O acréscimo de novos casos de COVID-19 a nível global e a aproximação das eleições presidenciais americanas originou um aumento da aversão ao risco, com a maioria dos índices acionistas de referência a registar perdas, em especial os europeus. Paralelamente, os mercados de dívida pública demonstraram comportamentos distintos entre os vários segmentos. As yields de maturidades longas da Alemanha desceram, o que contrastou com a trajetória de subida das taxas dos EUA.
Enquadramento: outubro 2020 No domínio económico , o Fundo Monetário Internacional divulgou o seu relatório de perspetivas económicas. A instituição nota que a economia global encontra-se a recuperar da profunda quebra registada em abril, mas que a aceleração dos casos de COVID-19 tem originado um abrandamento na reabertura da atividade em muitos países e em alguns, inclusivamente, uma parcial reversão pela reintrodução de confinamentos localizados. Neste contexto, o crescimento do PIB real global foi revisto em alta para 2020, de -5,2% nas projeções de junho para -4,4%, devido a uma contração no 2º trimestre (T) inferior ao esperado e a uma retoma no 3ºT melhor que o antecipado. Por outro lado, foi ajustado em baixa para 2021, de 5,4% para 5,2%, devido à persistência do distanciamento social e ao efeito matemático da referida melhoria das estimativas para o ano corrente.
Nos EUA, de acordo com o Bureau of Economic Analysis, o PIB real do 3ºT cresceu em cadeia 7,4%, após uma contração de 9,0% no 2ºT. Em resultado, o nível de riqueza criada encontra-se 3,5% abaixo do verificado no final de 2019. No que se refere ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego desceu de 8,4% em agosto para 7,9% em setembro, encontrando-se 4,4 pontos percentuais acima da verificada em fevereiro, de acordo com o Bureau of Labor Statistics . Na Área Euro, segundo o Eurostat, o PIB real registou no 3ºT um crescimento em cadeia de 12,7%, após uma contração recorde, de 11,8%, no 2ºT, encontrando-se ainda 4,3% abaixo do valor de final de 2019. Analisando alguns Estados-membros, a Alemanha denotou um crescimento em cadeia de 8,2%, França de 18,2%, Itália de 16,1%, Espanha de 16,7% e Portugal de 13,2%. Contudo, o produto de todos estes países ainda é inferior aos níveis do 4ºT de 2019, situando-se entre -4,1% em França e -9,1% em Espanha.
Ao nível dos bancos centrais , nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) divulgou a ata da reunião de 16 de setembro, na qual se destacou a adoção de um objetivo de inflação média de 2,0% e a orientação de que pretende manter as Fed Funds (FF) a [0-0,25%] até que o mercado de trabalho se encontre em pleno emprego, que a inflação atinja os 2,0% e que esteja numa trajetória para exceder moderadamente este nível por algum tempo. Neste âmbito, a nova orientação foi considerada, pela maioria dos participantes, como suficientemente clara e forte sobre a prossecução da política monetária futura. Ademais, foi realçada a importância de um novo pacote de estímulo fiscal, considerando que caso este não seja aprovado a recente moderação da atividade poderá acentuar-se.
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE), na reunião de 29 de outubro, apesar de ter reafirmado a política monetária em vigor, informou que em breve irá incrementar o grau acomodatício da mesma. Neste âmbito, logo na declaração oficial, informou que os riscos encontram-se inclinados para o lado negativo e que avaliará cuidadosamente a informação disponível, incluindo a progressão da pandemia, as perspetivas a respeito das vacinas e a evolução da taxa de câmbio, para aferir como irá proceder. Deste modo, a entidade anunciou que na reunião de dezembro, momento em que serão divulgadas as projeções macroeconómicas, irá recalibrar os seus instrumentos de política monetária, com o objetivo de os adequar à evolução do contexto, de assegurar que as condições de financiamento permanecerão favoráveis e de contrabalançar o impacto negativo da COVID-19 na trajetória da inflação.
Mercados Financeiros: outubro 2020 A classe acionista foi penalizada pelo reforço das medidas de contenção social, associadas à propagação da COVID-19, sobretudo na Europa, ao resultarem num aumento do receio quanto à velocidade da recuperação económica. Para a referida dinâmica influíram também o impasse nas negociações do “Brexit” e na aprovação do plano de estímulos nos EUA, ao gerarem nos investidores um sentimento de maior aversão ao risco. Desta forma, a maioria dos mercados apresentou perdas, sobretudo nos países desenvolvidos. Em contraposição esteve o agregado de emergentes, beneficiando da valorização de algumas geografias, como a China.
Na classe de rendimento fixo , as obrigações de dívida pública patentearam tendências distintas, com a performance negativa nos EUA a contrastar com a positiva no bloco europeu. Para o melhor comportamento destas últimas foi relevante a maior moderação económica esperada na região. Para o pior desempenho dos títulos americanos contribuiu a expectativa de que o Partido Democrata poderia vencer as eleições tanto para a Casa Branca como para o Senado, garantindo desta forma uma maior flexibilidade na aprovação de medidas de estímulo fiscal. No que concerne às obrigações de dívida privada, a maioria dos segmentos registou ganhos, que no caso das emissões em euros foram principalmente em resultado da queda de taxas de juro.
No que respeita à classe de matérias-primas , esta evidenciou uma rendibilidade positiva, com as valorizações dos compósitos de agricultura e de metais industriais a mais que compensarem as desvalorizações dos remanescentes. A evolução de agricultura e de metais industriais foi suportada pelo aumento da procura, sendo no primeiro caso para reforço de inventários em vários países e no segundo pelas compras efetuadas pela China. Em contraposição, destacou-se pela negativa a performance de energia, penalizada pela queda dos preços do petróleo, os quais foram influenciados pela conjuntura atual, que se refletiu na revisão em baixa das expectativas para a procura. Adicionalmente, terá sido relevante a indicação do aumento de produção por parte dos países exportadores de petróleo (OPEP) a partir de 2021.
No mercado cambial , o euro apresentou uma tendência maioritariamente de depreciação, designadamente face ao iene, ao dólar e à libra. Este comportamento reflete as piores perspetivas, que em outras regiões, para a atividade económica no 4ºT deste ano, em resultado do aumento das medidas contenção da COVID-19 em vários Estados-membros.
Por fim, no mercado monetário da Área Euro, a Euribor a 3 meses variou -3p.b., para -0,52%, a de 6 meses -4p.b., também para -0,52% (para estes dois prazos as taxas situavam-se nos mínimos históricos), e a de 12 meses -5p.b., para -0,49%.
Nota: Dados a 30 de outubro de 2020, as rendibilidades obtidas constituem performances totais em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.
Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Banco Central Europeu, Bureau of Economic Analysis, Bureau of Labor Statistics, Eurostat, Reserva Federal Americana, Fundo Monetário Internacional.
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