Novembro 2022

13 dez 2022

Moderação da inflação impulsiona mercados

A maioria dos mercados financeiros voltou a registar desempenhos positivos, com destaque para o índice acionista da China e para a valorização transversal da classe de rendimento fixo.

A maioria dos mercados financeiros voltou a registar desempenhos positivos, com destaque para o índice acionista da China e para a valorização da classe de rendimento fixo. Em específico, nesta última, as obrigações do tesouro dos EUA beneficiaram da queda das yields, tendo as taxas de juro a 10 anos diminuído para um valor inferior a 3,7%, após terem atingido recentemente o patamar mais elevado desde 2008, próximo de 4,3%. Para este comportamento contribuiu a moderação da inflação nos EUA, ao evidenciar um maior abrandamento vs. o esperado, que, por sua vez, possibilitou uma redução dos receios quanto à necessidade da Fed implementar uma política monetária mais restritiva que a perspetivada.

Enquadramento: novembro 2022

Ao nível económico, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, a OCDE, divulgou o relatório de perspetivas, no qual salientou que a atividade global enfrentava desafios difíceis. Entre estes, destacavam-se a perda de ritmo do crescimento, a inflação persistentemente alta, a deterioração da confiança dos agentes económicos e a incerteza elevada. Assim, antecipava um abrandamento do PIB real global, de 3,1% em 2022 para 2,2% em 2023. Paralelamente, a Comissão Europeia (CE) também divulgou o seu relatório económico, no qual antecipava uma contração do PIB real da AE no 4ºT deste ano, de -0,5% em cadeia, que se deveria prolongar ao 1ºT de 2023, de -0,1%. Porém, após o 1ºT, a CE previa uma recuperação modesta da atividade, totalizando um crescimento de apenas 0,3% no ano.

Ao nível de indicadores, os dados publicados para a Área Euro (AE) durante o mês de novembro demonstraram que a atividade económica da região continuou frágil, mas que a deterioração não se agravou. Com efeito, o indicador de sentimento económico em novembro denotou a primeira subida em nove meses. De forma similar, a leitura preliminar do indicador de atividade da indústria para o mesmo período evidenciou uma melhoria, embora tenha continuado em contração.

Nos EUA, os dados referentes à indústria e ao mercado residencial apontaram para abrandamento da atividade, enquanto os relacionados com o consumo e com o mercado de trabalho continuaram a demonstrar resiliência. De facto, o consumo continua apoiado pela solidez do mercado laboral, no qual se observou uma criação líquida de 261 mil empregos em outubro e uma taxa desemprego historicamente baixa, a 3,7%.

Relativamente aos bancos centrais, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou a ata da reunião de outubro, na qual aumentou as taxas diretoras em 75 pontos base (p.b.). No documento, foi salientado que mesmo no caso de uma recessão suave, o conselho de governadores deveria continuar a aumentar a restritividade da política monetária, dado que este contexto não seria suficiente para reduzir a inflação para o objetivo. De notar que a leitura preliminar da inflação homóloga de novembro foi de 10,0%. Neste contexto, vários governadores declararam ser necessário aumentar as taxas de referência na reunião de dezembro, apesar de numa dimensão inferior à da última reunião (+50p.b. vs. 75p.b.), uma vez que esta magnitude continuava a ser suficientemente expressiva.

Nos EUA, a Reserva Federal americana (Fed) procedeu a um novo aumento de 75p.b. das Fed Funds (FF) para o intervalo [3,75% - 4,00%]. Conjuntamente, indicou que, apesar ser apropriado proceder a mais aumentos das FF, até atingirem um nível suficientemente restritivo para baixar a inflação, o ritmo teria em conta o efeito acumulado do endurecimento monetário e os desfasamentos temporais com que este afeta a economia e a inflação. Posteriormente, o presidente da Fed, num discurso, mencionou que a magnitude dos aumentos poderia diminuir na reunião de dezembro, dado que o mais importante é o nível máximo que as FF irão atingir neste ciclo de subidas.

Mercados Financeiros: novembro 2022

Na classe acionista foram observados ganhos na larga maioria dos mercados. No agregado de mercados desenvolvidos as maiores valorizações ocorreram no dos EUA, que atingiu máximos de 10 meses, e no europeu, ambos os mercados a beneficiarem da expectativa de moderação do viés restritivo dos principais bancos centrais da divulgação de resultados do 3ºT22, marcada por surpresas positivas. Relativamente aos mercados do bloco emergente, cuja apreciação foi mais expressiva, esteve em evidência o índice de referência para a China, suportado pelas notícias de flexibilização das medidas de controlo da COVID-19. Em oposição, pela negativa, salientaram-se as perdas do mercado brasileiro, reflexo das perspetivas de aumentos expressivos de gastos sociais ao longo dos próximos anos.

Os principais mercados de dívida pública valorizaram num contexto de forte quedas das taxas de juro, dinâmica para a qual, em semelhança à classe acionista, demostrou-se relevante a expectativa de diminuição do viés restritivo da autoridade monetária norte-americana, a par com a moderação nas principais métricas de inflação em algumas economias. Neste enquadramento, também a generalidade dos segmentos de dívida privada patenteou ganhos, beneficiado adicionalmente do estreitamento de prémios de risco.

A classe de matérias-primas valorizou, em função dos contributos de metais industriais e precisos, num período em que os segmentos de energia e de agricultura apresentaram desempenhos ligeiramente negativos. Em especifico, no agregado de metais industriais todos os componentes apreciaram, impulsionados por perspetivas de aumento da procura e constrangimentos na oferta. Pela positiva destacaram-se também os metais preciosos, influenciados pela depreciação do dólar, face às principais moedas globais, e quedas das yields. Em comparação, o segmento de energia averbou perdas, em resultado da desvalorização do petróleo e seus derivados.

No mercado cambial, destacou-se a desvalorização generalizada do dólar, tanto face às principais moedas dos países desenvolvidos como de emergentes. A título de exemplo, o índice dólar, um cabaz que compara a referida moeda face às moedas de 6 países desenvolvidos, desvalorizou 5,0%. Já o euro exibiu um perfil misto face às de desenvolvidos e de apreciação contra às de emergentes. Aliás, face ao dólar, apreciou mais de 5,0%.

No mercado monetário da AE, a taxa Euribor aumentou nos principais prazos de referência, a de 3 meses +27p.b. para 1,97%, a de 6 meses +28p.b. para 2,41% e a de 12 meses +20p.b. para 2,83%.

Nota: dados a 30 de novembro de 2022, as rendibilidades obtidas constituem performances totais, em moeda local ou de referência.
As rentabilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo garantia de rentabilidade futura. Fonte: Caixa Gestão de Ativos; informação publicamente disponível nos websites das seguintes entidades: BCE, Fed, OCDE, Eurostat, BEA, CE e US Census Bureau.

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Acesso Caixadirecta

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