Março 2024

17 abr 2024

Ações alcançam, novamente, máximos históricos

Em março, a predisposição revelada pelos Bancos Centrais para reduzir o grau de restritividade das políticas monetárias, dado os riscos para a atividade, contribuiu para que os principais índices acionistas alcançassem novos máximos históricos.

Em março, a Fed e o BCE, conforme o esperado, mantiveram inalteradas as taxas diretoras, no entanto, voltaram a revelar uma predisposição para reduzir o grau de restritividade das políticas monetárias na segunda metade do ano. Embora as evidências recentes espelhem o abrandamento do ritmo desinflacionista, estas autoridades continuaram a antecipar a moderação do crescimento dos preços, salientando os riscos para a atividade decorrentes do carácter restritivo da sua atual política monetária. O enquadramento descrito contribuiu para que os principais índices acionistas alcançassem novos máximos históricos, tendo-se destacado o desempenho dos setores de energia e de materiais.

Enquadramento: março 2024

Ao nível económico, em março foram publicados os relatórios finais respeitantes ao crescimento do PIB das principais economias durante o quarto trimestre de 2023. Enquanto na Área Euro (AE) o Eurostat confirmou a estagnação da economia, as entidades competentes reviram em alta o crescimento quer nos EUA, quer no Japão. Neste caso, a revisão resultou num contexto em que a economia nipónica escapou a uma recessão técnica. Em termos do comportamento dos indicadores de atividade real, ao contrário dos EUA, onde demonstraram um desempenho positivo, na AE surpreenderam pela negativa, com particular destaque para a produção industrial. Em paralelo nos dois blocos salientou-se a divulgação de relatórios de confiança de empresários e de consumidores, bem como da atividade das empresas, com tom positivo. Destaque neste caso, para os dados relativos às principais economias do sul da Europa. Realce ainda, na China, para os indicadores de atividade alusivos aos dois primeiros meses do ano, os quais mostraram uma melhoria do crescimento em relação à fase final do ano transato.

Relativamente ao crescimento dos preços, a nível global, quer a métrica total, quer a subjacente, prolongaram em março a tendência de diminuição que têm vindo a apresentar no decurso dos meses anteriores. A diminuição dos valores da inflação tem-se consubstanciado num decréscimo das expetativas de crescimento dos preços por parte dos consumidores nos EUA e na Área Euro numa magnitude muito próxima. Em ambos os blocos, apesar dos valores homólogos mais recentes, de fevereiro, terem correspondido aos mais baixos em quase dois anos, estes voltaram, à imagem dos três meses anteriores, a revelar um ritmo de diminuição mais lento do que aquele que se observou durante os primeiros nove meses de 2023. Naquele mês, tal desempenho foi principalmente resultado do contributo da energia, e, numa menor dimensão, dos bens não-energéticos.

Os principais Bancos Centrais estiveram em destaque devido à realização dos conselhos de política monetária, e à divulgação de novas projeções económicas por parte do Fed e do BCE. A autoridade monetária da Área Euro manteve, como antecipado, as taxas de juro diretoras inalteradas, tendo a presidente Christine Lagarde endossado a ideia de uma diminuição em junho, quando o Conselho de Governadores dispuser de informação mais atualizada, nomeadamente, acerca do crescimento dos salários. Quanto à revisão das projeções económicas, os economistas do BCE reduziram os valores de inflação para 2023 e 2024. Similarmente nos EUA, onde o banco central conservou de igual modo o intervalo de referência para a taxa de juro diretora, no comunicado divulgado a evolução da atividade económica foi caraterizada como “sólida”, e o do emprego como “forte”. Neste caso, os especialistas melhoraram não só as projeções de crescimento do PIB, como apresentaram também uma visão mais benigna para a inflação e para o desemprego, quer para este ano e até 2026.

Destaque, por fim, para o Banco Nacional da Suíça que reduziu a taxa diretora em 25 p.b., para 1,5% (primeiro banco central do G10 a fazê-lo no pós-pandemia), e para o Banco do Japão que decretou o primeiro aumento da taxa de juro diretora desde 2007, retirando-a de terreno negativo.

Mercados Financeiros: março 2024

Em março, a maioria dos mercados acionistas valorizou, com destaque para os do bloco desenvolvido, em particular o da Área Euro (AE) e o do Japão. Neste mês ocorreu a divulgação de resultados de uma parte expressiva das empresas destas regiões, pautada pelas surpresas positivas, o que beneficiou os índices, pese embora o tom cauteloso dos representantes daquelas. De referir que os principais índices atingiram novos máximos históricos, caso dos EUA, da AE e do Japão. No que respeita ao compósito de emergentes, que também valorizou, os ganhos mais expressivos advieram de Taiwan, que atingiu um máximo de sempre, e da Coreia do Sul, ambos impulsionados pelo setor de tecnologia.

Na classe de rendimento fixo, os índices de referência de dívida pública registaram ganhos, num contexto de queda das taxas de juro, em particular as de maturidades mais longas. Deste modo, os agregados de dívida privada tiveram desempenhos transversalmente positivos. Os segmentos de títulos de grau de investimento averbaram ganhos superiores face aos de grau especulativo, beneficiando tanto do estreitamento de prémios de risco, como da queda de taxas de juro sem risco. Esta dinâmica decorre da maturidade média superior destes títulos, dado que espelham uma maior sensibilidade às variações das yields.

A classe de matérias-primas valorizou, em virtude do contributo positivo de todos os segmentos. Em destaque estiveram os metais preciosos, em particular o ouro, que atingiu máximos históricos, em grande parte decorrente do seu estatuto de ativo de refúgio, perante a continuação das tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia. Já no compósito de agricultura, quase todos os componentes apreciaram, com destaque para a soja e derivados. No energético, salientaram-se a subida da cotação do petróleo, numa envolvente de manutenção da disciplina da oferta, sobretudo por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). No caso dos metais industriais, quase todos os constituintes evidenciaram ganhos, em particular o alumínio e o cobre.

No que respeita ao mercado cambial, o euro apreciou em relação a grande parte das moedas, ao contrário do registado face ao dólar, perante o qual acumula mais de 2% de queda em 2024. Nota para o iene, que depreciou e atingiu mínimos de mais de 30 anos face ao dólar, apesar de o BoJ ter decretado a subida da taxa de juro diretora.

No mercado monetário, a taxa Euribor diminuiu para os prazos dos 3, 6 e 12 meses, numa magnitude maior no último caso, incremento esse que correspondeu ao primeiro em três meses. A 3 meses, a taxa atingiu um mínimo desde o mês de setembro.

Nota: dados a 29 de março de 2024, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Conference Board, BEA, BLS, Fed, Eurostat, BCE, Federal Reserve of New York, BoJ, SNB, Japan ESRI.

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Acesso Caixadirecta

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