Julho 2025

12 ago 2025

Acordos comerciais geram suporte às ações e ao dólar

Em julho, os acordos comerciais alcançados, a aprovação do "One Big Beautiful Bill Act" e o efeito contido das tarifas na inflação nos EUA permitiram reduzir a incerteza económica, o que conduziu à recuperação do dólar e à valorização da classe acionista.

Em julho, os indicadores revelaram que, apesar da moderação, a atividade permanece sólida, devido à robustez do mercado de trabalho e do consumo, contrariando as perspetivas de um abrandamento substancial como resultado da incerteza em torno do comércio. Em função de acordos alcançados, assistiu-se a uma redução da incerteza, o que conduziu à recuperação do dólar e à valorização da classe acionista. Para esta envolvente contribuiu, também, a aprovação do "One Big Beautiful Bill Act" e o efeito contido das tarifas na inflação. Neste contexto, mantivemos a preferência por ações, tendo, contudo, incrementado a exposição aos mercados de emergentes, por contrapartida da redução ao europeu.

Enquadramento: julho 2025

Ao nível económico, em julho, relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial realçaram o ambiente de elevada incerteza, a par da resiliência do crescimento. Segundo o FMI, isto refletiu a antecipação de encomendas e da produção em determinados setores devido às tarifas mais elevadas nos EUA, embora inferiores às anunciadas em abril, a uma melhoria das condições financeiras, e os acordos comerciais entretanto alcançados. A divulgação das estimativas rápidas de crescimento do PIB no segundo trimestre de 2025 nos EUA e na Área Euro (AE) revelou resultados superiores ao esperado, com a economia norte-americana a crescer 0,7%, em cadeia e não anualizado, depois da contração de 0,1% no primeiro trimestre, e a da AE 0,1%, depois de 0,6% no anterior. Na China, o crescimento surpreendeu também em alta, denotando, para além disso, uma moderação ligeira face ao período anterior. Quanto aos dados de mensuração da atividade nas empresas de julho, permaneceram de forma marginal em terreno associado a expansão nas principais economias desenvolvidas e emergentes. No mercado de trabalho, os dados continuaram a mostrar resiliência, sendo importante realçar o gradual arrefecimento da geração de postos de emprego nos EUA durante o segundo trimestre, após revisões dos valores passados, antes de uma aceleração em julho.

Quanto ao contexto de inflação, este continuou a ser caraterizado por uma desaceleração gradual, embora registando-se heterogeneidade entre regiões e setores. Nos EUA, em junho, a variação homóloga do índice de preços da despesa no consumo surpreendeu em alta, com o preço de alguns bens transacionáveis a refletir já algum impacto das tarifas mais elevadas. Na AE, segundo a estimativa rápida já de julho, o crescimento homólogo do índice harmonizado contrariou a estimativa e permaneceu em 2,0% (subjacente em 2,3%), destacando-se a contínua redução do contributo dos serviços.

No que respeita à atuação dos bancos centrais, o BCE manteve em julho, como esperado, as taxas de juro diretoras inalteradas, permanecendo a taxa da facilidade de depósito em 2,0%, após oito descidas consecutivas. Para a presidente Christine Lagarde, a política monetária encontra-se “numa boa posição” para fazer face aos riscos que se colocam à AE, voltando a enfatizar a elevada incerteza que persiste. O desempenho do consumo e do investimento foi ligeiramente melhor que o esperado, embora os riscos continuem enviesados no sentido negativo. A inflação prossegue a trajetória de descida em termos subjacentes, ao mesmo tempo que os salários continuam a exibir uma moderação. Neste contexto, assistiu-se no mercado a uma diminuição da probabilidade de uma descida adicional dos juros.

Nos EUA, também como esperado, a Reserva Federal conservou o objetivo para as taxas diretoras em 4,25%-4.50%, uma decisão apoiada por 9 membros do comité de política monetária. Dois membros votaram a favor de uma descida imediata dos juros. O comunicado refere que, “apesar de as variações das exportações líquidas estarem a afetar os dados, o crescimento moderou-se na primeira metade do ano. As condições do mercado de trabalho continuam a ser sólidas, enquanto a inflação permanece algo elevada.” Jerome Powell afirmou que o comité não tomou qualquer decisão quanto a um possível corte em setembro, continuando a avaliar o impacto das tarifas sobre os preços..

Mercados Financeiros: julho 2025

O mês de julho ficou marcado por um novo desempenho positivo dos mercados de ações, sendo de destacar o índice norte-americano, que alcançou um novo máximo. Para esta dinâmica foi determinante a continuação de um crescimento sólido da atividade. Em função dos acordos alcançados pela Administração norte-americana, entre os quais com a UE e o Japão, assistiu-se a alguma redução da incerteza. A aprovação do "One Big Beautiful Bill Act" e o efeito relativamente contido, até ao momento, das tarifas na inflação dos EUA, reforçaram a confiança na evolução favorável do consumo nos próximos meses. Em paralelo, a apresentação de resultados corporativos, referentes ao segundo trimestre, revelou-se genericamente positiva. A Europa, à exceção do Reino Unido, registou rendibilidades positivas, mas inferiores à dos EUA. No que se refere aos mercados emergentes, o índice agregado superou o de desenvolvidos, impulsionado pela China e Coreia do Sul.

Os principais mercados de obrigações de dívida pública registaram perdas, num contexto de subida das yields, principalmente nos títulos norte-americanos, e com maior magnitude nos prazos mais curtos das curvas de rendimentos. O mercado adiou para outubro a expectativa de descida dos juros pela Fed e deixou de descontar que o BCE os reduza novamente este ano. Em contraste, a dívida privada denotou ganhos, beneficiando do estreitamento de prémios de risco, que compensou a subida de taxas de juro sem risco.

O compósito agregado de matérias-primas exibiu uma perda ligeira no mês, em função de uma desvalorização de cerca de 6% do segmento de metais industriais. O anúncio, pelo presidente dos EUA, de que as importações de produtos de cobre refinado não serão sujeitas à tarifa de 50% definida para as importações de cobre, conduziu a uma acentuada desvalorização daquele metal. O preço do petróleo subiu cerca de 9%, refletindo a ameaça de imposição de novas sanções económicas pelos EUA à Rússia, incidindo também sobre os países – como a Índia – que ainda importam petróleo russo, caso não se alcance uma trégua no conflito na Ucrânia no curto prazo. Já o segmento agrícola recuou cerca de 1%, com descida de preços de diversos bens, como a soja.

Ao nível do mercado cambial, o dólar interrompeu o movimento de depreciação verificado dos meses anteriores. A menor probabilidade atribuída a um corte das taxas diretoras da Fed em setembro contribuiu para esta evolução, num contexto de resiliência da atividade e do emprego nos EUA. O euro recuou mais de 3% em relação ao dólar, tendo a moeda única sido penalizada pelo anúncio do acordo comercial entre os EUA e a UE, que contempla a aquisição de produtos energéticos e importantes montantes de investimento europeu nos EUA.

No mercado monetário, as taxas Euribor evidenciaram em julho aumentos nos principais prazos. A 3, a 6 e a 12 meses as variações corresponderam a 6, a 3 e a 5 p.b., tendo, no primeiro caso, o acréscimo correspondido ao primeiro em dezassete meses, dada a expetativa de fim do ciclo de cortes do BCE.

Nota: dados a 31 de julho de 2025, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.

As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Eurostat, FMI, Banco Mundial, BCE e Reserva Federal..

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Acesso Caixadirecta

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