de juro diretoras, com o mercado a descontar, até ao final do ano, decréscimos das respetivas taxas em pelo menos 0,50 p.p. e a Fed 0,25p.p..

Enquadramento: maio 2024

Ao nível económico, no mês de maio a Comissão Europeia (CE) divulgou as previsões da primavera de 2024, tendo reiterado a perspetiva de melhoria gradual da atividade na Área Euro (AE). Antecipa um crescimento de 0,8% do PIB este ano, ou o dobro do de 2023, antes de acelerar para 1,4% no próximo. Nos EUA, o BEA (Bureau of Economic Analysis) reviu em baixa o crescimento do 1ºT 2024, de 1,6% para 1,3%, em cadeia e anualizado, devido ao contributo afinal menor do consumo das famílias, o qual denotou entretanto uma contração em abril. Já na AE, depois do retorno do crescimento económico a terreno de expansão no 1ºT 2024, os indicadores de atividade empresarial de maio voltaram a melhorar, sobretudo o dos serviços, enquanto a taxa de desemprego atingiu um novo mínimo de 6,4%. Na China, os dados de atividade reforçaram o contexto de uma economia a duas velocidades, com a produção industrial e o investimento público a mostrarem uma evolução favorável, mas contrária à do consumo das famílias, afetado ainda pela debilidade do setor imobiliário.

Relativamente à inflação, a CE reviu em baixa a estimativa anual da AE quer para 2024, quer para 2025, em resultado das alterações no que diz respeito aos principais países membros. Relativamente à evolução mais recente da inflação, ainda em abril a métrica agregada a nível global voltou a diminuir, com a componente subjacente a mostrar igual tendência. Os EUA constituíram a exceção, dado que a medida de referência da Fed para a avaliar as pressões dos preços permaneceu inalterada em 2,8% em abril pelo quarto mês. Na AE, respeitante já a maio, a estimativa rápida do crescimento homólogo do índice harmonizado de preços no consumidor demonstrou um incremento da variação homóloga de 2,4% para 2,6%, resultado que se deveu, contudo, a efeitos de base desfavoráveis relacionados com o controlo e a subsidiação de preços de transportes públicos na Alemanha e de energia, em alguns países, em maio do mês passado, e que não ocorreram este ano.

No que concerne aos Bancos Centrais, a ata do Conselho de Governadores (CG) do BCE, que decorreu entre os dias 10 e 11 de abril, demonstrou que a hipótese de redução das taxas de juro diretoras este mês é “plausível”. O CG absteve-se de debater medidas posteriores tendo sido reconhecido, mesmo que implicitamente, que não é aconselhável que prevaleça um grande desfasamento em relação às previsíveis alterações das taxas da Fed devido a potenciais consequências negativas quer ao nível do processo desinflacionista, quer do desempenho das exportações. Além disso, foi confirmado que alguns membros já foram favoráveis a uma redução das taxas de juros em abril.

O CG da Fed deliberou que as taxas de juro diretoras permanecessem sem alteração em maio, como esperado, tendo a partir da declaração divulgada e das palavras do presidente, Jerome Powell, ficado patente uma convergência dos membros do Conselho no sentido daquelas terem que permanecer mais elevadas e durante mais tempo num nível considerado “restritivo”. Num mês em que o Banco Central da Suécia se tornou na segunda instituição no bloco desenvolvido a agravar a taxa diretora, e em que mais um membro do Banco de Inglaterra votou a favor de um aumento da respetiva taxa, diversas autoridade monetárias do bloco emergente, quer da Ásia, quer da América Latina, decretaram novas reduções das suas taxas diretoras.

Mercados Financeiros: maio 2024

Os mercados acionistas registaram ganhos em maio, tendo recuperado das perdas registadas no mês anterior e alguns, inclusivamente, alcançado novos máximos históricos, como foi o caso dos índices de referência norte-americano e europeu. Em 2024 a classe de ações continua, desta forma, a demostrar resiliência à inflação persistente e à postecipação de cortes de taxas diretoras por parte dos bancos centrais, em especial pela Fed, apresentando uma tendência de apreciação consistente e reduzida volatilidade. Neste contexto, o mercado de ações dos EUA evidenciou a maior valorização, impulsionada pelo setor tecnológico e pela favorável época de resultados do 1ºT. Em paralelo, a AE acompanhou a dinâmica e beneficiou da maior convicção que o BCE flexibilize a sua política monetária em junho. Já no Japão, a acentuada depreciação do iene parece começar a pesar sobre os consumidores e as ações nipónicas.

Na classe de rendimento fixo, os índices de referência de dívida pública denotaram desempenhos opostos, tendo o norte-americano apreciado, enquanto o europeu desvalorizou, ainda que marginalmente. Para tal foi relevante a postura mais cautelosa da Fed, refletida na descida das yields, apesar da expectativa do BCE cortar as taxas em primeiro lugar. Assim, os agregados de dívida privada denotaram transversalmente ganhos, em virtude da queda das yields nos EUA e do estreitamento dos prémios de risco, à exceção do HY em dólares.

Em maio, a classe de matérias-primas registou ganhos suportados pela generalidade dos seus segmentos, à exceção da energia. Os metais preciosos destacaram-se ao evidenciarem a maior valorização no mês, principalmente devido à apreciação da prata. Além de beneficiar do aumento dos riscos geopolíticos, tal como o ouro, a prata foi ainda favorecida pela maior procura para fins industriais, em concreto na produção de painéis solares e de veículos elétricos. O compósito de agricultura também patenteou apreciações, com destaque para o óleo de soja e do trigo, no segundo caso atingindo os máximos dos últimos nove meses, devido a preocupações sobre as colheitas mundiais. Em contraste, a energia denotou perdas dada a queda da cotação do petróleo a não ser compensada pela subida do gás natural.

Já no mercado cambial, o euro apreciou em relação ao dólar, num mês em que a moeda norte-americana foi pressionada pelas declarações do presidente da Fed que não deverá ser apropriado subir ainda mais as taxas diretoras. Realce para o iene, que depreciou face ao euro, mas recuperou parcialmente da forte depreciação, no presente ano, em relação ao dólar.

No mercado monetário, as taxas Euribor voltaram a denotar um terceiro mês de queda nos prazos dos 3 e 6 meses. Pelo contrário, a taxa de referência dos 12 meses aumentou pela segunda vez consecutiva, a quarta desde o início do ano.

Nota: dados a 31 de maio de 2024, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Conference Board, BEA, BLS, Fed, Eurostat, BCE, Federal Reserve of New York, BoJ, SNB, Japan ESRI.

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Acesso Caixadirecta

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Em maio, as ações valorizaram, tendo os índices dos EUA e da Europa atingido máximos, suportados por consumo e lucros empresariais sólidos. Contudo, o dinamismo da procura pode afetar o processo de desinflação e limitar a margem de atuação do BCE e da Fed