Maio 2025

17 jun 2025

Acordo comercial EUA-China reforça ímpeto das ações

Em maio, as tensões comerciais evidenciaram uma redução depois do acordo entre os EUA e a China para a diminuição substancial, ainda que temporária, das tarifas bilaterais, impulsionando, desse modo, os ganhos do mercado acionista.

Em maio, as tensões comerciais evidenciaram uma redução depois do acordo entre os EUA e a China para a diminuição substancial, ainda que temporária, das tarifas bilaterais, permitindo, desse modo, alguma recuperação do otimismo. Apesar da redução dos riscos de um maior abrandamento, a economia global tem vindo a desacelerar pressionada pelo ambiente de incerteza e pelos impactos das tarifas já em vigor. Neste panorama, as ações denotaram ganhos, aproximando-se dos máximos históricos, após superarem os níveis a que transacionavam pré tarifas recíprocas. Em contraste, as obrigações foram penalizadas pela expectativa de expansionismo fiscal e a redução da notação de risco creditício dos EUA.

Enquadramento: maio 2025

Ao nível económico, em maio, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou a proposta de Lei do Presidente Trump de redução da carga fiscal. De acordo com o Congressional Budget Office, após valores de défice orçamental e de dívida pública de 6,4% e 120,8% em 2024, em percentagem do PIB, estes podem agravar para 8,1% e 135% em 2035. Os indicadores de sentimento surpreenderam em alta, reflexo do acordo de redução temporária das tarifas entre os EUA e a China, enquanto os de atividade real sugeriram que, em abril, o efeito do incremento das tarifas permanecia limitado. Na Área Euro (AE), os dados de mensuração da atividade empresarial e sentimento dos agentes económicos continuaram a contrair no mês passado. A Comissão Europeia (CE) refletiu a crescente incerteza nas Previsões da primavera de 2025 que apontaram para a continuação de um crescimento baixo em 2025 e ligeira aceleração em 2026. Na China, devido à antecipação das exportações, os dados de abril mostraram os primeiros impactos da tensão comercial.

Relativamente à inflação, a CE reconheceu, na referidas previsões, que a mesma retomou a evolução descendente. Em termos anuais, espera que continue acima do patamar dos 2 p.p. este ano na AE, nos EUA e no Japão, devendo cair abaixo desse valor somente no próximo ano e no primeiro caso. Ainda em abril, enquanto nos EUA os números arrefeceram, surpreendendo ligeiramente em baixa, na região do euro, após a aceleração da inflação subjacente em abril, motivada pelo efeito sazonal da Páscoa, as estimativas rápidas de maio já conhecidas para as quatro maiores economias da região revelaram uma moderação das variações homólogas. Na Ásia, a trajetória dos preços continuou a denotar trajetórias diferentes, com valores homólogos novamente negativos na China e em aceleração no Japão.

No que respeita à atuação dos bancos centrais, a Reserva Federal norte-americana manteve inalterado o intervalo objetivo para as taxas de juro dos fundos federais em 4,25%-4,50%. Embora o comité de política monetária reconheça a deterioração dos indicadores de sentimento, salientou a necessidade de ter também uma confirmação da degradação da atividade antes de considerar cortes adicionais dos juros, dada a perda de capacidade preditiva que os inquéritos de sentimento têm vindo a revelar. Para a Reserva Federal, a política de tarifas da Administração dos EUA elevou os riscos de aumento do desemprego mas também de subida da inflação. A autoridade monetária considera que a sua política permanece adequada para fazer face a esses riscos, prosseguindo uma postura de “aguardar para ver”, aguardando por informação que ilustre o impacto das medidas tomadas pela governo federal. O presidente, Jerome Powell, sublinhou aliás a importância que os sinais de um aumento do desemprego teriam, se tal se vier a registar.

