Novembro 2025

15 dez 2025

Acordo no Senado põe fim à paralisação federal nos EUA

Em novembro, a contenção da inflação e a expectativa de cortes das taxas nos EUA, aliados a resultados empresariais sólidos e à redução das tensões comerciais, consolidou as ações em torno de máximos e impulsionou os ganhos das obrigações norte-americanas

Em novembro, a atividade económica manteve-se resiliente, com perspetivas globais mais favoráveis. Nos EUA, concluída a paralisação do governo, os dados revelaram a contenção da inflação, a par da queda da confiança das famílias, o que reforçou a expectativa de corte das taxas pela Reserva Federal. Tal, aliado a resultados corporativos acima do esperado e à moderação das tensões comerciais, consolidaram os máximos alcançados no mês anterior. No mercado obrigacionista, os EUA registaram ganhos impulsionados pela expectativa de uma política monetária menos restritiva, enquanto na Europa prevaleceu a estabilidade, em face da antecipação da manutenção das taxas do BCE no próximo ano.

Enquadramento: novembro 2025

Ao nível económico, as últimas semanas ficaram marcadas pela divulgação de um número mais escasso do que o habitual de indicadores nos EUA, em consequência da paralisação parcial do governo federal, o qual deverá ter acarretado um impacto negativo no crescimento do 4º trimestre. Apesar disso, o Beige Book da Reserva Federal (Fed) deu conta que a atividade não revelou uma alteração substancial desde o último Conselho de Governadores, em outubro, apesar do arrefecimento do mercado de trabalho, o que afetou a confiança dos consumidores. Na Área Euro, o Eurostat confirmou a aceleração do PIB no 3º trimestre, de 0,1% para 0,2%, em termos trimestrais, um desempenho benigno que evidencia alguma resiliência da procura interna num contexto desafiante. Os indicadores de mensuração da atividade entretanto divulgados sugerem um crescimento em torno de 0,3% no trimestre final do ano, beneficiando, sobretudo, do impulso dos serviços. Quanto aos dados de sentimento, estes revelaram uma evolução heterogénea em novembro, com uma melhoria da confiança dos empresários, sobretudo do setor dos serviços, enquanto que no caso das famílias se assistiu a um ligeiro recuo, isto apesar do número de pessoas sem trabalho manter-se muito baixo. De facto, a taxa de desemprego, ainda em outubro, correspondeu a 6,4% da população ativa, ligeiramente acima do mínimo de histórico de 6,2% observado no final de 2024.

Quanto à inflação, os desenvolvimentos recentes ilustram alguma heterogeneidade. Enquanto na Área Euro a inflação homóloga se tem situado em torno do objetivo de 2% definido pelo BCE, nos EUA, no Reino Unido e no Japão excede de forma clara a meta associada à estabilidade de preços. Na economia norte-americana, embora os preços dos bens tenham acelerado, a moderação dos custos do alojamento tem impedido uma evolução mais desfavorável do cabaz dos preços, numa altura em que permanece incerto o impacto da subida das tarifas sobre os custos das importações nos próximos meses.

Ao nível da política monetária, num mês em que não decorreram reuniões dos Conselhos de Governadores (CG) dos principais bancos centrais, os discursos e intervenções públicas dos seus membros ganharam em novembro uma relevância quase equiparável às decisões formais. Diversos membros do BCE reiteraram a dependência das decisões de política monetária face aos dados económicos e salientaram que os cortes efetuados já se encontram a proporcionar um alívio das condições financeiras. Para além disso, enfatizaram a necessidade de se efetuar uma calibragem cuidadosa para garantir uma convergência sustentada do crescimento dos preços em direção ao objetivo.

Nos EUA, a Fed manteve a taxa dos fundos federais, num contexto de divergência entre posições “dovish” e “hawkish” e agravada pela ausência de dados oficiais devido ao shutdown. Após o início do mês marcado pela descida da probabilidade de novo ajuste, indicadores fracos de confiança dos consumidores no final de novembro elevaram novamente as expectativas para uma redução ainda em dezembro. Realizaram-se Conselhos de diversos bancos centrais, na maioria de economias desenvolvidas, tendo sido quase unânime a decisão de manutenção das taxas de juro diretoras. A média global das taxas, ponderada pelo peso relativo das regiões no PIB global, desceu de marginalmente para o mínimo desde janeiro de 2023.

Mercados Financeiros: novembro 2025

Em novembro, os índices acionistas apresentaram duas fases distintas: uma correção durante as três primeiras semanas, seguida de recuperação posterior. A queda inicial refletiu uma consolidação dos mercados após seis meses de ganhos, a incerteza sobre os juros nos EUA e a ausência de dados devido à paralisação do governo, elevando a volatilidade. Na fase final do mês, expectativas de corte de taxas de juro pela Fed, dados de confiança dos consumidores e resultados corporativos robustos impulsionaram a recuperação. Enquanto as ações das economias desenvolvidas averbaram valorizações marginais, o índice dos emergentes foi penalizado, sobretudo, pela China. Na Europa, destacaram-se os setores de consumo, saúde, imobiliário e financeiro, apoiados por dividendos e pela estabilidade da inflação. No segmento tecnológico, apesar de movimentos estratégicos (Berkshire reforçou a posição em Alphabet e a capitalização da Nvidia atingiu $5 mil milhões), novembro terminou com perdas por receios de sobrevalorização, com os múltiplos de preço em níveis elevados.

Nos mercados de obrigações de dívida pública, o índice norte-americano registou uma nova valorização, impulsionada pela descida das taxas de juro implícitas. Esta dinâmica resultou das expetativas de flexibilização da política monetária pela Reserva Federal. Na Área Euro, a dívida pública teve variações muito ténues. No que respeita à dívida corporativa, o desempenho dos segmentos em dólares foi significativamente superior ao das emissões em euros.

O compósito agregado de matérias-primas denotou o quarto mês consecutivo de ganhos, estendendo a rendibilidade acumulada de 2025 para cerca de 15%, ou a valorização mais elevada da classe desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. A solidez da economia global, conjuntamente com a depreciação do dólar e a expectativa de flexibilização da política monetária nos EUA, continuou a gerar um impulso positivo para o referido desempenho. Em termos setoriais, destacou-se a apreciação dos metais preciosos, em especial da prata face ao ouro. Paralelamente, os compósitos de energia e de agricultura mostraram desempenhos positivos. Já os metais industriais, apesar da subida do preço do cobre que desde o início do ano já totaliza quase 30%, foram penalizados pela queda do zinco e do chumbo. Paralelamente, os compósitos de energia e de agricultura apresentaram desempenhos positivos.

No mercado cambial, o euro apreciou em relação às principais moedas internacionais impulsionado pela perspetiva de melhoria do crescimento na Área Euro aliada à permanência da inflação pelo terceiro mês sucessivo acima de 2%, que suporta a previsão de manutenção das taxas diretoras por parte do BCE. O dólar registou perdas, incluindo face à divisa europeia, perante a expetativa de corte de taxas pela Fed, sendo antecipada uma nova redução já em dezembro.

No mercado monetário, as taxas Euribor a 3 e a 6 meses apresentaram sinais contrários, enquanto a taxa a 12 meses aumentou pelo terceiro mês, evolução que refletiu a expectativa de que o ciclo de descida de juros pelo BCE terá terminado.

Nota: dados a 30 de novembro de 2025, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.

As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Reserva Federal, Eurostat, BEA, Banco Central Europeu.

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Acesso Caixadirecta

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