Novembro 2023

13 dez 2023

Descida da inflação beneficia os mercados financeiros

Em novembro os principais mercados financeiros patentearam um desempenho positivo, reflexo da moderação da inflação em várias economias, reforçando a expectativa de uma política monetária mais flexível por parte dos principais bancos centrais.

Em novembro, as evidências de redução das pressões inflacionistas contribuiu para o desagravamento das preocupações com a inflação. Neste contexto, as yields das obrigações do tesouro registaram descidas significativas. A perspetiva de que a Fed terá terminado o ciclo de subidas de taxas diretoras foi reforçada pelos comentários dos seus responsáveis, que demonstraram maior confiança de que o nível atual é já suficiente para moderar as pressões sobre os preços. A expetativa dos bancos centrais enveredarem por políticas monetárias flexíveis, em simultâneo com resiliência da economia e a robustez do emprego, influíram para o desempenho positivo da maioria dos mercados financeiros.

Enquadramento: novembro 2023

Ao nível económico, no âmbito do Economic Outlook de novembro de 2023, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) espera que o crescimento permaneça modesto durante os próximos trimestres devido ao impacto do aperto da política monetária, do comércio internacional fraco e dos níveis baixos de confiança. A projeção de crescimento global foi reduzida para este ano, para 2,9%, contra os 3,0% anteriores, e mantida em 2,7% para 2024, devendo acelerar para 3,0% em 2025. A OCDE acrescentou que os riscos para as perspetivas encontram-se enviesados em baixa devido às tensões geopolíticas acrescidas, e ainda ao impacto negativo do aperto da política monetária.

Na Área Euro, após a contração de 0,1% do PIB no 3ºT 2023, os índices mensais dos gestores de compras recuperaram marginalmente em novembro pelo segundo mês, tanto na indústria, como nos serviços. O índice agregado destes setores refletiu, ainda assim, o sexto mês de queda da atividade, indiciando uma contração do PIB no quarto trimestre. No mesmo sentido, o sentimento dos empresários, segundo o indicador mensal da Comissão Europeia, voltou a denotar o segundo mês de melhoria marginal. No caso das famílias, a subida foi a primeira em quatro meses.

Relativamente à inflação, a tendência de moderação a nível global quer da métrica total, quer da subjacente, continuou a ser visível nos dados divulgados em novembro, prosseguindo o movimento de desinflação. No caso concreto da Área Euro, região para a qual foram já conhecidos os dados preliminares referentes a novembro, a inflação mensal ajustada de sazonalidade registou uma variação negativa (-0,3%), a primeira vez desde abril de 2021.

Nos EUA, as notícias relacionadas com o crescimento dos preços foram também positivas, com a variação homóloga do índice de preços no consumidor a recuar, ainda em outubro, mais do que o esperado, de 3,7% para 3,2%, tendo a variação mensal sido nula, o que sucedeu primeira desde julho do ano passado.

No que respeita aos bancos centrais, a Reserva Federal dos EUA decidiu por unanimidade, como esperado, manter a taxa de juro de referência num intervalo compreendido entre 5,25% e 5,50%, admitindo que apertos adicionais da política monetária poderão nesta fase revelar-se excessivos. Deste modo, deixou implícita a ideia de que o atual ciclo de aumento da taxa deverá ter terminado. Apesar disso, o Conselho de Governadores, pela voz Presidente, Jerome Powell, reiterou não ter ainda fechado a porta a novos aumentos.

Na Área Euro, destaque para a divulgação das atas do Conselho de Governadores (CG) do Banco Central Europeu ocorrida no final de outubro. Nas mesmas, foram acrescentados mais riscos negativos do que positivos para o crescimento. O CG considerou que as condições de financiamento tornaram-se mais restritivas, tendo a decisão de manutenção das taxas sido justificada pelo facto destas terem já atingido um nível suficientemente restritivo e contribuído "substancialmente" para o regresso da inflação ao objetivo. A evolução da inflação foi considerada como estando em linha com as expectativas.