O Banco de Inglaterra anunciou uma nova redução de 25 p.b. da taxa de juro diretora, para 4,25%, ampliando para 1 ponto percentual a descida acumulada daquela taxa, mantendo a sinalização de cortes “graduais e cautelosos”. Também os bancos centrais da Polónia, Noruega, Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul diminuíram as respetivas taxas diretoras (em 50 p.b. no primeiro caso e em 25 p.p. nos restantes) e na China o banco central reduziu em 10 p.b. as taxas Prime a 1 e a 5 anos e a taxa de recompras reversas a 7 dias.

Mercados Financeiros: maio 2025

O mês de maio revelou-se particularmente forte no que respeita ao desempenho dos mercados acionistas, em particular nos EUA, prolongando assim os ganhos observados já na segunda metade de abril. O índice de referência norte-americano registou a melhor performance mensal desde novembro de 2023, tendo este sido mesmo o melhor mês de maio desde 1990. O nível atingido no final do mês situa-se menos de 4% abaixo do máximo histórico alcançado em fevereiro. Nota de destaque para desempenho muito positivo do setor tecnológico. Também o mercado acionista da Área Euro apresentou uma valorização expressiva, tendo o índice alemão registado novos máximos. Para o maior apetite por risco contribuiu o aparente desanuviamento das tensões comerciais, com o anúncio de um acordo entre os EUA e a China que possibilita a suspensão das tarifas mais elevadas sobre as importações dos dois países por um período de 90 dias durante o qual decorrerão negociações bilaterais. Referência ainda para os resultados empresariais, relativos ao primeiro trimestre, que mantiveram o tom positivo.

Nos mercados de dívida pública, as yields das obrigações dos EUA registaram um movimento de subida significativa, mais vincado nas maturidades mais curtas, o que impactou a desvalorização dos respetivos títulos. No mês, cresceram as preocupações em torno das contas públicas norte-americanas, sobretudo após a redução da notação de risco creditício da sua dívida. Os segmentos de crédito apreciaram, nas emissões em euros e em dólares, com destaque para os de grau especulativo.

O compósito agregado de matérias-primas registou perdas em maio, impulsionadas pelo segmento agrícola. Destacou-se a queda acentuada do preço do café, com as perspetivas de aumento significativo da oferta. Além disso, o milho, o óleo de soja e o açúcar registaram desvalorizações relevantes. Apesar da persistência de uma elevada incerteza no panorama geopolítico, a melhoria do sentimento dos investidores a nível global e o recuo da aversão ao risco levou a uma interrupção da trajetória de valorização dos metais preciosos, em particular do ouro. Pela positiva, realce para os metais industriais, em especial o alumínio e o cobre. Os preços do petróleo recuperaram parcialmente das quedas acentuadas observadas em abril, em função da diminuição dos inventários e da melhoria das perspetivas para a procura e a economia global.

Ao nível do mercado cambial, o dólar recuou de novo no mês de maio, prolongando o movimento dos quatro meses anteriores, embora numa menor magnitude. O desempenho da divisa norte-americana foi prejudicado pela continuação da incerteza em torno da política económica e comercial dos EUA, e pelos receios de deterioração das contas públicas. Em contraste, o euro continuou a apreciar no mês, avançando quase 10% face ao dólar desde o início do ano.

No que respeita ao mercado monetário, as taxas Euribor evidenciaram novas quedas em abril, nos dos prazos a 3 meses (-16 p.b.) e a 6 meses (-6 p.b.), enquanto a cotação no prazo a 12 meses aumentou pela primeira vez em quatro meses.

Nota: dados a 30 de maio de 2025, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.

As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Eurostat, CBO, BCE, Reserva Federal e Comissão Europeia.

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Acordo comercial EUA-China reforça ímpeto das ações

Em maio, as tensões comerciais evidenciaram uma redução depois do acordo entre os EUA e a China para a diminuição substancial, ainda que temporária, das tarifas bilaterais, impulsionando, desse modo, os ganhos do mercado acionista.