Julho 2021

16 ago 2021

Incerteza com a progressão da variante Delta

Na classe acionista foram observados ganhos na maioria dos mercados, com alguns a atingirem novos máximos históricos, como foi o caso dos EUA, beneficiando de resultados empresariais substancialmente acima do esperado.

Alguns mercados acionistas voltaram a atingir novos máximos históricos, como foi o caso do americano, suportados pela divulgação de resultados empresariais substancialmente acima do esperado. Contudo, esta tendência não foi transversal à classe, já que os mercados emergentes evidenciaram uma correção. No entanto, o otimismo dos investidores, espelhado na valorização de ações de países desenvolvidos, não se refletiu no comportamento dos spreads de dívida privada, que registaram um alargamento. Por sua vez, as obrigações do tesouro apresentaram rendibilidades positivas, beneficiadas pelas preocupações com a progressão da variante delta da COVID-19.

Enquadramento: julho 2021

No domínio económico, o Fundo Monetário Internacional divulgou o seu relatório intercalar de perspetivas económicas, no qual manteve, face à publicação de abril, as estimativas de crescimento do PIB real global de 2021, a 6,0%, e ajustou em alta as de 2022 para 4,9% (vs. 4,4%). A instituição salientou a divergência na recuperação, apontando como principal fator a desigualdade de acesso às vacinas contra a COVID-19. Especificamente, nos EUA, o PIB real deverá crescer 7,0% em 2021 (vs. 6,4%) e 4,9% em 2022 (vs. 3,5%). Para a Área Euro (AE) , perspetiva um crescimento de 4,6% em 2021 (vs. 4,4%) e de 4,3% em 2022 (vs. 3,8%). No que respeita à inflação, considerou que as recentes pressões de subida nos preços apresentam um cariz maioritariamente temporário.
Em termos de dados económicos, na AE, o PIB real do 2ºT de 2021 cresceu 2,0% face ao trimestre anterior, segundo a estimativa preliminar do Eurostat e acima do esperado pelos analistas. Ao nível de Estados-membros para os quais já foram disponibilizados dados, todos registaram variações positivas, salientando-se Alemanha com 1,5% (após -1,8%), França com 0,9% (após 0,0%), Itália com 2,7% (após 0,2%), Espanha com 2,8% (após -0,4%) e Portugal com 4,9% (após -3,2%).
Nos EUA, o PIB real do 2ºT de 2021 cresceu 1,6% em cadeia, de acordo com a primeira leitura do Bureau of Economic Analysis, abaixo das expectativas e após um crescimento de 1,5% no 1ºT. Relativamente ao mercado laboral, registou-se uma aceleração da criação líquida de postos de trabalho, de 583 mil em maio para 850 mil em junho, porém permanecendo 6,8 milhões abaixo do nível pré-pandemia de fevereiro de 2020, segundo o Bureau of Labor Statistics.

Ao nível dos bancos centrais, o Banco Central Europeu, na revisão da estratégia de política monetária, concluiu que o mandato de estabilidade de preços passa a traduzir-se por uma inflação de 2,0% no médio prazo e explicitando que é um objetivo simétrico. Todavia, explicitou adicionalmente que quando as taxas diretoras se encontram próximas dos limiares mínimos, as medidas de política monetária devem ser especialmente robustas ou persistentes de modo a evitar que os desvios negativos da inflação se tornem estruturais. Isto pode implicar um período transitório em que esta se situe moderadamente acima do objetivo. Perante este enquadramento, na reunião de 22 de julho, a orientação para as taxas diretoras foi atualizada, declarando que estas deverão manter-se aos níveis atuais ou inferiores até (i) se observar que a inflação atinge 2% antes do fim do horizonte de projeção, (ii) de forma duradoura e (iii) se considerar que os progressos realizados na inflação subjacente estão suficientemente avançados para uma estabilização em 2,0% no médio prazo.

Nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) não procedeu a alterações das taxas Fed Funds (FF) nem da orientação para as mesmas. A respeito do programa de compra de ativos, manteve as aquisições mensais de 120 MM de dólares, as quais deverão continuar até que haja um progresso substancial no alcance dos objetivos, de máximo emprego e de estabilidade de preços. Contudo, acrescentou que, desde dezembro, a economia tem progredido em direção aos mesmos.

Mercados Financeiros: julho 2021

Na classe acionista, foram observados, em julho, ganhos em grande parte dos mercados, os quais foram superiores nos de países desenvolvidos, beneficiando de uma época de resultados positiva, pautada por crescimentos homólogos substancialmente acima do esperado tanto ao nível das receitas como dos lucros. Em contraposição, o agregado de emergentes evidenciou uma performance negativa, penalizado pela deterioração da situação pandémica em alguns destes países e pelas quedas expressivas do mercado da China. Neste último caso, a correção foi motivada, principalmente, pela queda dos títulos de empresas de tecnologia.

Na classe de rendimento fixo, os mercados de dívida pública, num contexto de descida de taxas de juro, averbaram ganhos. Para esta dinâmica influiu o ressurgimento de alguns receios com o abrandamento da atividade económica, sobretudo nos EUA após o discurso de J. Powell no Senado. Nesta intervenção, o presidente da Fed sublinhou ainda que, pese embora o aumento da inflação, os fatores de suporte da mesma mantêm-se como largamente transitórios, pelo que a instituição não deverá atuar de forma “prematura” para combater estes aumentos. No que respeita às obrigações de dívida privada, apesar do alargamento dos prémios de risco, a generalidade dos segmentos apresentou ganhos, em especial os de grau de investimento, ao serem beneficiados pela maior maturidade média dos seus títulos.

Em termos agregados, a classe de matérias-primas observou uma valorização,, salientando-se o contributo positivo de energia e de metais industriais. Para a evolução de energia foi crucial a forte subida dos preços do petróleo, decorrente da redução dos inventários nos EUA e do aumento da procura, que colmataram o aumento de produção mensal da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) para níveis superiores aos máximos verificados em abril de 2020. Para a valorização dos metais industriais foi de especial relevância a subida da cotação do cobre, influenciada pela expectativa de greves na maior mina de extração do mundo deste metal no Chile. Por fim, os metais preciosos apreciaram, essencialmente pela subida do preço do ouro, que beneficiou da queda de taxas de juro.

No mercado cambial, o euro evidenciou um desempenho misto contra as moedas tanto do bloco desenvolvido como emergente. No conjunto das 10 mais transacionadas a nível mundial, salientaram-se os ganhos face à coroa norueguesa e ao dólar australiano e as perdas face ao franco suíço e ao iene. O par cambial EUR/USD registou uma variação de 0,1%. No âmbito dos emergentes face à moeda única, de destacar a apreciação vs. o real brasileiro e a depreciação contra a lira turca.

Por fim, no mercado monetário da Área Euro, a taxa Euribor a 3 meses manteve-se a -0,54%, a de 6 meses desceu 1p.b. para -0,52% e a de 12 meses caiu 2p.b. para -0,50%.

Nota: dados a 31 de julho de 2021, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura.

Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: BCE; BLS; CME; Comissão Europeia; Fed; FMI; Eurostat; BEA. Fed.

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Acesso Caixadirecta

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