Mercados Financeiros: novembro 2023

Em novembro, a maioria dos mercados acionistas denotou rendibilidades positivas, beneficiando da época de resultados marcada pelos números acima do esperado e pela maior convicção de que os bancos centrais terão atingido o pico do ciclo de subidas de taxas de juro. No bloco desenvolvido, vários índices registaram o melhor desempenho mensal do ano, com destaque para o dos EUA, cuja valorização mensal foi uma das maiores subidas num mês de novembro de que há registo. Já os mercados emergentes tiveram uma valorização relativamente mais modesta, em virtude do desempenho da China, cujo registo mensal ficou muito aquém dos seus congéneres, penalizado por receios de maior deterioração no mercado imobiliário do país, ao qual o setor financeiro paralelo desse país tem uma grande exposição.

Na classe de rendimento fixo, os principais mercados de dívida pública apresentaram ganhos, numa conjuntura generalizada de quedas de taxas de juro. Para tal foi crucial a divulgação de dados económicos a indiciar algum abrandamento, bem como a moderação das métricas de inflação em várias economias, que reforçaram a expectativa de que, no presente ciclo, não se irá assistir a mais subidas de taxas diretoras. Também os segmentos de dívida privada evidenciaram ganhos, beneficiando adicionalmente do estreitamento de prémios de risco, mais vincado no caso de emitentes de grau especulativo.

A classe de matérias-primas desvalorizou em virtude das perdas observadas nos bens energéticos, cujo desempenho refletiu a forte queda das cotações tanto do petróleo e derivados como do gás natural. Este último, no caso da cotação de referência nos EUA, registou a maior depreciação mensal desde janeiro, reflexo de níveis de armazenamento muito elevados e da redução da procura. Em oposição, denotou-se a valorização de metais industriais e preciosos, com a subida mais expressiva a ser da prata, decorrente da redução da oferta para fins industriais, e do aumento expressivo do consumo. Este último resulta do maior investimento em painéis solares, redes de energia e 5G, com os analistas a esperarem um aumento de 8% a 10% na procura em 2023. Uma nota também para o agregado agrícola, no qual a maioria dos bens valorizou.

Já no mercado cambial, o euro apreciou face ao dólar e ao iene. O dólar, por seu turno, apresentou um perfil maioritariamente de depreciação tanto face às moedas mais transacionadas globalmente, bem como face às dos principais países emergentes.

No mercado monetário, o fortalecimento da perspetiva de manutenção das taxas diretoras por parte BCE conduziu ao primeiro mês de queda em 24 da taxa Euribor para o prazo de 3 meses, enquanto nos prazos de 6 meses e de 12 meses foram observados, decréscimos pelo segundo mês consecutivo.

Nota: dados a 30 de novembro de 2023, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: OCDE, BEA, BLS, BoE, BoJ, Eurostat, Comissão Europeia e Fed.

Disclaimer:
Esta informação é realizada com um objetivo informativo. Não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros assim como não deve ser considerado a base de qualquer tipo de contrato ou investimento que possa ser realizado.
A Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A. (empresa do Grupo Caixa Geral de Depósitos) defende o princípio da diversificação de investimentos, por diferentes classes de ativos, geografias e setores de atividade e o acompanhamento da evolução dos diferentes mercados financeiros.
A visão apresentada na presente informação reflete apenas o posicionamento da Caixa Gestão de Ativos, SGOIC, S.A., não constitui uma recomendação de investimento e não pode servir de base à compra ou venda de ativos nem à realização de quaisquer operações nos mercados financeiros.
A presente informação incorpora a visão desenvolvida pela Caixa Gestão de Ativos e baseia-se em informação pública disponível e nas condições de mercados à data, proveniente de várias fontes que se creem credíveis, não sendo possível garantir que a mesma esteja completa ou precisa, estando sujeita a revisões, atualizações e alterações futuras sem aviso prévio. Não pode, assim, ser imputada qualquer responsabilidade à Caixa Gestão de Ativos por perdas ou danos causados pelo seu uso.
As rendibilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rendibilidade futura.
Salvo autorização expressa da Caixa Gestão de Ativos, não está autorizada a publicação, duplicação, extração e transmissão destes conteúdos informativos. A Caixa Gestão de Ativos não se responsabiliza por qualquer facto suscetível de alterar a integridade do conteúdo desta mensagem, resultante da sua transmissão eletrónica.

Acesso Caixadirecta

Acesso Caixadirecta

Novembro 2023

Descida da inflação beneficia os mercados financeiros

Em novembro os principais mercados financeiros patentearam um desempenho positivo, reflexo da moderação da inflação em várias economias, reforçando a expectativa de uma política monetária mais flexível por parte dos principais bancos centrais.