Março 2021

29 abr 2021

Mercados Financeiros

A maioria dos mercados acionistas voltou a atingir novos máximos de vários anos. Neste âmbito, destacou-se a evolução do americano, ao registar o nível mais elevado de sempre, e da Área Euro, que apresentou uma das maiores valorizações no mês.

A maioria dos mercados acionistas voltou a atingir novos máximos de vários anos, impulsionada pela melhoria dos fundamentais económicos e empresariais. Neste âmbito, destacou-se pela positiva a evolução dos índices de referência americano, a registar o nível mais elevado de sempre, e da Área Euro, que apresentou uma das maiores valorizações mensais. Na classe de rendimento fixo, o aumento verificado nas expectativas de crescimento e de inflação dos EUA penalizou o comportamento das obrigações em dólares, visível na subida substancial das yields de maturidades mais longas.

Enquadramento: março 2021

No domínio económico, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico publicou o seu relatório intercalar de perspetivas económicas, no qual nota que nos últimos meses ocorreu uma melhoria significativa das mesmas, impulsionada pelo processo gradual de vacinação, pelo anúncio de novas medidas de apoio fiscal em alguns países e pelos indícios de que as economias estão a conseguir adaptar-se melhor às medidas implementadas para conter a COVID-19. Com efeito, o PIB real global, após uma contração estimada de 3,4% em 2020, deverá crescer 5,6% em 2021 (vs. 4,2% na publicação de dezembro) e 4,0% em 2022 (vs. 3,7%).

Em termos de indicadores económicos, o Eurostat reviu em baixa a variação do PIB real do 4ºT de 2020 da Área Euro, de -0,6%, em cadeia, para -0,7%. Nesta publicação foi disponibilizado o detalhe das rubricas que compõem o PIB, sendo de salientar que o consumo foi impactado pelo aumento das medidas de confinamento no trimestre, registando uma queda de 3,0%, a qual se demonstrou inferior ao evidenciado no 2ºT de 2020 (a cava da recessão), período no qual contraiu 12,6%. Por seu turno, de destacar a resiliência do setor industrial espelhada na melhoria das leituras preliminares dos indicadores avançados da indústria da região bem como do indicador de clima de negócios da Alemanha de março.
Já nos EUA, destacou-se, no início do mês, a recuperação robusta do mercado laboral. Segundo os dados do Bureau of Labor Statistics, a criação de postos de trabalho de fevereiro fixou-se em 379 mil e a taxa de desemprego desceu de 6,3% para 6,2%. Por outro lado, vários dados económicos referentes a fevereiro denotaram quebras mensais ao serem impactados pelas más condições climatéricas vivenciadas nesse mês, nomeadamente a produção industrial (-2,2%).

Ao nível dos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE), na reunião de 11 de março, anunciou que as aquisições no âmbito do PEPP (Pandemic emergency purchase programme) serão conduzidas a um ritmo significativamente mais elevado ao longo do 2ºT de 2021 do que nos primeiros meses deste ano.
A par da reunião, foi publicado o relatório das projeções macroeconómicas do staff do BCE. Face a dezembro, o crescimento do PIB real foi revisto marginalmente em alta de 3,9% para 4,0% em 2021, em baixa de 4,2% para 4,1% em 2022 e permaneceu a 2,1% em 2023. As perspetivas para a inflação foram ajustadas em alta de 1,0% para 1,5% em 2021, de 1,1% para 1,2% em 2022 e mantiveram-se inalteradas a 1,4% em 2023.

Nos EUA, a Reserva Federal americana, na reunião de 16 e 17 de março, não procedeu a alterações da política monetária, mantendo as taxas Fed Funds perto de zero e o programa de compra de ativos.
A instituição monetária também divulgou as projeções económicas para o horizonte 2021-2023. Face à publicação de dezembro, as estimativas do PIB real foram revistas em alta de 4,2% para 6,5% em 2021, de 3,2% para 3,3% em 2022 e em baixa de 2,4% para 2,2% em 2023. A evolução de preços foi ajustada em alta em todo o horizonte, de 1,8% para 2,4% em 2021, de 1,9% para 2,0% em 2022 e de 2,0% para 2,1% em 2023.

Mercados Financeiros: março 2021

Em março foram observados ganhos na maioria dos mercados acionistas, os quais foram superiores nos de países desenvolvidos. Para esta performance influíram a divulgação de dados económicos favoráveis, o reiterar da postura acomodatícia por parte dos principais bancos centrais e a aprovação de um novo pacote de estímulos nos EUA. Por seu turno, o agregado de emergentes apresentou registos comparativamente mais modestos, influenciado pela valorização do dólar e pela deterioração da situação pandémica em vários países da América Latina e da Ásia.

Na classe de rendimento fixo, os mercados de dívida pública patentearam dinâmicas divergentes, com o dos EUA a apresentar perdas, visíveis na forte subida das yields, o que comparou com a valorização da maioria dos da Área Euro. A evolução das taxas de juro nos EUA foi suportada pela divulgação de dados económicos favoráveis e pelo impacto positivo do novo pacote de apoio fiscal, enquanto para a relativa estabilidade das yields da AE contribuiu a retórica relativamente mais cautelosa do BCE. No que respeita às obrigações de dívida privada, beneficiando do estreitamento de prémios de risco, a maioria dos segmentos valorizou no mês, com a queda do de melhor qualidade creditícia em dólares a constituir a exceção, ao ser negativamente impactado pela referida subida das taxas de juro nos EUA.

A classe de matérias-primas desvalorizou, com quase todos os setores a patentearem perdas. O setor de energia apresentou a maior queda, salientando-se a contração dos preços do petróleo, que refletiram a implementação de novas medidas de restritividade a nível global, e as revisões em baixa da procura, por parte de várias instituições internacionais. Já o agregado de metais industriais foi condicionado pela divulgação do indicador avançado da indústria da China abaixo das expectativas e pela reabertura de várias operações de exploração. No compósito de agricultura a maioria dos bens desvalorizou, em virtude da expectativa de maior volume de colheitas. Por fim, o segmento de metais preciosos terminou o mês com performances negativas, ao ser influenciado pela apreciação do dólar e pelo contexto de subida de taxas de juro.

No mercado cambial, o euro denotou um comportamento misto face às moedas desenvolvidas e, na maioria, de depreciação face às de emergentes. De entre as moedas do G10 (as mais transacionadas a nível mundial), de destacar a queda face ao dólar canadiano, à coroa norueguesa e ao dólar. No universo das emergentes, apenas apreciou contra à lira turca.

Por fim, no mercado monetário da Área Euro, a taxa Euribor a 3 meses registou uma ligeira queda, de 1p.b., para -0,54%, a de 6 meses um incremento na mesma magnitude para -0,51% e a de 12 meses permaneceu inalterada a -0,48%.

Nota: dados a 31 de março de 2021, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: Banco Central Europeu, Bureau of Labor Statistics, Comissão Europeia, Eurostat, Reserva Federal Americana, CME e OCDE.

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Acesso Caixadirecta

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A maioria dos mercados acionistas voltou a atingir novos máximos de vários anos. Neste âmbito, destacou-se a evolução do americano, ao registar o nível mais elevado de sempre, e da Área Euro, que apresentou uma das maiores valorizações no mês.